Alckmin sobre apoio do centrão: Não 'fulanizo', aliança se faz com partidos

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

  • Ananda Migliano/O Fotográfico/Estadão Conteúdo

Pré-candidato à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta segunda (23) não "fulanizar" na política, já que "aliança se faz com partidos".

A afirmação foi uma referência à figura de Valdemar Costa Neto, ex-deputado que comanda as negociações do PR junto ao centrão –bloco formado pelo DEM, PP, PR, SD e PRB—e que teve seu nome envolvido nos dois maiores escândalos políticos recentes no país, o Mensalão e a Lava Jato. 

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Alckmin afirmou que o apoio acertado entre ele e o centrão foi fruto de decisão dos próprios partidos. "Foram os cinco partidos que decidiram, unanimemente, me apoiar. Todo mundo disputou [o apoio]. Eu ganhei", disse. Antes de selar o apoio a Alckmin, o centrão negociou com Ciro Gomes, presidenciável pelo PDT.

Com o apoio do centrão, Alckmin ocupará quase 40% de toda a propaganda eleitoral na TV. Mas, segundo o tucano, a busca por alianças se dá em nome da governabilidade. "Queremos aliança porque ela vai nos dar possibilidade de fazer campanha e vai nos dar governabilidade. Eu não quero só ganhar eleição, eu quero governar bem, fazer as mudanças que o país precisa", disse.

Apesar de dizer que "nem sabe" quem será o candidato a vice na sua chapa, Alckmin afirmou que o nome do empresário Josué Gomes (PR), filho do ex-vice-presidente José Alencar, o "honra muito". "O Josué, seja ou não candidato a vice, é um grande nome", disse Alckmin.

Indicado pelo PR e pelos demais partidos do bloco para o posto de vice de Alckmin, Gomes teria dito ao tucano que somaria pouco à sua campanha e para que ele ficasse à vontade para escolher outro nome para a vaga.

Alckmin, no entanto, negou ter sofrido uma "pegadinha" do centrão. "Vice é a última coisa. Você não começa pelo vice. É fruto de um entendimento [entre os partidos]", declarou.

Questionado se ter o apoio do PTB --investigado por um suposto esquema de corrupção no Ministério do Trabalho-- o deixava desconfortável, Alckmin não respondeu e disse apenas que o PTB o apoia "por unanimidade".

O ex-governador também não disse se, em um eventual governo, permitirá ou não que o PTB volte a assumir a pasta. "Estou até estudando nem ter mais Ministério do Trabalho", afirmou, sem entrar em maiores detalhes.

Reformas

Alckmin defendeu a reforma trabalhista do governo Michel Temer (MDB) e disse que "não há hipótese" de volta do imposto sindical em um eventual governo seu. O tema causou o primeiro atrito entre o tucano e o centrão, que reúne dirigentes sindicais como o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade).

O tucano voltou a falar na redução do imposto de renda da pessoa jurídica, o "imposto corporativo", e defendeu, além de uma reforma tributária, uma reforma política, com voto distrital, e uma reforma da Previdência.

A última, segundo ele, só não foi aprovada no Congresso em 2017 devido ao momento político. "Achar que vai aprovar reforma macro em último ano de governo, ano de eleição, com a força das corporações que tem o Brasil", disse. Questionado sobre a resistência da população contra a reforma, o tucano afirmou que pretende "explicar e convencer".

Rodoanel

Alckmin também saiu em defesa de Laurence  Casagrande Lourenço, ex-secretário da sua gestão que foi indiciado pela Polícia Federal nesta segunda sob a acusação de fraude a licitação no projeto do trecho norte do Rodoanel de São Paulo. 

"O Laurence eu acredito que foi uma pessoa correta", disse o tucano. "Defendo a investigação. Mas acho que é uma pessoa correta e que pode estar sendo vítima de uma grande injustiça".

Além do ex-secretário de Alckmin, preso desde junho pela Operação Pedra no Caminho, foram indiciados pela PF mais 11 pessoas. Entre elas, o ex-diretor de engenharia da Dersa, Pedro da Silva.

Eles são acusados de envolvimento na assinatura de aditivos contratuais que teriam favorecido, de forma fraudulenta, a empreiteira OAS. A prática teria causado prejuízos de mais de R$ 600 milhões aos cofres estaduais.

Questionado se chegou a acompanhar de perto as obras que são alvo de investigação, Alckmin disse que sim e afirmou que os aditivos nunca chamaram sua atenção, já que foram "fruto de um debate". "Queremos que termine logo a investigação para esclarecer [os fatos]", disse.

Pesquisa divulgada pelo Datafolha em junho deste ano aponta Alckmin com 7% das intenções de voto para presidente, o pior desempenho para um candidato tucano à Presidência em quase 30 anos. Alckmin já minimizou o fato de não decolar nas pesquisas de opinião e disse que tem "enormes chances" de disputar o segundo turno.

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