Governo Dilma será lembrado por sua queda na corrupção
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, rompeu com o governo de Dilma Rousseff. É fato que, desde que Cunha foi eleito para a presidência da Câmara, o Congresso vinha aprovando pautas nada interessantes para o Palácio do Planalto.
Mas tê-lo como inimigo torna a situação muito mais perigosa para Dilma: se Cunha quer ser oficialmente um opositor do governo, ele não quer mais barganhar, e se não quer mais barganhar, não tem mais motivo para guardar suas armas. E a arma que possui o maior calibre hoje é o impeachment da presidente Dilma.
No dia 24 de abril de 2015, vinte pessoas, entre integrantes e apoiadores do Movimento Brasil Livre, partiram a pé de São Paulo rumo a Brasília. A caminhada foi de mais de mil quilômetros e seus participantes aguentaram 33 dias debaixo de sol e de chuva, realizando resgates e sofrendo acidentes.
Seu objetivo era inspirar a população brasileira a continuar com o trabalho de oposição civil, que começou com o protesto de 1º de novembro de 2014 e havia culminado nas gigantescas manifestações nacionais dos dias 15 de março e 12 de abril, protocolando o ainda desacreditado impeachment de Dilma.
Esse impeachment foi embasado em pareceres de juristas como Ives Gandra Martins, Modesto Carvalhosa, Adilson Dallari e em mais de dois mil documentos do Tribunal de Contas de União. O que o diferencia dos outros pedidos são justamente esses documentos, que comprovam que o governo Dilma Rousseff de fato utilizou-se do artifício que ficou conhecido como “pedaladas fiscais”, no qual o Tesouro Nacional atrasou repasses para bancos e autarquias para maquiar as contas federais. As pedaladas são um fato. Vale ressaltar que, independentemente da conclusão do TCU sobre as contas de Dilma, o Congresso é soberano para decidir se a presidente pode ou não ser afastada por causa delas.
E o que torna o impeachment tão provável é a matemática. Segundo o Ibope, a aprovação de Dilma está em apenas 9%. Além disso, uma pesquisa realizada pelo Datafolha antes das manifestações do dia 12 de abril aponta que mais de 60% da população apoia o impeachment da presidente. Esses dois números, somados a um presidente da Câmara que está numa guerra declarada contra o Palácio do Planalto, tornam difícil a permanência de Dilma no poder.
O último número do qual precisamos são os dois terços da Câmara dos Deputados. Teríamos esse número? A corretora japonesa Nomura avaliou que a chance do impeachment acontecer estava entre 20% e 25%, antes do rompimento de Eduardo Cunha – uma das maiores rupturas institucionais da história do país. Agora, estima-se que esse número tenha dobrado.
Além disso, na eleição para a presidência da Câmara, o candidato do governo, Arlindo Chinaglia, obteve 136 votos – ou seja, esse é o número de deputados que é realmente fiel ao Palácio do Planalto. Mas, para barrar a abertura de um processo de impeachment, 172 deputados são necessários.
Outro ponto é que, no auge da crise de seu governo, Collor tinha o mesmo índice de aprovação que a nossa presidente tem hoje. Pois é, meus amigos, parece que o governo que se construiu no discurso da “honestidade” será lembrado justamente por sua queda na corrupção. Espero vocês no dia 16 de agosto, no nosso encontro com a história.
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