Pré-candidatos dizem lamentar e respeitar decisão de Barbosa

Gustavo Maia, Hanrrikson de Andrade, Paula Bianchi e Luís Adorno

Do UOL, em Niterói (RJ) e São Paulo

O anúncio do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa de que desistiu de disputar a Presidência na eleição deste ano, divulgado na manhã desta terça-feira (8), repercutiu entre seis pré-candidatos à Presidência que participam de um encontro com prefeitos em Niterói (RJ). Todos disseram lamentar, mas afirmaram respeitar a decisão do ex-ministro.

Barbosa anunciou a decisão em sua conta pessoal do Twitter. "Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a Presidente da República. Decisão estritamente pessoal", escreveu.

O ex-ministro nunca disputou uma eleição, mas ganhou notoriedade após o julgamento do mensalão no STF, em 2012. Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 15 de abril, Barbosa oscilava entre 9% e 10% das intenções de voto nos cenários em que era citado, variando entre a terceira e a quarta posição.

Na parte da manhã, participaram do evento no Rio os pré-candidatos Rodrigo Maia (DEM), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Afif Domingos (PSD), Manuela D'Ávila (PCdoB), Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos). Ciro Gomes (PDT), Aldo Rebelo (SD), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Paulo Rabello (PSC) falaram à tarde. O PT informou que não se manifestaria.

Todos eles falaram sobre a desistência de Barbosa, que não foi ao evento porque não havia confirmado sua pré-candidatura pelo PSB, sigla em que está filiado.

Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Flávio Rocha (PRB), convidados para o evento, oficializaram respostas afirmando que não estariam presentes por outros compromissos. O regulamento da reunião vetou representantes. O PT enviou à organização uma carta escrita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Veja, abaixo, o que disseram os pré-candidatos sobre a desistência de Joaquim Barbosa:

Geraldo Alckmin

Para Alckmin, ex-governador de São Paulo, a desistência de Barbosa "é uma perda". "Nós precisamos de novas lideranças, de maior participação. É um homem preparado, com serviço prestado ao Brasil. Mas é uma decisão dele, não sei se é definitiva. Mas se não for desta forma, prestará serviço ao Brasil de outra maneira. Tenho total respeito", disse.

Marina Silva

A pré-candidata Marina Silva afirmou respeitar a desistência de Barbosa. "É a nossa democracia, em que as pessoas escolhem. E que bom que é assim. Nosso processo eleitoral está muito no início. Precisamos ver todo o desdobramento. A minha candidatura segue porque não está na dependência das outras candidaturas", disse.

Chegou a ser ventilado uma possível chapa Marina-Barbosa. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou não ter plano B por enquanto. O partido deve analisar se apoia um candidato que já está no cenário ou se lança um outro nome.

"Temos sim um espaço de diálogo com todos os partidos que caminharam juntos em 2014, mas com respeito à dinâmica interna do PSB, que agora vai fazer as suas avaliações", disse Marina ao ser questionada sobre uma possível chapa ao lado do ex-ministro. Em 2014, ela disputou pelo PSB.

Ciro Gomes

Ciro Gomes (PDT) afirmou que a presença de Barbosa seria boa para o Brasil. "Representa um valor que o povo está procurando, que é a decência. Uma figura importante. Passou um ano e meio no horário nobre, combatendo a corrupção", disse.

Dizendo respeitar o tempo de cada partido, para que tomem suas decisões, Ciro afirmou que o PSB deve, independentemente de ter candidato ou não, ser reconhecido como um partido com luta junto ao povo brasileiro.

Rodrigo Maia

Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o anúncio de Barbosa "era o esperado". Ele comentou que "alguns ficaram ansiosos" com a possível candidatura do ex-ministro. Na opinião do pré-candidato, as intenções de voto atribuídas ao jurista não tem destinatário certo. "Acho que uma parte não vai para ninguém, a outra, pulveriza", comentou Maia.

Manuela D'Ávila

Manuela disse que, se o evento tivesse ocorrido um dia antes, diria que a frente de esquerda teria como candidatos à eleição, além dela mesma: Lula, Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Joaquim Barbosa. Com a desistência do ex-ministro, ela afirmou respeitar a decisão.

"A escolha de concorrer à Presidência é, no meu caso, partidária, mas também passa por um conjunto de reflexões pontuais. Ele tinha apresentado algumas pautas interessantes. Manifestou a sua contrariedade em relação à Reforma da Previdência e ao processo de impeachment. Ele tinha opiniões já apresentadas e boas", disse.

Alvaro Dias

Alvaro Dias afirmou ter "grande admiração" por Barbosa. "Sempre o valorizei, é alguém muito importante na defesa da justiça. A ausência dele empobrece o debate, em especial tendo em vista seu histórico recente conduzindo o STF na ação do mensalão", afirmou.

Ele afirmou que espera ganhar votos que seriam destinados a Barbosa, mas não descarta uma chapa com o ex-ministro. "Seria uma honra [tê-lo como vice], mas não creio que ele esteja disposto a participar da atividade pública tendo uma possibilidade enorme de sucesso", analisou.

"Claro que, se ele quiser colaborar, estiver disposto a contribuir com nosso projeto, seja de forma indireta ou direta, será sempre bem-vindo", complementou Dias.

Guilherme Afif Domingos

"Não cheguei a vê-lo entrar [na corrida presidencial], mas empobrece a disputa. É uma pessoa importante nesse processo", afirmou.

Aldo Rebelo

"Lamento. É uma pessoa que iria enriquecer o debate sobre o Brasil. A ausência dele não pode ser nem celebrada nem festejada."

Guilherme Boulos

"Eu acho que a desistência do Joaquim Barbosa é uma questão de foro pessoal dele. Ele mesmo expressou isso [desistência] como uma questão própria, íntima, familiar. Não me cabe comentar isso."

Paulo Rabello

"Eu disse que até consideraria [votar nele], sim, porque ele é um nome que seria de renovação. Só que eu faço um prognóstico: ele não vai ser candidato. Uma hora depois eu saí da rádio e fiz a leitura que o Barbosa tinha desistido da disputa."

Henrique Meirelles

"Joaquim Barbosa tomou uma tomou uma decisão que respeito muito, de cunho pessoal. Em função disso teremos uma grande possibilidade de crescimento. Grande parte das pessoas que declaram intenção de voto em Barbosa o fazem por sua atuação no mensalão, combate à corrupção. Esses eleitores estarão dispostos a votar em alguém que tem um passado de improbidade… Acho que é um movimento natural que os candidatos do centro possam crescer com a retirada da candidatura de Barbosa. E acredito que muitos deles possam optar pela nossa candidatura."

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos