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O anúncio do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa (PSB) de que não pretende ser candidato a presidente da República dominou o evento da FNP (Frente Nacional de Prefeitos) que reuniu 11 presidenciáveis em Niterói (RJ), nesta terça-feira (8).

Passava das 10h10 da manhã e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) discursava no Teatro Popular Oscar Niemeyer. Sentado atrás do tucano no palco, um dos anfitriões do evento, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), viu no celular a notícia da "desistência" do jurista.

Presidente da FNP, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), deixou o palco ao fim da fala de Alckmin e logo foi abordado pela reportagem do UOL para comentar a notícia que atingira seu partido.

"Esperava que a qualquer momento ele tivesse uma decisão assim de foro particular de não concorrer. Uma candidatura presidencial envolve muita coisa, muita renúncia", comentou Donizette, visivelmente entristecido com o anúncio.

Descendo as escadas do palco até o subsolo, onde ficavam os camarins reservados aos presidenciáveis, Rodrigo Neves não escondeu a empolgação com a notícia exaltando o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.

"Cirão da Massa vai ganhar", cantou Neves diante do colega de Campinas, recorrendo a um apelido de Gomes. Falou em seguida na possibilidade de o correligionário ser apoiado pela pré-candidata do PCdoB, Manuela D'Ávila, e pelo PT. Mais tarde, o prefeito admitiria que ficou "feliz que nem pinto no lixo".

A "decisão estritamente pessoal" de Barbosa provocou perguntas a quase todos os presidenciáveis que participaram do evento. Só o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), o primeiro a falar, já havia deixado o local antes do anúncio de Barbosa.

Quando um sorridente Ciro chegou ao teatro, por volta das 13h45, logo questionou Donizette se ele tinha sido avisado com antecedência sobre a decisão da Barbosa. Contou que descobriu quando estava no avião indo para o Rio, mas evitou fazer mais comentários sobre a desistência do ex-ministro.

Rodrigo Neves chegou e relatou que estava no palco com Donizette quando recebeu um e-mail avisando que Joaquim Barbosa não seria candidato. "Mandei logo para o Geraldo Júlio [prefeito do Recife, do PSB]", avisou.

Ao UOL, Ciro minimizou o possível impacto positivo da saída de cena do jurista. "É flagrante que existe uma fração dos cidadãos brasileiros procurando alguém fora da política, e não lhe faltam razões para isso", declarou o pré-candidato, que disse nunca ter visto Barbosa como adversário.

"Então talvez para um militante mais apaixonado como o Rodrigo, que é um grande amigo, coordenador da minha campanha no Rio, possa parecer que descomprime, mas não descomprime assim não", declarou.

Manuela D'Ávila disse achar ser "muito cedo" para fazer qualquer projeção, mas que respeita a decisão de Barbosa. "Tem que dar tempo de digerir o impacto disso. Foi uma pré-candidatura muito efêmera",

Ao ser questionado pelo UOL sobre o anúncio de Barbosa, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) não conteve o sorriso no rosto durante a resposta.

"Ele ocupava um espaço circunstancialmente prestigiado pela opinião pública, do combate à corrupção, da questão ética, e tal. É evidente que nós não sabemos qual será o desdobramento, quem leva vantagem com isso. Só com análise de pesquisa", comentou.

Dias acrescentou que identificou "uma certa coincidência de espaços" entre ele e Barbosa. "Até porque nesses 15 anos eu combati duramente o governo, com denúncias, com críticas, com CPIs, com representações. Então restou um legado nisso tudo", declarou. "Vamos aguardar agora, deixar a poeira assentar e ver o que ocorre."