Alckmin nega aliança imediata com MDB: seria "indelicadeza" com Meirelles

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Eliane Neves/Fotoarena/Estadão Conteúdo

O pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, descartou a possibilidade de o partido social-democrata se aliar de imediato ao MDB – partido do presidente Michel Temer – para a campanha eleitoral deste ano. Ele também evitou garantir uma defesa do legado do atual governo.

Segundo Alckmin, o PSDB respeita o MDB por ter candidato próprio à Presidência -- no caso, o ex-ministro da Fazenda de Temer, Henrique Meirelles. Alckmin disse que, por enquanto, o PSDB mantém conversas apenas com siglas sem candidato ao Palácio do Planalto.

"Se não terão [candidatos], é factível você poder fazer uma aliança", disse. "Isso [aliança com MDB] não está colocado neste momento, até porque ele [Meirelles] mesmo já respondeu né? O MDB tem candidato, que é o doutor Henrique Meirelles. Então, seria até uma indelicadeza a gente prospectar sobre isso."

A declaração foi dada após reunião da executiva do PSDB nesta quarta-feira (9) em Brasília, em que apresentou a equipe de campanha e os primeiros dados sobre seu programa de governo.

O tucano falou que as coligações só deverão ser firmadas em julho, a três meses do pleito, marcado para outubro. A expectativa é que o cenário eleitoral esteja mais definido na época e que algumas pré-candidaturas tenham ficado pelo caminho, abrindo espaço para alianças definitivas.

Apesar da fala, Alckmin já discutiu o cenário eleitoral com Temer. Este, por sua vez, busca se reaproximar do PSDB, inclusive por meio de conversa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevistas nos últimos dias, Temer deu declarações indicando que abrirá mão de sua candidatura a favor de um único candidato de centro.

Questionado se está disposto a defender todos os programas e as ações do governo Michel Temer, Alckmin evitou dar garantias e criticou a atitude do presidente em puxar para si a responsabilidade da aprovação de reformas.

"Não, isso [a defesa do legado] não está em discussão. As reformas não são...há uma personificação muito grande. São questões de Estado. Eu defendo a reforma tributária. Aliás, desde a época do [ex-governador de SP] Mário Covas", declarou, ao então explicar como pensa as mudanças nos tributos brasileiros.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, já deu declarações de que, se Alckmin quiser o apoio do MDB, precisará defender a atual gestão federal. Indagado se gostaria de responder ao ministro de Temer, o tucano disse ter "grande apreço" por Marun e o chamou de "vizinho".

"Só o que nos separa é o rio Paraná, mais nada", concluiu, rindo, em referência ao Mato Grosso do Sul, estado em que Marun construiu sua carreira política.

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As pesquisas eleitorais mais recentes mostram que Alckmin fica atrás dos pré-candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) na disputa. Na maioria delas, tem de 6% a 11% das intenções de voto.

Nas últimas semanas, políticos do PSDB, como Aécio Neves e Eduardo Azeredo, voltaram ao noticiário devido a suspeitas de envolvimento em esquemas de corrupção. Indagado como fará para enfrentar a rejeição ao partido e se blindar dessas questões, respondeu que "sempre falar a verdade".

"Sempre. Eu sou do interior e aprendi que é olhar nos olhos das pessoas. A solução é pelo trabalho. Não tem muito segredo. A política é que comanda o marketing. Eu acho que sim [vai convencer as pessoas cansadas da política]. A população, até pelo sofrimento, vai refletir, comparar, refletir para depois decidir o voto", afirmou.

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