Sem Renan e Eunício, Meirelles tenta vender candidatura a senadores do MDB
Luciana Amaral
Do UOL, em Brasília
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Reprodução/Twitter
Meirelles (à dir.) debateu com senadores do MDB, como Simone Tebet
Sem a presença de dois dos principais caciques do MDB, os senadores Renan Calheiros (AL) e Eunício Oliveira (CE), o pré-candidato do partido Henrique Meirelles se reuniu com a bancada emedebista do Senado para tentar convencê-los de sua candidatura à Presidência da República.
O encontro de Meirelles com os parlamentares durou cerca de duas horas. Ele falou sobre a conjuntura e perspectiva econômica do Brasil, suas propostas e disposição de disputar o pleito pelo MDB. Apesar de ter se filiado à sigla e se oficializado como pré-candidatura no início de abril, o ex-ministro da Fazenda de Temer ainda não é unanimidade.
"Mostrando não só o que já foi feito, o que está sendo feito, e todo o plano para o futuro. O que eu acho que pode ser feito pelo Brasil nos próximos anos. Em primeiro lugar, mantendo uma política de geração de emprego, com inflação baixa, reforço grande na modernização, a continuação nesse processo dos programas sociais", declarou. "Senti um entusiasmo muito grande. Uma reunião excelente."
Eunício Oliveira, que é também presidente do Senado, e Renan Calheiros, ex-presidente da Casa, querem se aliar a Lula nos respectivos estados e se afastar da imagem do governo Temer. O primeiro é aliado do atual governador do Ceará, Camilo Santana (PT). O filho de Calheiros, Renan Filho (MDB), é o atual governador de Alagoas e deve disputar a reeleição. Além de liderar as pesquisas de intenção de voto, Lula conta com a preferência dos eleitores nordestinos.
Nas últimas pesquisas de intenção de voto realizadas, Meirelles aparece com, no máximo, 3% da preferência dos entrevistados. Na tentativa de contornar o baixo índice, apresentou aos senadores pesquisas qualitativas encomendadas por ele próprio que mostram, segundo ele, potencial de crescimento. Segundo o pré-candidato, ser pouco conhecido pela população pode ser benéfico na campanha, pois chegará sem imagens pré-concebidas e as pessoas procuram alguém com seu perfil, disse. "[O crescimento] Vai surpreender muita gente", falou.
Para senadores ouvidos pelo UOL, o fato de não haver pré-candidato à Presidência de centro com fortes índices de intenção de voto posiciona Meirelles como um nome viável. "Por ele ter participado de dois governos, sido presidente do Banco Central do Lula e ministro do Temer, pode agregar votos de esquerda e direita. É um viés a ser explorado", falou um parlamentar.
Dos 18 senadores emedebistas, 13 compareceram. Entre os ausentes estiveram, além de Renan e Eunício, Jader Barbalho (PA), Roberto Requião (PR) e Zezé Parrella (MG). A maioria tem divergências políticas dentro do MDB com o grupo do presidente Michel Temer e, consequentemente, de Meirelles.
Segundo apurou o UOL, a reunião também partiu da própria bancada, que, aos poucos, se mostra mais propensa ao MDB contar com um candidato próprio nas eleições de outubro. Isso porque o partido tem de manter o protagonismo no cenário nacional e contrabalancear as pré-candidaturas consideradas de espectro mais extremos já apresentadas, como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora preso e inelegível, e do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL).
O MDB ainda conta com Michel Temer como pré-candidato. O nome dele conta com mais rejeição dentro do partido. Além disso, Meirelles sai na frente ao poder bancar toda sua campanha, sem precisar utilizar recursos partidários. Questionado, o ex-ministro disse apenas que que seguirá "trabalhando e apresentando suas propostas".
A líder do MDB no Senado, Simone Tebet (MS), afirmou que Meirelles foi "propositivo" e demonstrou "claramente" querer ser candidato pelo partido. "Associando o fato de ele querer, ter preparo, ser um homem sério, ser um outsider [...] reúne todas as características para ser um candidato do MDB", disse. No entanto, acrescentou, a bancada está disposta a ouvir outros pré-candidatos.
Simone Tebet também afirmou que o partido precisa decidir "definitivamente o mais rápido possível" se terá candidato próprio ou apoiará um terceiro nome. A questão deverá ser resolvida semanas antes da convenção nacional da sigla, marcada para o final de julho, junto a diretórios regionais e ratificada no evento.
"Nesse momento [meu posicionamento é por candidatura própria] por uma análise muito clara. É uma eleição atípica, onde qualquer candidato com 12% das intenções de voto já está no segundo turno com o outro candidato", explicou. "Como é que o maior partido do Brasil fica fora do processo eleitoral?"
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