Ciclovia da Paulista se faz necessária e útil para a cidade
Hoje em dia ninguém sabe mais qual o motivo do congestionamento de São Paulo e, constantemente, ignoram a explicação diária da CET: “excesso de veículos”. Mas a criatividade não para e vão elegendo novos problemas para o trânsito. Eis que um dos mais atuais é a ciclovia da Paulista.
Engraçado que o problema é a ciclovia, e não a obra viária que, como todas as outras, geram transtornos. Então vamos analisar a necessidade de ter uma ciclovia na cidade e, em especial, na avenida Paulista.
A principal reflexão a se fazer para começar essa avaliação é entender para que serve uma ciclovia em uma cidade como São Paulo. Digo isso porque quando falamos em ciclovias muitos a entendem meramente como solução para mobilidade e ponto final. A verdade é que a bicicleta vai muito mais além do que um simples meio de transporte.
Para Bogotá, capital colombiana, o projeto de 340km de ciclovias na década de 1990 foi também uma solução para a segurança pública na cidade. Em Copenhague, na Dinamarca, a ciclovia representou pura economia - a cada quilômetro pedalado a cidade ganha o equivalente a R$ 0,70. Enquanto que para cada quilômetro percorrido por um carro, a cidade perde R$ 0,30.
Já no Brasil temos o exemplo de Sorocaba, que teve um prefeito médico impulsionando os 100km de ciclovias da cidade em prol da saúde e qualidade de vida dos cidadãos. Ou mesmo no Rio de Janeiro, que está implementando uma rede de ciclorrotas por todo o centro para se preparar para receber as Olimpíadas de 2016.
Essa miopia é natural a partir do momento que estamos em uma cidade onde as soluções são pensadas de forma linear, resolvendo um problema específico por vez. É a fluidez do trânsito ou maior policiamento, em vez de pensar em políticas públicas transversais, que atinjam todas as pastas e pautas locais, como a bicicleta faz de forma tão simples.
No caso da ciclovia da Paulista, em específico, há inúmeros motivos para ela existir. A Paulista é um polo econômico e cultural que peca pelo espaço para carros em detrimento das pessoas. Isso é nítido quando se observa os milhões de pedestres tentando trafegar pelas calçadas em horário de pico.
Para ciclistas não é diferente. Foi por essa falta de espaço que tivemos que nos despedir de duas amigas ciclistas que perderam suas vidas tentando fazer uma simples travessia por essa via.
E quando a ciclovia da Paulista ficar pronta, vai ter gente pedalando nela? Pode esperar que sim, mesmo que em proporções menores, devido ao fato óbvio de que a cidade está (ainda) muito mais preparada para receber mais carros do que bicicletas.
Ao mesmo tempo, tem o velho e real argumento de que políticas públicas não mudam uma cidade da noite para o dia, o que é verdade. No caso de Bogotá, a construção da ciclovia levou mais de uma década para colher resultados.
Por isso, qualquer estimativa de uso das ciclovias no momento é meramente especulação, que deve ser utilizada como base de comparação do crescimento que virá.
Dizem que dura 21 dias para nos adaptarmos a uma mudança em nosso dia a dia. Estou na contagem regressiva para ver mais esse ciclo de críticas passar e ver as “ciclos” chegarem para democratizar as ruas e humanizar os vazios dessa cidade. Aliás, o trânsito vai continuar parado, e você?
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