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Alta do dólar muda roteiro de turistas, mas não cancela viagem

Especial para o UOL

13/01/2015 06h00

A alta do dólar está afugentando o turista brasileiro que pretende viajar ao exterior? Tenho respondido com frequência a esta pergunta, enquanto inflação e variação cambial se candidatam como os fantasmas para o mercado do turismo em 2015.

Não, os brasileiros não estão cortando as viagens de seus planos. É verdade, no entanto, que o consumidor tem demorado mais para se decidir. O turista busca por alternativas mais baratas ou facilitadas, optando por alterar o destino, diminuir a duração da viagem ou enxugar os produtos e opcionais do pacote final.

Muitos viajantes também estão passando a considerar deslocamentos mais curtos, para destinos na América do Sul ou para praias no Nordeste e no Rio de Janeiro. Na América do Sul, aliás, o Brasil pode se tornar em 2015 um destino muito acessível. Motivo: a alta do dólar também pesa para argentinos, chilenos e uruguaios.

Vejo 2015 como um ano para manter o “pé no chão”. O turista vai buscar alternativas, retardar a compra, mas não desistirá de viajar nas férias e feriados. Ponto positivo para o turismo doméstico, que ainda vive um ciclo de crescimento.

O Brasil deve fechar 2014 com 4,5% de aumento nas vendas de pacotes turísticos, no comparativo com 2013, segundo as projeções da Abav (associação de agências de viagens). Em novembro, a intenção de viajar dos brasileiros atingiu o maior índice do ano.

Opinião - Sylvio Ferraz - Edson Ruiz/Footpress - Edson Ruiz/Footpress
Vista da praia de São José, em Itacaré (BA); alta do dólar favorece turismo doméstico
Imagem: Edson Ruiz/Footpress

No resto do mundo, o ritmo seguirá moderado até 2030, mas as regiões emergentes devem somar mais 30 milhões de turistas nos próximos 15 anos. A maior demanda virá do público entre 18 a 30 anos, que pretende explorar o mundo com mais conectividade de forma customizada.

É o espelho do nosso futuro. As agências brasileiras precisam se adaptar e o e-commerce deverá ser reinventado no turismo, integrando plataformas física e digital. Imagine um mundo em que uma negociação iniciada na internet possa ser concluída na loja da agência, e vice-versa.

Outra tendência é incentivar os voos do meio da tarde ou dos finais de semana, quando há menor procura pelo “passageiro de negócios” (responsável por 60% das viagens de avião no Brasil). É nessa lacuna da oferta que valerá a pena concentrar esforços para estimular o turismo de lazer e para ocupar ainda mais os assentos dos aviões em 2015.

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