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Com novas sacolinhas, prefeitura tem que implantar coleta seletiva em toda a cidade

Especial para o UOL

14/02/2015 06h00

Estima-se que, atualmente, cerca de 750 mil sacolas plásticas sejam encaminhadas para os aterros sanitários todos os dias na cidade de São Paulo. A destinação correta do lixo orgânico, bem como de materiais recicláveis, tornou-se uma discussão prioritária no dia a dia da população, que convive – e sobrevive – em meio aos impactos ambientais gerados pelo descarte incorreto do lixo e daquilo que ainda pode ser reaproveitado.

Uma das alternativas anunciadas recentemente pela Prefeitura de São Paulo foi definir regras para que o comércio continue oferecendo as sacolas para seus consumidores, porém, em um formato padronizado. As “sacolas bioplásticas reutilizáveis”, assim denominadas, possuem único tamanho, com mesma espessura e capacidade, sendo confeccionadas com pelo menos metade de matéria-prima renovável, em duas cores: verde e cinza.

Depois de serem usadas para acondicionar as compras, a sacola verde deverá ser usada apenas para dispor os resíduos recicláveis, como embalagens, papéis, jornais etc. A cinza deverá dispor os materiais não recicláveis, como restos de comida, fraldas, esponjas de cozinha, bitucas de cigarro, entre outros.

A medida, caso seja efetivamente aplicada – e os resíduos (recicláveis ou não) coletados pela prefeitura e encaminhados às centrais de triagem e aos aterros sanitários, de acordo com o seu teor –, aproximadamente oito toneladas de plástico deixarão de ser enterradas diariamente. O trabalho dará, ainda, fomento à cadeia de reciclagem e à geração de renda a partir de novos negócios. Obviamente que se trata de uma alternativa positiva.

No entanto, cabem algumas questões que devem ser levadas em consideração para, justamente, garantir a eficácia da medida, a começar por custo e distribuição. Uma vez mais forte e resistente, o seu valor poderá ser elevado em relação às atuais sacolinhas disponíveis no mercado. É importante que haja um esclarecimento sobre a sua distribuição e se realmente o consumidor não terá de pagar a mais por isso.

Aliado a essas questões está, ainda, a transparência no processo de fiscalização. De que forma será feito o controle do que é descartado em prédios e condomínios? Onde o espaço é de uso comunitário e indiscriminado? Qual é a expectativa em relação ao pleno atendimento à necessidade de todos, já que será permitido apenas o uso de sacolas com um único tamanho e espessura?

A Prefeitura de São Paulo terá de propiciar a coleta seletiva para todos os moradores da cidade e ter condições de fazer a triagem de todo o material coletado, além de levar informações à população sobre a necessidade da segregação dos resíduos nos domicílios e a maneira correta de fazer o seu descarte.

Certamente, com a medida, a intenção é promover uma educação ambiental, o que reforça a importância de ser aplicada de forma organizada e transparente. Espera-se, realmente, que os consumidores paulistanos usem ao máximo a capacidade das sacolas – evitando, assim, o desperdício. Mas, para isso, há de se fazer valer os seus benefícios. Os estabelecimentos devem ter condições e prazos adequados para adaptação.

A população, por sua vez, deve compreender que mudanças de hábito serão inevitáveis para que futuras catástrofes ambientais não aconteçam. Ao governo, cabe a realização de ações que permeiem os pilares da sustentabilidade, bem como o diálogo com a sociedade, com o comércio e com representantes de órgãos do setor. A eficiência de qualquer iniciativa depende da ação conjunta das partes em prol de um mesmo objetivo, neste caso, o da luta pela preservação do meio ambiente.  

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