Lançamento de vice de Doria vira vitrine da aliança de Alckmin com centrão

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

  • Werther Santana / Estadão Conteúdo

    Observado por Doria, Alckmin discursa durante o anúncio do deputado Rodrigo Garcia (DEM) como vice ao governo de SP

    Observado por Doria, Alckmin discursa durante o anúncio do deputado Rodrigo Garcia (DEM) como vice ao governo de SP

Apesar do tom cauteloso dos discursos, o lançamento do deputado Rodrigo Garcia (DEM) como vice na chapa do ex-prefeito Joao Doria (PSDB) ao governo de São Paulo acabou virando um ato de celebração da aliança de Alckmin com o centrão, bloco formado pelo DEM, PP, PR, SD e PRB, acertada na véspera. O apoio deve ser oficializado na reunião entre os partidos, na próxima quinta (26).

Saudado como "próximo presidente do Brasil", em seu primeiro ato ao lado de Doria, Alckmin chegou ao evento ao lado do presidente nacional do DEM, ACM Neto, e sentou entre os dois. O ex-ministro Marcos Pereira, presidente nacional do PRB, também estava presente ao lançamento, além de lideranças e pré-candidatos ao Senado de ambos partidos.

ACM Neto disse que "existe uma intenção indisfarçável" dos dirigentes desses cinco partidos pela consolidação da aliança com Alckmin, afirmando em seu discurso que "mais uma vez, São Paulo vai ser decisiva para o Brasil" e que "pode liderar a construção desse futuro", após exaltar a figura do tucano. "O DEM fará a sua parte, dará sua contribuição na construção desse caminho", disse.

Apesar de falar no futuro, o líder do DEM afirmou que os partidos estão no "penúltima passo" para formalização da aliança. "Cada partido tem a sua dinâmica própria. Não posso vocalizar pelo Democratas sem antes validar esse caminho com a minha base. Penso que os outros quatro partidos têm que cumprir o mesmo papel. Ontem, depois do encontro que tivemos com Geraldo Alckmin, comecei a ligar para deputados, senadores, membros da direção nacional do Democratas", disse ele, que destacou que aliança não visa apenas a campanha.

"O desejo de cada dirigente não é apenas o de levar apenas o tempo de televisão, ou contribuir formalmente com a campanha, queremos o engajamento dos partidos", acrescentou.

Com o apoio do centrão, Alckmin, que já tinha sozinho 1 minuto e 18 segundos na propaganda eleitoral na TV (em cada bloco de 12 minutos e 30 segundos), somará 4 minutos e meio, quase 40% de toda a fatia da disputa.

Marcos Pereira disse que a preferência do PRB é por Alckmin, mas adotou o mesmo discurso de Neto, afirmando serem necessárias consultas à base. "Podemos dizer que hoje estamos mais próximos que ontem", desconversou.

Alckmin disse que, da parte dele, "não falta nada" para que a aliança com o centrão se concretize. No entanto, adotou tom cauteloso durante o discurso para uma plateia lotada no auditório de um hotel em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, ao afirmar que ainda não se pode "celebrar" a aliança.

"Quero dizer que o que está acertado é só esses dois aqui [se referindo a Doria e Garcia]. A nossa, nós estamos trabalhando para semana que vem celebrar essa aliança. E estou trabalhando, não desisto", disse.

Filho de José Alencar como vice é "melhor possível"

O tucano disse ainda que o nome do empresário Josué Gomes (PR-MG) é "o melhor possível" para compor a sua chapa como vice, repetindo uma piada feita a ele pelo pai do empresário, o ex-vice-presidente José Alencar (PRB), morto em 2011. 

"Já estou pensando de passar de Alckmin para Alckmín [com ênfase no "mín"], porque uma vez o Zé de Alencar, quando fui visitá-lo no hospital Sírio Libanês, me falou: 'não é Alckmin, é Alckmín, porque em Minas Gerais palavra paroxítona não ganha eleição, só oxítona", brincou. José Alencar foi vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem Alckmin rivalizou nas eleições de 2006, quando perdeu no segundo turno.

Em viagem ao exterior, Josué Gomes afirmou em nota que "agradece a confiança que as lideranças depositaram em meu nome".

Marcelo Chello / CJPress / Estadão Conteúdo
Da esq. para a dir.: Kassab, ACM Neto, Alckmin, Doria, Rodrigo Garcia e Bruno Covas fazem o símbolo da campanha de ex-prefeito em ato de lançamento de vice ao governo

"Meu candidato é o Doria"

Ao ser questionado se também subiria no palanque do hoje governador Márcio França (PSB), seu vice antes de assumir o comando da administração estadual, Alckmin foi taxativo: "Meu candidato é o Doria". 

No início da pré-campanha, França afirmava que seu candidato ao Planalto seria Alckmin, mas vem adotando uma mudança de discurso diante do distanciamento político entre ambos. Nesta semana, ele já admitiu abertamente que daria palanque durante a sua campanha a reeleição a adversários do ex-governador.

O partido de França negocia se apoiará o PDT de Ciro Gomes ou o candidato do PT ao Planalto, seja ele o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou outro indicado por ele. Alckmin escolheu França para ser seu vice nas eleições de 2014.

"O meu candidato é Joao Doria. Nem sempre no Brasil inteiro o apoio dos partidos no estado e na União coincidem. Se tem partidos que estão apoiando o Joao Doria que não estão me apoiando, outros que vão me apoiar e vice versa. Temos que entender o quadro pluripartidário brasileiro", relativizou.

Em todas as falas direcionadas a Alckmin, Doria o chamou de "meu presidente". Já Alckmin evocou os "30 anos de amizade" que disse ter com o ex-prefeito de São Paulo e afilhado político. Os dois viveram rusgas na relação no ano passado, quando Doria tentava se promover como pré-candidato viável à Presidência da República pelo PSDB no lugar do padrinho.

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