Rubem César defende UPPs, mas só para pequenas e médias favelas do Rio

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

O pré-candidato do PPS ao governo do estado do Rio de Janeiro, Rubem César, afirmou nesta quarta-feira (6) que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) "não fracassaram como modelo" de segurança pública, mas que elas só se aplicam à realidade de pequenas e médias favelas.

"Em grandes comunidades como Rocinha e Alemão, isso se perde", declarou ele, que é antropólogo e fundador da ONG Viva Rio.

O pré-candidato ao Palácio Guanabara disse entender que as favelas extensas e populosas não facilitam o patrulhamento de rotina, o "homem a homem caminhando" pelas ruas, becos e vielas dessas localidades.

Para comunidades como a Rocinha, na zona sul, e as do Complexo do Alemão, na zona norte carioca, Rubem defende uma "estratégia do tipo militar", com ações coordenadas pelas Forças Armadas e operações executadas pelas polícias estaduais. O foco, segundo ele, deve ser a "redução do número de confrontos".

"Vou conversar de novo com os comandantes das polícias e do Exército sobre Rocinha e Alemão. (...) Hoje você tem confronto para todo o lado, todo dia. Isso é uma anarquia. Não é segurança pública, não é ordem, não é nada", comentou.

As Forças Armadas são o atacado, e a polícia é o varejo. As Forças Armadas são a inteligência, a grande logística e os grandes movimentos de contenção e apoio. O Exército pensa na ação, no macro. A polícia pensa a rua, a sabedoria da rua.

Rubem César, pré-candidato do PPS ao governo do Rio

A política das UPPs foi implementada em 2008 na gestão do ex-governador Sérgio Cabral (MDB). Dois anos depois, o sucesso inicial do projeto ajudou Cabral a se reeleger com votação expressiva, no primeiro turno. Ao longo do tempo, as UPPs se transformaram em uma vitrine eleitoral, mas sua eficiência passou a ser questionada devido ao crescimento desenfreado da violência.

A crise levou a constantes mudanças de planejamento e à redução do efetivo, e o estado chegou a cogitar, já em 2017, a extinção de parte das UPPs instaladas.

Após o decreto de intervenção federal e a transferência de gestão da segurança para as forças federais, o ministro Raul Jungmann, que é do mesmo partido de Rubem, afirmou que o governo cortaria metade das 38 unidades. Na visão dele, as UPPs haviam se transformado em apenas um "rótulo" e que já não cumpriam mais suas funções.

Desde que as Forças Armadas assumiram o comando da Secretaria de Estado de Segurança Pública, em fevereiro, parte das UPPs está sendo desmobilizada e outras podem ser transformadas em companhias destacadas subordinadas aos batalhões de área.

Plano de governo

Rubem rejeitou a manutenção da intervenção federal na segurança em um eventual governo, mas defendeu a integração entre polícias e Forças Armadas durante toda a gestão. Ele também afirmou que, se eleito, vai nomear um general como secretário de Segurança Pública e defendeu uma renegociação com o governo federal da chamada GLO (Garantia da Lei e da Ordem) --instrumento que permite a convocação dos militares para atuar na segurança--, sob o argumento que o Rio vive situação extraordinária permanente em razão da violência.

Questionado sobre sua proposta de plano de governo, Rubem César voltou a enfatizar a segurança pública. Ele afirmou que pretende investir no fim da vitimização de policiais com políticas que criem alternativas legais para o "bico" --o trabalho irregular dos policiais nas horas de folga.

Ele também citou a educação, afirmando que pretende criar formas de iniciar o ensino técnico já no ensino médio --para atender demandas do setor privado-- e transferir a responsabilidade da gestão do ensino fundamental inteiramente para o município.

Confira a íntegra da sabatina com Rubem César

Próximas entrevistas

Rubem foi o segundo sabatinado entre os pleiteantes à chefia do Executivo fluminense. Na segunda-feira (4), o pré-candidato do PSC, Wilson Witzel, participou do evento.

A agenda de entrevistas continuará na próxima sexta (8), com Indio da Costa (PSD), no dia 11, com Anthony Garotinho (PRP), no dia 12, com Tarcísio Motta (PSOL), e no dia 15, com Pedro Fernandes (PDT).

O PT ainda define entre o ex-ministro Celso Amorim e a escritora Márcia Tiburi o pré-candidato a ser entrevistado no dia 14.

Romário (Podemos) afirmou que só daria entrevistas quando fosse oficializado candidato. Eduardo Paes (DEM) até o momento nega a pré-candidatura e não aceitou o convite.

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