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'Orçamento humano' de Porto Alegre vale mais do que o financeiro

Especial para o UOL

30/09/2016 06h00

As pessoas vivem nas cidades. Logo, governar a cidade é, sobretudo, governar para as pessoas. Essa premissa não é nova e nem é minha, mas de Jan Gehl, que escreveu o consagrado “Cidade para Pessoas”. Por mais óbvio que pareça, esta afirmação ficou um pouco distante do imaginário político nos anos 1980 e 1990, quando se pensava muito no fator concreto e pouco no fator humano.

Neste sentido, mais do que o orçamento financeiro de uma cidade, o que vale é o orçamento humano, a soma de todas as forças que compõem a polis. Não só governo, não só empresas, não só entidades civis, não só universidades, não só coletivos urbanos. Neste pleito, o fator humano recuperou o protagonismo que nunca deveria ter perdido.

Nas eleições deste ano, o foco em Porto Alegre é menos nas grandes obras e mais nas pequenas ações. E cuidar das pequenas tarefas cotidianas só é possível com um processo de cooperação, solidariedade e boa convivência. Deixamos isto muito claro em nossa carta-compromisso, ao defender as conquistas dos que nos antecederam. “Por isso, uma cidade é fundação e transformação, continuidade e mudança. Sem o reconhecimento dos fundadores e de suas obras, não há pertencimento. Sabemos disso, porque amamos o mercado público e degustamos a rua da Praia. De igual maneira, não há futuro, conforto, curiosidade e aprendizado sem inovação e mudanças”.

Agora, cabe lembrar que este processo de amadurecimento político tem acorrido nos últimos 12 anos, a partir de um projeto liderado pelos prefeitos José Fogaça e José Fortunati, que fizeram Porto Alegre novamente se tornar alegre. Nos primeiros anos do governo Fogaça foi “estancada a sangria” financeira que condenava a capital gaúcha ao ostracismo com relação a projetos futuros.

Quando ele assumiu a prefeitura, depois de 16 anos de administração petista, Porto Alegre não tinha crédito para investir em obras importantes. Adiante, Fortunati pôde concluir obras estruturais que a cidade almejava havia 40, 50, 60 anos, utilizando a Copa para atrair investimentos. O foco agora, quando assumo a responsabilidade de dar mais quatro anos para este projeto exitoso, é pensar em arrumar o que falta: as pequenas questões do cotidiano –qualificar os serviços básicos, os espaços de convivência e garantir maior segurança.

Para tanto, focamos na perspectiva de uma cidade que evolui pelo diálogo (e o Orçamento Participativo é a prova disso) e pela solidariedade entre os cidadãos. Se hoje temos uma série de políticas eficazes e eficientes, como a solução das crianças em situação de rua, com reconhecimentos como o Prêmio Prefeito Amigo da Criança; ações concretas para a população mais idosa, com o reconhecimento de Cidade Amiga do Idoso da Organização Mundial da Saúde; e com políticas ambientais e de inclusão social que reconhecem a cidade como Cidade Resiliente pela Fundação Rockfeller, isso se dá pela responsabilidade que a atual gestão tem com os que mais necessitam. E tudo isso feito com transparência.

A conquista dessas distinções é resultado da busca constante de soluções para as sequelas do crescimento urbano e os compromissos para mitigar seus efeitos. Elaborar alternativas viáveis, no entanto, é tarefa complexa e multifacetada que requer capacidade de adaptação.

A omissão do Estado e da União no encaminhamento de soluções urgentes para as grandes metrópoles fez do exercício da administração um desafio permanente, que exige criatividade, diálogo e aperfeiçoamento de ferramentas consagradas. Mecanismos que se mostraram eficientes por décadas carecem, hoje, de modernização.

Auscultar a população a fim de detectar suas necessidades cobra do administrador convivência diuturna junto à comunidade. O cotidiano do prefeito não se restringe à análise de relatórios ou à participação de reuniões com o secretariado. “Estar na rua” deixou de ser figura de retórica para se incorporar à agenda diária.

O protagonismo de Porto Alegre, conquistado pela marca registrada da participação popular, constitui patrimônio de valor inestimável. O diálogo multifacetado, amplificado pelo debate apaixonado das mais diversas causas da cidade, refletem uma vocação desenvolvida pelo exercício da democracia patrocinada por grupos sociais das mais variadas matizes.

E esta nova forma de fazer política foi identificada pelo eleitor, que está arredio à política, mas reconhece os avanços e os limites da administração pública. A demagogia perdeu espaço, e as campanhas exitosas serão aquelas que dialogarão de maneira franca com o eleitor, e esta tem sido a forma de trabalhar de todos que constituem a Coligação Abraçando Porto Alegre.

N.R.: O UOL convidou para escrever artigos os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre mais bem posicionados na pesquisa Ibope de 23 de setembroSebastião Melo (PMDB), Nelson Marchezan Júnior (PSDB), Raul Pont (PT) e Luciana Genro (PSOL)

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