Sob gritos de apoio e protestos, Gleisi lê carta de Lula a prefeitos

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Jefferson Rudy/Agência Senado

    Senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT

    Senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT

Sob gritos de apoio e protestos, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), leu nesta quarta-feira (23) durante a "Marcha dos Prefeitos", em Brasília, uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na qual ele disse "lamentar não poder estar" no evento "por causa de uma sentença mentirosa".

"Agora, para fins políticos, podem difamar gestores sem provas e condená-los sem dizer porque o estão condenando. Isso não deveria preocupar apenas um partido ou outro, mas a todos que prezam pela democracia e pela justiça", declarou o petista, na mensagem.

Condenado em segunda instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo caso do tríplex do Guarujá (SP), Lula está preso desde 7 de abril, na sede da Polícia Federal em Curitiba. Mesmo sob o risco de ser impedido de disputar as eleições por conta da Lei da Ficha Limpa, ele é mantido pelo PT como pré-candidato à Presidência do Brasil.

No início da leitura, Gleisi foi aplaudida e parte do público presente gritou "Lula, Lula". No entanto, ao decorrer da leitura da carta, grande parte dos prefeitos e políticos se retirou do auditório do evento.

A senadora petista também leu respostas de Lula quanto aos temas indagados aos outros sete pré-candidatos que participaram do evento, realizado pela CNM (Confederação Nacional de Municípios).

Gleisi exaltou a trajetória política de Lula, afirmando que no seu governo houve muitos avanços socioeconômicos. Em seguida, criticou o que chamou de "perseguição judicial" de ricos e concursados públicos.

"Ele sabe do que fala. Teve essa experiência. Hoje o presidente é vítima de perseguição judicial. Sei que muitos sofrem perseguição do MP [Ministério Público] e do Judiciário que muitas vezes querem governar no lugar de quem tem mandato", declarou Gleisi. "Nós estamos juntos nessa luta. Lula, livre!", encerrou a presidente do PT.

No começo da carta, Lula se dirige aos "caros amigos prefeitos e prefeitas que foram até Brasília para mais uma Marcha, uma das datas mais importantes do calendário político nacional". Em seguida, disse que sempre fez questão de prestigiar o evento enquanto estava no Palácio do Planalto.

Sem citar nominalmente seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o petista disse que gosta sempre de lembrar que antes dele "houve um governo que chegou a jogar cachorros contra a Marcha dos Prefeitos". "Uma coisa absurda", comentou, em referência

"Nós fizemos diferente. O nosso governo montou uma sala de atendimento permanente aos prefeitos, para orientá-los e escutá-los. E atendemos a todos, independente de partido, independente de gostarem do Lula ou não, de gostarem do PT ou não, porque o prefeito não representa um partido ou parte da sua cidade", acrescentou o petista.

Na mensagem, Lula disse ainda que é candidato "porque na democracia quem decide os governantes é o povo". "Vocês são prefeitos eleitos, e têm que ser respeitados por isso. Então, seria importante meus adversários também assumirem isso, deixem o povo decidir quem será o próximo presidente do Brasil. Se alguém quer ser presidente, que me derrotem no voto", escreveu.

Questionada se o empresário Josué Alencar (PR) – filho de José Alencar, vice de Lula em seus mandatos – é um bom nome, Gleisi disse que "sempre". Apesar do aceno, Josué é disputado por outros pré-candidatos e, inclusive, sondado se quer ser candidato à Presidência.

Elaboração da carta com Lula na prisão

Segundo Gleisi, ela e políticos do PT mostraram a Lula na prisão o convite da CNM para ele fosse à Marcha dos Prefeitos. Diante da impossibilidade, negociaram a leitura de uma mensagem em nome do ex-presidente.

A presidente do PT informou que Lula escreveu a carta, primeira parte da mensagem, na cela, e coube aos seus assessores formatá-la. As respostas lidas foram discutidas rapidamente entre Lula e aliados e estes as escreveram com base nas conversas e nas ações de seu governo.

"A primeira parte ele fez a mão mesmo e, as perguntas, a gente fez uma interação com ele", relatou. Ela reforçou haver outros convites para a participação dele como pré-candidato e cobrou as devidas autorizações da Justiça. "Não há nada que lhe retire os direitos de pré-candidato."

Neste domingo (27), o PT divulgará um "manifesto" sobre a situação jurídica de Lula e socioeconômica do Brasil. Para 9 de junho, está marcado o lançamento da pré-candidatura do ex-presidente em Belo Horizonte, Minas Gerais. O programa de governo e a chapa serão apresentados em 28 de julho na convenção nacional do partido.

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