Indio da Costa diz que Paes é candidato e se esconde "com medo de apanhar"

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

O pré-candidato do PSD ao governo do Rio de Janeiro, Indio da Costa, abriu fogo nesta sexta-feira (8) contra o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que ainda não decidiu se concorrerá ou não ao Palácio Guanabara.

Indio afirmou que o adversário representa um "modelo que não deu certo" e que sua suposta pré-campanha seria patrocinada por políticos presos na Lava Jato, como Jorge Picciani e Sérgio Cabral, ambos do MDB.

"Ele é candidato e está escondido porque está com medo de apanhar. A agenda dele será negativa", declarou o pré-candidato do PSD, sabatinado nesta manhã pelo UOL, pela Folha de S.Paulo e pelo SBT. Ele foi o terceiro a participar da série de entrevistas com os postulantes ao governo.

A reportagem do UOL procurou a assessoria do ex-prefeito e aguarda um posicionamento.

Paes esteve à frente da prefeitura entre 2009 e 2016, período no qual realizou muitas obras --algumas são investigadas pela força-tarefa da Lava Jato. O ex-prefeito já foi citado em delações, mas até hoje não foi acusado formalmente e denunciado à Justiça.

Indio disse que o oponente "deixou roubar" nas intervenções feitas pela então Secretaria Municipal de Obras para financiar aliados políticos.

Raquel Cunha/Folhapress
O pré-candidato ao governo do Rio Indio da Costa em debate do UOL, Folha e SBT

No governo de Marcelo Crivella (PRB), que sucedeu Paes, a pasta de Obras passou a ter uma abrangência maior e foi rebatizada como Secretaria Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação. O cargo foi exercido até janeiro deste ano pelo próprio Indio.

"Vi servidores chorando na secretaria", disse ele, em referência à Operação Rio 40 Graus, realizada em agosto do ano passado pela força-tarefa da Lava Jato e que investiga indícios de cobrança e pagamento de propina na gestão Paes. Na ocasião, o ex-secretário municipal de Obras Alexandre Pinto foi preso pela Polícia Federal. A PF chegou a cumprir mandados de busca e apreensão na sede da secretaria.

O entrevistado citou ainda projetos como a construção da ciclovia Tim Maia, uma passarela erguida ao lado da avenida Niemeyer, entre as zonas sul e oeste da cidade. A obra foi bastante festejada à época de sua inauguração, mas caiu em desgraça depois que parte da ciclovia desabou, em 2016. Duas pessoas morreram no acidente.

Assim como outros adversários fizeram em campanhas eleitorais anteriores, Indio lembrou uma entrevista que Eduardo Paes concedeu em 2006, quando concorria ao primeiro mandato na prefeitura. Na ocasião, ele elogiou a atuação da "polícia mineira" --termo utilizado à época para se referir às milícias de Jacarepaguá, na zona oeste-- e afirmou que esses grupos davam "tranquilidade para a população".

"Ele [Paes] foi eleito em Jacarepaguá, onde nasceu a milícia no Rio de Janeiro", comentou Indio.

Questionado se, apesar das críticas, considerava ser um amigo do ex-prefeito, o pré-candidato do PSD afirmou que "tem uma boa relação" com Paes e que "sentaria para conversar com qualquer um", mas que "a possibilidade de acordo com ele é zero". "Inimigo eu não sou de ninguém. Eu sou adversário do modelo que ele representa."

Acordo de recuperação fiscal

Indio criticou o acordo de recuperação fiscal com a União, que prevê uma série de medidas para o Executivo fluminense sanear as contas públicas em um prazo de três anos.

Segundo ele, o regime de socorro financeiro costurado entre o governo Luiz Fernando Pezão (MDB) e o Ministério da Fazenda é uma "brincadeira em relação às necessidades do Rio".

O pré-candidato afirmou que, se eleito, vai propor uma revisão do acordo com o novo presidente da República. Ele argumentou que a atual configuração do regime de recuperação foi feita por "dois governos cambaleantes", em referência às crises no governo Pezão e na gestão do presidente Michel Temer (MDB).

"Vou trabalhar até as últimas consequências para rever e inserir no acordo os pacientes que estão morrendo nas filas dos hospitais sem atendimento", disse.

Sabatinas

Indio foi o terceiro sabatinado entre os pré-candidatos ao governo do RJ. Na segunda-feira (4), o pleiteante do PSC, Wilson Witzel, participou do evento. Já na quarta (6), foi a vez do concorrente do PPS, Rubem César Fernandes.

A agenda de entrevistas continuará na semana que vem. Na segunda (11), com Anthony Garotinho (PRP); no dia 12, com Tarcísio Motta (PSOL); no dia 14, será a vez do pré-candidato do PT --ainda não está definido se será Celso Amorim ou a Marcia Tiburi--, e no dia 15, Pedro Fernandes (PDT).

Romário (Podemos) afirmou que só daria entrevistas quando fosse oficializado candidato. Já Paes nega até o momento nega a pré-candidatura e não aceitou o convite para participar da sabatina.

Veja a íntegra da sabatina com Indio da Costa

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