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Estatísticas públicas confiáveis são essenciais para o país

Especial para o UOL

12/07/2015 06h00

A história das estatísticas se confunde com a história dos tempos. Números dão concretude, quantificam e qualificam fatos, fenômenos, tendências, processos. Tornam-nos próximos, palpáveis, comparáveis e analisáveis. Desde a Antiguidade, saber quantas bocas teriam de ser alimentadas e quantos braços havia para trabalhar e lutar era estratégico.

Mas foi a partir do surgimento das primeiras democracias, com a ampla divulgação para a sociedade e a apropriação por ela das informações estatísticas, que estas deixaram de ser o “espelho do príncipe” e se converteram em um espelho da nação para a nação. Isto é, tornaram-se um instrumento de reconhecimento e de exercício da cidadania.

O princípio de que a produção e divulgação de estatísticas públicas com transparência e rigor metodológicos, consistência técnica e independência política é fundamental ao conhecimento da realidade do país e da busca constante pelo desenvolvimento norteia a atuação do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde a sua criação. E no momento em que começa a se preparar para celebrar 80 anos, em maio de 2016, o instituto reforça esse compromisso.

Projetos importantes, como a revisão do Sistema de Contas Nacionais, que calcula o PIB do país, vêm sendo implementados com o objetivo de representar cada vez melhor as rápidas e constantes transformações da economia e da sociedade. Para retratar com maior precisão o Brasil e suas realidades regionais diversas, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua passou a produzir, pela primeira vez, resultados conjunturais do mercado de trabalho para todas as 27 unidades da federação. A pesquisa dá aos Estados informações para o acompanhamento, avaliação e elaboração de políticas públicas, para as decisões e negociações trabalhistas e para a implementação de ações voltadas à geração de emprego e renda.

O projeto “Mudanças da Cobertura e Uso da Terra”, na área de geociências, vai, a cada dois anos, mapear e contabilizar, em termos físicos, as alterações causadas pela ação humana em todo o território nacional. Também na área ambiental, o IBGE é o representante do Mercosul no grupo internacional de especialistas envolvido na formulação de indicadores internacionais para avaliação e acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que irão compor a agenda mundial de desenvolvimento pós-2015.

A relevância nacional e internacional do trabalho do IBGE se expressa na realização, neste ano de 2015, no Rio de Janeiro, da 27ª Conferência Mundial de Cartografia (ICC 2015) e do 60º Congresso Mundial de Estatística (ISI 2015). Este último, organizado pelo Instituto Internacional de Estatística (ISI), volta a ocorrer no Brasil após 60 anos, tendo o IBGE como anfitrião e reunindo alguns dos maiores especialistas mundiais para discutir uma pauta que vai das questões ambientais às de gênero, passando por temas como corrupção, trabalho e rendimento, desigualdade social, turismo e esporte. Ao final do congresso, teremos pela primeira vez um pesquisador do IBGE presidindo o ISI, uma das mais importantes instituições estatísticas internacionais.

Assim, o IBGE busca superar desafios e completar 80 anos como uma instituição relevante para o povo brasileiro, cumprindo o destino traçado por seu fundador, Augusto Teixeira de Freitas (1890-1956), no discurso de criação do instituto, em 1936: ser uma "obra de relojoaria" de alta precisão. Para “efetuar todas as medidas de extensão, de profundidade e de peso, e a determinação de todos os tensores da complexa realidade de constituição, de vida e de ambiente em que se move a nação”.

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