Em cabeça de juiz ninguém sabe o que tem, diz Ciro sobre julgamento de Lula

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

  • Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

    Ciro Gomes (PDT-CE) participa de evento da Única (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar), o Única Fórum 2018 no Teatro WTC Events Center, que reúne os pré-candidatos à Presidência da República

    Ciro Gomes (PDT-CE) participa de evento da Única (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar), o Única Fórum 2018 no Teatro WTC Events Center, que reúne os pré-candidatos à Presidência da República

O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, disse nesta segunda-feira (18) que torce para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril, seja posto em liberdade o quanto antes, mas disse que não dá para saber o que há em "fundo de urna e cabeça de juiz". Apesar de estar preso, Lula lidera as intenções de voto nos cenários em que seu nome aparece segundo última pesquisa do Datafolha.

O pedido da defesa de Lula para a prisão do petista seja suspenda deve ser votado no dia 26 de junho pela 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal). O relator da Lava Jato na corte, ministro Edson Fachin, pediu que o tema fosse incluído na pauta do referido dia. Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 12 anos e um mês de prisão.

"Fundo de urna e cabeça de juiz ninguém tem a menor ideia do que vem. Então eu só torço para que o Lula seja o quanto antes posto livre", disse após participar de evento com empresários do setor sucroalcooleiro, em São Paulo.

Ciro disse ainda considerar ser "muito dolorido" que ele seja mantido na prisão, apesar das discordâncias que diz ter com ex-presidente, do qual foi ministro. "Considero uma coisa muito dolorida com todas as discordâncias que tenho dele e dos rumos que ele tem imposto ao PT, me sinto muito mal que tenha um líder popular da grandeza do Lula mantido preso", disse.

Alianças com DEM e PSB

O partido de Ciro e o de Lula disputam a aliança com o PSB. O pedetista já disse que as conversas com PSB são prioridade e, durante entrevista a jornalistas na manhã de hoje, afirmou que elas "estão indo bem", mas desconversou ao ser questionado se há alguma uma reunião marcada entre ele e lideranças do partido. "O tempo é deles", disse.

Desconversou também sobre uma possível reunião entre ele o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), que aconteceria esta semana. "Muita especulação. E em cima da natural especulação, que é sinal dos tempos, muita intriga", repetiu acrescentando que as conversas com o líder do DEM são normais de um candidato à Presidência. Segundo ele, é "impossível governar o país" sem conversar com "forças diferentes daquela" que ele representa.

Ciro tem recebido críticas por parte de setores da esquerda que não enxergam com bons olhos conversas que o PDT tem feito com partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e as reformas feitas pelo sucessor dela, o presidente Michel Temer (MDB).

"Enquanto ele [Maia] for candidato tudo o que acontecer são conversas normais de uma candidato a presidente que sabe que tem duas etapas: uma é ganhar a eleição para interromper esse itinerário de tragédias que tem está infelicitando a nação brasileira; a outra é governar, e nenhum partido no Brasil vai fazer mais do que 10% na Câmara, portanto é imperativo que qualquer um de nós se quiser ser sério abra o diálogo converse com forças diferentes daquela que você representa sem quem é impossível governar o país."

"Mercado acha que tem poderes superiores à democracia"

Ciro Gomes falou para uma plateia de empresários do setor sucroalcooleiro que participam do Unica Fórum, por onde outros pré-candidatos como ele também passaram. Defendeu um projeto de desenvolvimento nacional com foco na reindustrialização do país, algo que vem sendo dito por ele desde que iniciou a pré-campanha.

"Reindustrializar o Brasil é uma das prioridades que eu defendo e isso não ocorrerá se ficarmos no mito de que o setor privado vai reverter tendências sem uma parceria estratégia com o Estado", disse.

A jornalistas, rebateu a ideia de que é contra o mercado, afirmando que ele é parte central desse projeto de desenvolvimento.

"Mercado é uma palavra muito ampla, e eu tenho um compromisso central e orgânico com meu projeto com o mundo que produz, com a reindustralização do Brasil, com o comércio, turismo, agropecuária, porque é tudo o que gera riqueza e emprego", disse. Segundo ele, a "pinimba" (ou birra) é do mercado com ele.

"A pinimba não é minha com eles é deles comigo, daquela pequena fração do mercado que vive no Brasil da especulação financeira e que se atribuem poderes superiores ao da democracia. Esta tutela eu não aceito, mas eu não tenho estigma contra ninguém não", disse.

Polêmica com Holiday

Ao mesmo tempo em que conversa com o DEM, Ciro chamou o vereador de São Paulo Fernando Holiday, que é do partido, de "capitãozinho do mato" em entrevista mais cedo à rádio Jovem Pan. O vereador, ligado ao MBL, considerou racista a declaração do ex-ministro e disse que pretende processá-lo.

"Capitão do mato era um negro, contratado pelos senhores de escravo para perseguir os escravos. Esse garoto assume aqui em São Paulo e a primeira iniciativa dele é acabar com o dia da consciência negra, que é uma data importante para que um país que teve a mais remitente escravidão da história da humanidade reflita se é razoável estigmatizar a pessoa pela cor da pele, por sua origem étnica", disse. "É uma metáfora segura que eu tenho de que ele faz esse papel em pleno século 21", disse.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos