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Crise deixa indústria de máquinas em situação hedionda

Especial para o UOL

29/07/2015 06h00

A atual crise econômica que se abateu sobre o país tem produzido efeitos imensuráveis sobre o setor de máquinas e equipamentos que, como todos sabem, já vinha, há décadas, sofrendo com a falta de competitividade.

Em função da crise econômica e política, a situação da indústria vem se agravando. A falta de sinalização, por parte do governo, sobre um plano de retomada da economia e dos investimentos, todas as incertezas que circundam o tal ajuste fiscal e a falta de perspectivas no curto prazo geram um cenário de insegurança que jogam a economia ainda mais para baixo, em uma espiral negativa que ninguém sabe aonde vai chegar.

Para a indústria de máquinas e equipamentos, a situação já pode ser considerada hedionda. As empresas do setor já não conseguem mais cumprir os seus compromissos básicos, como o pagamento de impostos. O setor já acumula cerca de 25 mil demissões nos últimos 12 meses e a tendência é de que outras milhares de demissões ocorram nos próximos meses.

A situação certamente se agravará por conta da recente medida aprovada pela Câmara dos Deputados, que, se for aprovada pelo Senado, acaba com a desoneração da folha de pagamento, pois elevará, ainda este ano, a alíquota de 1% para 2,5% sobre o faturamento. Cabe ressaltar que a desoneração da folha e o PSI-Finame eram as duas únicas medidas capazes de minimizar a perda de competitividade da indústria nacional frente aos concorrentes internacionais.

Diante desse cenário tão pessimista e tendo em conta todos os equívocos cometidos pelo governo – que não apresenta saídas para o país através do incentivo ao investimento e, consequentemente, do estimulo à atividade industrial – a diretoria da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) decidiu por estruturar um grupo de trabalho de gestão da crise.

Em primeira reunião, realizada em 24 de junho, com presença maciça de toda a diretoria da entidade, o grupo discutiu sobre a viabilidade de implementar ações ainda mais contundentes, que possam contribuir para pressionar o governo e chamar a atenção da sociedade para todos os equívocos que vêm sendo cometidos no âmbito da política econômica.

Dentre as ações discutidas, o grupo avaliou a possibilidade de, coletivamente, a indústria parar de pagar impostos e recolhê-los em juízo. A medida foi desaconselhada, por ora, pelo departamento jurídico da entidade, uma vez que pode ser considerada desobediência civil. Outra medida discutida, mas também não aprovada no momento, foi o fechamento por um dia de todas as fábricas em todo o país. O jurídico da entidade avaliou que tal decisão poderia ser considerada locaute, o que é proibido pela legislação.

As medidas aprovadas foram a realização de uma grande mobilização de rua, em todas as capitais do país, a ser realizada conjuntamente por empresários e trabalhadores, e a publicação de um manifesto em favor da indústria e do emprego.

O momento é gravíssimo e não vamos medir esforços para tentar reverter este cenário tão desfavorável à indústria e ao emprego. Se o caminho é ir para as ruas, nós iremos, de mãos dadas com os trabalhadores. Lutaremos até o último suspiro, mas não abriremos mão de sonhar e brigar por um país industrializado, que gera tecnologia, inovação e, principalmente, empregos que pagam bons salários!

Vamos todos juntos para as ruas, em defesa da indústria e do emprego!

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