Presidente do MDB, Jucá rechaça propostas de ministro de Temer para eleição

Do UOL, em Brasília

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    O senador Romero Jucá (MDB-RR) é presidente nacional do partido

    O senador Romero Jucá (MDB-RR) é presidente nacional do partido

Presidente nacional do MDB, o senador Romero Jucá (RR) rechaçou nesta segunda-feira (23) as propostas apresentadas pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), para o partido na eleição presidencial. As sugestões constam de mensagem enviada por Marun, que é deputado federal licenciado, à bancada emedebista na Câmara neste domingo (22).

"O ministro Marum [sic] é um membro ilustre do nosso partido mas as suas posições são de cunho pessoal e não representam o posicionamento do MDB. A nossa proposta para as eleições é clara", escreveu Jucá em seu perfil no Twitter, errando a grafia do sobrenome do ministro.

O senador acrescentou que o posicionamento da legenda é norteado pelos documentos "Ponte para o futuro" e "Travessia para o futuro", que têm "no candidato Henrique Meirelles o porta-voz nesse momento eleitoral".

Ex-ministro da Fazenda do governo do presidente Michel Temer (MDB), Meirelles é, na verdade, o pré-candidato do partido, que decide em convenção nacional no próximo dia 2 se lançará um postulante ao Palácio do Planalto. A iniciativa sofre resistência de uma corrente da legenda representada pelo senador Renan Calheiros (AL).

Entre outras propostas, Marun defendeu uma forma de "leniência" ao caixa dois praticado em eleições passadas e a fixação de mandato para ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Além disso, o ministro de Temer sugeriu a criação de uma corte constitucional para "dirimir conflitos" entre o STF e a Constituição, um conselho superior para controle externo das polícias e ainda avançou sobre a área social, ao recomendar o fim da gratuidade total aos pacientes no SUS (Sistema Único de Saúde).

Na mensagem, ele ainda chamou o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, de "débil mental". Em nota divulgada na noite deste domingo, Marun disse que não teria usado a expressão se soubesse que ela viria a público.

"Admito que se soubesse que as mesmas se tornariam públicas não teria utilizado o termo 'débil mental' em relação ao Sr. Ciro Gomes, por reconhecer que, independentemente de minhas posições pessoais, um candidato a presidente da República deve ser publicamente tratado com o maior respeito", afirmou Marun.

Segundo o ministro, a mensagem a parlamentares do MDB e ao pré-candidato do partido, Henrique Meirelles, tratava de posições pessoais que ele deseja discutir com o partido. O comunicado de Marun não tratou de outros trechos polêmicos do texto.

Leia abaixo, na íntegra, as propostas enviadas por Marun:

"Colegas, estive refletindo sobre a situação de nossa pátria e conclui que existem males que veem para bem. Estamos agindo corretamente. A atitude de Alckmin nas denúncias o torna não merecedor do nosso apoio. Ajudamos a sua candidatura é verdade, ao vetarmos o apoio do Centrão ao débil mental do Ciro Gomes.

Este apoio foi para os tucanos, mas isto não é de todo ruim. Sabemos que a tucanidade de Alckmin não o faz o candidato para o agora. Temos um ótimo candidato e temos liberdade para estabelecermos um projeto realmente modernizador e que não seja refém das mazelas de um presidencialismo de coalizão que sabemos ter sempre a tendência de transformar-se em um balcão de negócios. Um projeto que vá além da Economia. Somos ou não somos um partido reformista?

Se somos, chegou a hora da ousadia. Conclamo os companheiros a apresentarmos à nação um plano realmente arrojado, que dê continuidade às conquistas do nosso Governo Temer. Com coragem de dizer a verdade. Confiantes na vitória, mas sem medo da derrota. 

Vamos reafirmar nosso compromisso absoluto com a responsabilidade fiscal. Vamos assumir o compromisso de fazermos ainda em novembro a Reforma da Previdência. Quanto a política, nós sabemos que ela tem que mudar. Vamos propor em janeiro uma reforma política que realmente reduza o número de partidos, acabe com a reeleição para o executivo, reduza o número de parlamentares nas casas legislativas da União, Estados e Municípios e reduza proporcionalmente estas despesas.

Vamos desburocratizar as eleições, mas punir realmente o uso de dinheiro ilegal nos pleitos. Podemos propor uma forma de leniência para o Caixa Dois já praticado e o criminalizarmos para o futuro. Vamos propor uma verdadeira reforma da administração pública com a relativização da estabilidade e com um teto salarial de acesso ao serviço público não superior um terço do teto de saída.

Vamos radicalizar nas privatizações e propor a autonomia do Banco Central. Vamos propor mandatos para o STF, revogar a Lei da Bengala, votar a Lei do Abuso de Autoridade, e criarmos uma Corte Constitucional que possa dirimir conflitos entre as decisões do STF e a Constituição Federal.

Vamos propor um Conselho Superior para as Polícias, para que não prospere o Estado Policialesco e as ações dos maus policiais tenha controle externo. Vamos propor medidas que possibilitem um real combate a criminalidade, duras mas realísticas. Vamos ter coragem de dizer que cadeias são hoje universidades do crime. Que lá devem estar os reincidentes e aqueles que representam perigo para a sociedade. Que em relação aos outros tipos de crime temos que propor medidas duras mas alternativas. Que é uma imbecilidade ficarmos sustentando delinquentes em presídios para que eles saiam dali criminosos perigosos.

Vamos deixar claro que existem só Três Poderes na Republica e que eles devem se respeitar. Vamos manter o Bolsa Família, mas vamos propor um valor mínimo para o atendimento pela saúde pública, mantendo a gratuidade absoluta somente para aqueles que são realmente carentes. 

Vamos apoiar a educação criando a obrigatoriedade das TVs concessionárias públicas de apresentarem diariamente das 9 às 11hs e das 14 às 16hs programas educativos produzidos pelo estado. 

Vamos..., vamos..., vamos ousar! 

Se vencermos, será uma vitória do Brasil. Se isto não acontecer, pelo menos teremos o orgulho de não termos participado da eleição a passeio.

Coragem MDB e vamos em frente!"

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