Ao menos 116 militares das Forças Armadas querem disputar eleições em 2018

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

  • Leandro Prazeres/UOL

    4.abr.2018 - O general da reserva Paulo Chagas é pré-candidato do governo do DF

    4.abr.2018 - O general da reserva Paulo Chagas é pré-candidato do governo do DF

Pelo menos 116 militares das Forças Armadas são pré-candidatos a disputar algum cargo nas eleições desse ano, em 25 estados e no Distrito Federal, segundo um levantamento concluído por articuladores militares nesta segunda-feira (9).

Dentre os pré-candidatos, há quem pretenda concorrer a deputado federal, estadual ou distrital, governador e vice, senador, e presidente da República -- no caso do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ).

O número de membros do Exército, Marinha e Aeronáutica, já é 63% maior que o de dois meses atrás, quando houve a primeira reunião de parte do grupo de 71 pessoas, em Brasília. Dos 116 pré-candidatos, 29 são da ativa, ou seja, ainda pertencem a alguma força armada e poderão voltar a seus postos se não forem eleitos.

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Mas, as Forças Armadas dizem que nenhum dos candidatos as representam institucionalmente. O Exército, de onde se origina a maioria dos pré-candidatos, aposta em uma campanha de mídia nas redes sociais -- até agora voltada ao seu público interno -- para tentar dissociar as pautas da entidade às dos pré-candidatos. Em paralelo, o comandante Eduardo Villas Boas já se reuniu com alguns dos pré-candidatos à Presidência.  

O cenário eleitoral para os militares só será definido a partir de 5 de agosto, dia em que termina o prazo para a realização das convenções partidárias. Os candidatos de cada partido serão oficialmente escolhidos apenas nesses eventos, em acordo com a legislação eleitoral.

Segundo uma fonte do grupo de militares pré-candidatos que pediu para não ser identificada, uma grande parte deles se sentiu estimulada a participar do pleito após ver o desempenho de Bolsonaro nas pesquisas. Segundo pesquisa Ibope do fim de junho, em um cenário sem Lula, Bolsonaro aparece na frente da corrida eleitoral com 17% das intenções de voto. 

O militar afirmou também que alguns de seus colegas estão imaginando que apenas o fato de serem militares lhes garantirá votos. "Mas não vai ser fácil assim como estão pensando", afirmou.

Camarapel/Divulgação
O general da reserva do Exército Sebastião Roberto Peternelli Júnior

De acordo com o general Roberto Peternelli (PSL-SP), 63, que está na reserva do Exército desde 2014 e foi um dos responsáveis por elaborar a listagem a movimentação em prol da participação dos militares na política foi iniciada "há mais ou menos um ano".

"Nós procuramos estimular algumas candidaturas. Dessas, algumas se tornaram efetivas [...] Essa relação é dinâmica, até porque você observa que muitas vezes nós não conseguimos intervir. A pessoa, por sua livre e espontânea vontade, se filia a um partido dentro dos períodos regulamentares e se filia a um partido", afirmou Peternelli, que pretende ser candidato a deputado federal por São Paulo.

Essa não será a primeira vez que o militar tentará uma vaga na Câmara dos Deputados. Em 2014, ele se candidatou a pelo PSC, obteve 10.953 votos, mas não conseguiu se eleger.

Partidos e estados

Dos 116 nomes apresentados na lista até o momento, apenas seis não aparecem vinculados a partidos. A maioria dos pré-candidatos (61) pertence ao PSL, legenda que abrigou Bolsonaro para o pleito desse ano.

Outros 14 partidos têm pelo menos um pré-candidato das Forças Armadas. Com nove pretendentes, o PRP é o segundo em quantidade, seguido de DEM e Patriota (cada um com 5 candidatos), Novo (4) e PTB e PSDB (com 3 cada um).

PSC, PRTB, PSDC, PP, Rede e Pros têm dois pré-candidatos cada. Já PR, PMB e Solidariedade têm pretendentes solitários em suas legendas.

Quando se examina a lista por estados, apenas o Acre não aparece com algum postulante militar. O Distrito Federal, com 18 pré-candidatos, é a unidade da Federação que mais tem membros das Forças Armadas interessados em disputar as eleições.

Em seguida, aparecem Rio de Janeiro, com 17, Rio Grande do Sul, com 12, e Mato Grosso do Sul, com 11.

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