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É possível derrotar o PMDB no segundo turno e mudar Porto Alegre

Especial para o UOL

30/09/2016 06h00

As eleições municipais deste ano no Brasil apresentam uma oportunidade histórica de fortalecimento de um terceiro campo político, um campo que resgata as bandeiras mais generosas da esquerda e que impõe uma barreira ao avanço das propostas reacionárias do governo ilegítimo de Michel Temer. Esse campo se expressa na força do PSOL em cidades importantes como Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belém e São Paulo.

Em Porto Alegre, temos a oportunidade de reverter um ciclo de desmonte dos serviços públicos e de inaugurar uma outra forma de relação entre o poder público e a sociedade. Estamos disputando voto a voto para ir ao segundo turno, já que todas as pesquisas demonstram que há um empate técnico na disputa por uma vaga no segundo turno. Mesmo com todas as desigualdades no tempo de televisão, em que temos apenas 12 segundos, seguimos fortes!

A lei de Cunha, sancionada por Dilma, fez o PSOL praticamente sumir do horário eleitoral, ao diminuir ainda mais o tempo de TV. Porém, no segundo turno a disputa será de igual para igual, teremos tempo para apresentar nossas propostas e poderemos vencer.

Eu construí um programa de governo com muita seriedade, ao longo de um ano inteiro de debates sobre a cidade. Fiz reuniões com trabalhadores, usuários dos serviços públicos e especialistas; estive em todas as regiões de Porto Alegre, percorrendo bairros e vilas em encontros com moradores e lideranças comunitárias; participei de atividades de discussão programática sobre segurança pública, assistência social, moradia, saúde, políticas para as mulheres e para a população LGBT.

Nosso programa foi construído a muitas mãos, em uma articulação de encontros presenciais com a participação virtual através de uma plataforma na internet chamada “Compartilhe a Mudança”, em que a população poderia deixar propostas para as mais diversas áreas temáticas e para cada bairro da cidade, sem nenhum tipo de mediação. O resultado desse esforço coletivo e colaborativo foi um programa com quase 200 páginas e mais de 300 propostas concretas. Um programa pé no chão.

Chamo a atenção para uma proposta que é especial para mim. Sou a única candidata mulher à Prefeitura de Porto Alegre. Fui mãe com 17 anos, sei o quão importante é para uma mulher o pleno desenvolvimento de sua autonomia e a garantia de que seus filhos serão bem cuidados. Por isso, construí um projeto de inclusão e empoderamento para todas as mulheres chefes de família que estão desempregadas. Se eu for prefeita, quero criar, nos primeiros dias de governo, o Programa Dignidade de Mulher para Mulher, assim garantindo trabalho e renda para as mulheres chefes de família desempregadas.

Muitas mulheres nessas condições foram abandonadas por seus ex-companheiros e não têm condições de sustentar sua família ou então estão submetidas a um ciclo de violência doméstica e abusos, pois dependem financeiramente dos companheiros. Esse programa irá dar condições econômicas para que elas tenham autonomia e para que recebam uma oportunidade profissional.

A bolsa no valor de um salário mínimo virá acompanhada de um auxílio alimentação de R$ 15 ao dia e de uma cesta de alimentos no valor de R$ 100. Os benefícios estarão condicionados à assiduidade das participantes no trabalho e no programa de qualificação.

Durante quatro dias por semana, elas prestarão serviços à prefeitura –sob a supervisão de servidores públicos– em áreas como zeladoria de prédios, espaços e equipamentos públicos e apoio administrativo em órgãos municipais. Também poderão atuar em escolas, em creches próprias ou conveniadas e ainda no atendimento a idosos e na cadeia de reciclagem de resíduos sólidos. Além disso, um dia por semana será destinado a cursos de capacitação profissional, possibilitando que elas tenham uma formação que lhes permita conseguir uma posição no mercado de trabalho.

Vamos financiar esse programa com o corte de 70% dos cargos de confiança da prefeitura, que consomem cerca de R$ 100 milhões ao ano. Também faremos um duro combate à corrupção, que certamente irá garantir que muitos recursos de desvios permaneçam nos cofres públicos.

Eu tenho 30 anos de vida pública e as mãos limpas. Chegou a vez de demonstrar, na prática, que tudo que sempre defendi ao longo da minha trajetória política pode ser aplicado em um governo, a partir da Prefeitura de Porto Alegre. Estou preparada para ser prefeita e fazer um governo sem roubalheira, voltado às necessidades de quem mais precisa.

N.R.: O UOL convidou para escrever artigos os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre mais bem posicionados na pesquisa Ibope de 23 de setembroSebastião Melo (PMDB), Nelson Marchezan Júnior (PSDB), Raul Pont (PT) e Luciana Genro (PSOL)

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