Agenda da Cop 21 traz oportunidades para o país
Com a proximidade da COP 21 (conferência da ONU sobre mudança do clima) –que será realizada de 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris–, o recente anúncio brasileiro de que as fontes renováveis, além da geração hidráulica, deverão alcançar de 28% a 33% da matriz energética abre espaço para os biocombustíveis, a energia solar, eólica e a gerada a partir da biomassa (como bagaço e palha de cana e eucalipto). Trata-se de algo importante para o nosso país, que tem grande potencial nesse sentido e reduz-se a pressão por térmicas a diesel e carvão.
Apesar de as fontes renováveis, em 2014, representarem 39,4% da matriz energética, incrementá-las acima de 50% exige diversificar e aumentar a geração de renováveis, não sendo contabilizadas as hidrelétricas. Isso requer o uso de novas tecnologias para que a indústria seja cada vez menos intensiva em carbono, tornando-se, portanto, mais competitiva. Ou seja, a meta da inovação deve ser um foco prioritário para o país.
Outro desafio enorme é acabar com o desmatamento ilegal. É preciso enfatizar que o alcance desse objetivo exige a regularização fundiária, especialmente na Amazônia, a redução da pobreza, a criação de alternativas de emprego e renda para as populações que vivem nas florestas e o combate à exploração ilegal de madeira, à grilagem e à agricultura ilegal.
Em paralelo, a restauração da vegetação nativa, alavancada pela regularização das propriedades rurais à luz do Código Florestal, deve ultrapassar os 12 milhões de hectares, podendo chegar a 25 milhões. Dependerá, contudo, de investimentos de R$ 84 bilhões a R$ 200 bilhões, e o grande desafio é viabilizar esse dinheiro.
Deve-se enfatizar que a restauração e a manutenção da vegetação nativa compõem uma agenda relevante da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC). Trata-se da “Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação” (REDD plus). Produtores, cadeias produtivas, governos, ONGs e setor financeiro são atores que devem atuar nesse esforço.
O Brasil terá agenda intensa pós-COP 21. Acredito que os pontos prioritários do cronograma a ser seguido sejam os seguintes: entre 2016 e 2019, precisamos reformular a Política Nacional de Mudança do Clima, incentivar mudanças tecnológicas, promover a substituição de fontes de energias fósseis por renováveis, fomentar reduções de emissão custo-eficientes e incentivar a adoção em larga escala de ações de baixo carbono na agricultura.
Entendemos, ainda, que um novo acordo climático global apresentará oportunidades a todas as nações e ao Brasil, em particular, considerando a imensa capacidade do nosso país quanto à produção de energias renováveis, biodiversidade, reservas hídricas e recursos naturais.
São ótimas oportunidades, que não devemos desperdiçar, de inovação para a indústria, embasadas em conceitos convergentes com as exigências dos cidadãos e do mercado consumidor quanto à produção ambientalmente correta.
Espera-se que a COP 21 aponte novos rumos e contribua para um modelo de desenvolvimento justo e sustentável. Esta seria a melhor resposta aos anseios da humanidade e à encíclica do papa Francisco, intitulada “Louvado sejas — sobre o cuidado com a casa comum”, a Terra de todos nós!
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