Topo

Dilma não chefia mais o país, e sua gestão não suportará até 2018

Especial para o UOL

08/09/2015 06h00

A gestão da atual presidente está insustentável, não suportará até 2018. Uma visão pessimista? Não. Realista.

Uma realidade construída com base nas notícias e nas denúncias constantes que, para mim, se tornaram o maior escândalo da política contemporânea do nosso país. Escândalo cuja raiz é a corrupção endêmica decorrente da promíscua relação entre os Poderes Executivo e Legislativo e o aparelhamento perverso que o Partido dos Trabalhadores e seus aliados promoveram no governo federal e nas suas principais empresas estatais.

Infelizmente, estamos vendo que o que era pra ser um projeto de governo, na verdade era, e ainda é, um projeto de poder. O saque dos cofres públicos passou a ser rotina dos agentes públicos. As delações dos acusados – já feitas à Justiça através da Operação Lava Jato – surpreendem a todos pelo volume de dinheiro envolvido e pela forma natural como aconteciam.

Cabe a todos os acusados se defenderem. O que não cabe é usar o cargo a favor dessa defesa, como vem fazendo o atual presidente da Câmara dos Deputados, senhor Eduardo Cunha, na sua estratégia para rebater as sérias acusações que lhe pesam. O trabalho e a atuação, dos que como eu compõem a Câmara, não podem ser colocados em xeque ou sofrerem qualquer tipo de pressão por quem tem sede de poder.

Pressões essas que pesam inclusive sobre os que hoje coordenam a Lava Jato. A essas pessoas é preciso, na verdade, dar tranquilidade e respaldo para que o trabalho continue. Os responsáveis pelo maior escândalo de corrupção da história desse país precisam ser punidos, estejam eles nas maiores empresas privadas do Brasil, no Congresso Nacional ou no Palácio do Planalto.

Não se sustenta nem se tolera mais as mentiras ditas em nome da “normalidade política, jurídica ou econômica”, usadas principalmente pelos membros do Poder Executivo, que sequer reconhecem os erros cometidos. Falta seriedade e competência no Palácio do Planalto.

Com os indicadores sociais caindo e os pressupostos econômicos desajustados, o governo lança mão de mentiras para justificar a crise que estamos passando. A principal delas é continuar atribuindo o que estamos vivendo em nossa economia a fatores externos e imprevisíveis.

Quando decide anunciar alguma ação prática, o governo demonstra de forma muito clara como está perdido e atuando sem qualquer planejamento. Um exemplo dessa atuação desordenada foi o anúncio do corte de ministérios e cargos. Divulgado há poucos dias como uma decisão bastante estudada e analisada, não foi dito com clareza até agora onde serão os cortes e quanto em economia eles irão representar. E a justificativa para não explicar foi de que o assunto está aberto a diálogo e contribuições.

Eu não acredito nisso. Essas respostas não foram dadas ainda pelo simples fato de que o governo não sabe. Está tudo sendo visto sem planejamento e a toque de caixa. Muito mais para dar uma satisfação à população do que propriamente para fazer, nesse caso, um dever de casa que há muito deveria ter sido executado, que é o corte de despesas.

No entanto, o povo está atento a isso. Na verdade, a população espera e precisa bem mais que o corte de despesas. Todos gostariam de reconhecer a autoridade e a competência de quem deveria governar o país. Porém, hoje isso não é mais possível.

Uma gestão insustentável

A atual presidente não chefia mais o Brasil. Ela tenta gerenciar as crises sistemáticas que estão acontecendo. Sempre correndo atrás dos fatos, quando não desfazendo seus próprios atos. Um exemplo disso envolveu a volta da CPMF. Do anúncio da possível volta do imposto até o seu descarte, não se passou uma semana.

Infelizmente, esses desacertos e desencontros são o mínimo que se pode esperar de uma presidente que, mesmo diante do cenário econômico desastroso que vivemos, tem a coragem de vir a público dizer que não sabia a real dimensão da crise que estamos passando.

É mais uma mentira. Ela conhecia e sempre soube do buraco que estava cavando. Mas, em nome do projeto de poder do qual faz parte, virou as costas para a realidade e seguiu dentro do seu mundo de faz de contas. Mundo esse que ela não consegue mais sustentar. Nem em seus sonhos.

A dureza da realidade, que traz consigo a inflação, o desemprego e a recessão, não mais bate em sua porta. Ela já reside dentro do Palácio do Planalto. A crise está lá dentro. E vai piorar. Não, não chegamos ao fundo do poço. Ainda.

Acho difícil termos a atual presidente no comando do país nos próximos anos da sua gestão. As condições necessárias para seu governo caminhar já não existem mais. A renúncia é algo difícil de acontecer? Sem dúvida. Mas na política nada é impossível.

  • O texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
  • Para enviar seu artigo, escreva para uolopiniao@uol.com.br