Alvaro Dias diz que tentará acabar com reeleição: "não deu certo"

Do UOL, em Brasília e no Rio

Em sabatina promovida por UOL, Folha e SBT nesta segunda-feira (7), o pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, o senador Alvaro Dias (PR), disse que, se eleito, tentará acabar com a possibilidade de reeleição.

"Sim [acabaria com a reeleição]. Acho que essa instituição da reeleição não deu certo. Temos de alcançar uma maturidade política para voltarmos a discutir o instituto da reeleição. Foi um mal, não deu certo. Não concordo, mudaria", afirmou.

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O cenário mais provável para acabar com a reeleição, implementada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), seria por meio de uma reforma política, disse. Para tanto, Alvaro Dias informou que instituiria uma comissão de especialistas não membros do Congresso Nacional para elaborar o projeto. Segundo ele, sem a participação direta dos políticos, não haveria um espírito corporativista. O projeto seria subscrito pelo presidente da República.

Desde a aprovação da emenda constitucional em 1997 que permitiu a candidatura de presidentes, governadores e prefeitos a um único mandato subsequente, se reelegeram ao Palácio do Planalto o próprio Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). O atual presidente da República, Michel Temer (MDB), diz cogitar disputar o pleito de outubro deste ano.

Na avaliação do pré-candidato, o atual sistema político é "um monstro" que faz os parlamentares serem reféns dele. "O sistema que temos é a fábrica dos escândalos de corrupção", disse. "Elaboramos as leis supostamente para o bem. No entanto, elaboramos mal, ou interpretamos mal ou não cumprimos a legislação."

O senador também foi questionado sobre o auxílio-moradia concedido a juízes e procuradores e defendeu a eliminação do que chamou de "penduricalhos".

"Eu sou favorável a uma remuneração condizente. Remunerar bem um magistrado não é despesa, é investimento, porque certamente nós teremos um retorno extraordinário. Mas é preciso eliminar esses penduricalhos. Nós temos que ser transparentes", declarou.

Alvaro Dias diz que deve gastar R$ 100 mil do próprio bolso na campanha

Verbas para políticos

Questionado pelo chefe de reportagem do UOL Notícias, Diogo Pinheiro, sobre por que não abriu mão da verba destinada ao seu gabinete de senador para compra de passagens aéreas, Dias afirmou que não poderia fazê-lo porque seu salário -- R$ 33.763 (bruto)-- não seria suficiente para pagar os deslocamentos necessários durante todo o seu mandato, mas passou a defender o fim de privilégios das autoridades e exaltar a própria trajetória.

O senador disse que candidato que chega dizendo que "quer acabar com os privilégios" tem que ser questionado mesmo, e disse que é o único ex-governador do Paraná a ter abdicado da aposentadoria especial referente ao cargo, que segundo ele equivaleria a R$ 11 milhões, até o momento.

Além disso, contou que como senador economia mais de R$ 50 mil por mês, porque não recebe auxílio-moradia e nem usa parte da verba de gabinete a que tem direito. "Isso é uma exceção à regra", afirmou, acrescentando que quando as autoridades são privilegiadas a República se parece mais com o Império.

STF não resolveu a questão do foro; Congresso precisa legislar

Questionado sobre o foro privilegiado, que foi restrito na semana passada por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), disse defender a prerrogativa apenas para o presidente da República, da Câmara e do Senado. Na avaliação de Dias, o posicionamento do Supremo não resolveu o caso, mas o pré-candidato não se aprofundou em uma possível solução.

"Só não chegamos agora [a essa situação ideal, ao seu ver] porque a Câmara deveria ter votado até agosto, setembro. Em razão do bom número de parlamentares investigados na operação Lava Jato, certamente houve muita leniência, muita paciência. Houve a estratégia da postergação para não apanhá-los ainda nesse processo eleitoral em curso. Teríamos um espaço maior para a renovação na política se o foro já tivesse acabado, porque alguns ou muitos [políticos] não disputariam essa eleição", declarou.

Indagado sobre a manutenção do programa social Bolsa Família, Alvaro Dias disse não ser possível abrir mão dele se "nós estamos nessa pobreza imensa". Ele falou que há problemas no programa, como desperdícios e desvio de finalidade e recursos, mas afirmou não ser "despesa, mas investimento numa fase preparatória para inserção no mercado de trabalho" dos beneficiários.

Defesa de reforma da Previdência

O senador também foi questionado sobre temas econômicos, como as reformas da Previdência e tributária. Dias afirmou que a proposta feita pelo governo do presidente Michel Temer (MDB) pode ser utilizada "com ajustes".

Alvaro Dias defende idade mínima para se aposentar

Temer tentou aprovar uma reforma da Previdência, mas o projeto está parado na Câmara por falta de votos.

Alvaro Dias se declarou favorável à redução da idade mínima para recebimento da aposentadoria e à equiparação dos regimes dos setores público e privado.

"Há de se discutir entre as partes [sobre a idade mínima], mas, evidentemente, essa proposta que está na Câmara pode ser utilizada com alguns ajustes ali. Essa que não passou, que emperrou. [...] A questão da idade dá para assimilar o que está na proposta", disse. O projeto original apresentado pelo governo Temer previa idade mínima de 65 anos para homens e mulheres.

Carine Wallauer/UOL
O senador Alvaro Dias (Podemos-PR), pré-candidato à Presidência da República, é sabatinado por jornalistas do UOL, Folha de S. Paulo e SBT

Segurança pública

Dias também falou sobre algumas propostas para a área de segurança pública e defendeu que os brasileiros tenham direito ao porte de arma.

O senador afirmou que uma intervenção como a decretada pelo governo federal na segurança pública Rio de Janeiro não resolve o problema de violência no Brasil.

"O Exército não quer isso, não é esse o papel dele", comentou, referindo-se à falta do poder de polícia dos militares.

O presidenciável também defendeu o direito da população brasileira ao porte de arma, apesar de admitir que isso não levaria à diminuição da violência no país.

Ele atribuiu sua posição ao resultado do referendo de 2005 sobre o desarmamento, no qual a maioria da população votou favorável ao comércio de armas.

Sabatinas com pré-candidatos à Presidência começam nesta segunda

Na sabatina, Dias foi entrevistado pelos jornalistas Diogo Pinheiro, chefe de reportagem do UOL, Fernando Canzian, repórter da Folha, e Carlos Nascimento, âncora do SBT. 

Foram convidados os seis candidatos à Presidência mais bem colocados na pesquisa Datafolha divulgada em 16 de abril. Com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera a pesquisa, Alvaro Dias, o sétimo colocado no levantamento, foi convidado.

Segundo pesquisa do instituto Datafolha do último dia 15 de abril, Dias tem entre 3% e 5% das intenções de voto, dependendo do cenário.

No próximo dia 11 de maio, acontece a sabatina com a pré-candidata Marina Silva (Rede).

No dia 21 de maio, será a vez de Ciro Gomes (PDT).

Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL) ainda não confirmaram a data de participação. Joaquim Barbosa (PSB) ainda não confirmou a pré-candidatura.

Veja íntegra da sabatina com Alvaro Dias

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