Cúpula conservadora pró-Bolsonaro é adiada para depois da eleição
Gustavo Maia
Do UOL, em Brasília
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Alan Marques - 16.dez.2014/Folhapress
A informação foi confirmada por Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável
A três dias da realização da Cúpula Conservadora das Américas, em Foz do Iguaçu (PR), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) anunciou nesta quarta-feira (25) que o evento foi remarcado para o próximo dia 8 de dezembro, após as eleições de outubro.
Um dos organizadores do encontro, o parlamentar é filho do também deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que estava confirmado na programação.
Em publicação nas suas redes sociais, Eduardo disse que a transferência foi motivada pela posição do presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, de que "o evento poderia gerar questionamentos perante a Justiça Eleitoral". De acordo com a nota, a decisão foi tomada em reunião hoje pela manhã.
À tarde, a assessoria do deputado havia informado que estava fazendo consultas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e por isso não poderia confirmar a realização do evento.
Ainda segundo o comunicado, as 2.567 inscrições já realizadas até as 17h59 desta quarta serão mantidas, assim como a programação, que tinha outros 14 debatedores de seis países confirmados. Eduardo Bolsonaro informou ainda que as inscrições permanecerão abertas até a véspera do evento. A cúpula é realizada pela Fundação Indigo de Políticas Públicas, que pertence ao PSL.
Na última segunda-feira (24), a organização do evento informou que a capacidade total era de 2.200 pessoas e que 2.005 haviam se inscrito até aquele momento.
Segundo a descrição do site oficial do evento, o objetivo era "reunir importantes líderes e economistas liberais da América Latina para debater os problemas atuais que ocorrem em nosso país [Brasil] e no mundo".
Sobre o adiamento da Cúpula Conservadora das Américas para 08/DEZ (SÁB). pic.twitter.com/
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) July 25, 2018
O site oficial do evento já foi atualizado com a informação do adiamento. Quem tenta se inscrever agora é informado que a capacidade de público interno do local do evento está esgotada, mas que será possível assistindo às mesas-redondas nos telões externos que a organização instalará nas dependências do espaço, em dezembro.
A cúpula foi criada para servir de contraponto ao Foro de São Paulo, conferência que reúne partidos da esquerda latino-americana e é alvo de críticas frequentes de Bolsonaro e seus aliados.
A lista de participantes, convidados para discutir cultura, segurança, economia e política em quatro mesas-redondas, reúne desde o "príncipe" brasileiro Luiz Philippe de Orleans e Bragança a um candidato derrotado nas eleições presidenciais do Chile no ano passado, José Antonio Kast, entusiasta da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990).
Na semana passada, o UOL revelou que a página do evento na internet exibia falsos apoios de entidades representativas da Polícia Federal, que logo foram retirados.
"Falta de respeito", dizem inscritos
A decisão irritou participantes que já haviam comprado passagens para ir a Foz do Iguaçu. Pelas redes sociais, alguns deles manifestaram a contrariedade com a mudança de data menos de 72 horas antes do horário previsto para o início do evento.
"Desculpa, irmão! Vocês ainda tem [sic] meu voto e admiração. Mas desmarcar um evento dessa magnitude com um tempo tão curto é falta de respeito com quem comprou passagem, reservou hotel, trocou folga no trabalho", declarou Vitor Samuel, em resposta ao post de Eduardo Bolsonaro no Facebook.
O apoiador de Bolsonaro sugeriu que os candidatos políticos abrissem mão de suas suas falas, mas que os demais palestrantes falassem e o evento fosse mantido.
Para Leomir Lukasinski, que disse estar com um grupo "pronto para partir" o adiamento foi "muito amadorismo". "Já estava tudo comprado e estava indo no coração [...] Esse limbo que o TRE [sic] criou entre a convenção e a campanha nos deixa sem saber o que fazer", escreveu Bruno Guimarães.
Pelo Twitter, Maurício Costa reclamou de ter gastado "um dinheiro que seria muito importante para outras tarefas". "Compramos passagens, pagamos hotel, sem contar o pessoal que alugou ônibus de diversos outros locais. São muitos na mesma situação. Decisão definitiva?", questionou. Não houve resposta até o momento.
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