MBL acusa Facebook de "censura" após remoção de 196 páginas e 87 perfis

Do UOL, em Brasília

  • Valter Campanato 14.abr.2016/Agência Brasil

    Integrantes do MBL fazem manifestação a favor do impeachment em 2016

    Integrantes do MBL fazem manifestação a favor do impeachment em 2016

O MBL (Movimento Brasil Livre) divulgou nota nesta quarta-feira (25) sobre o que classificou de "censura" por parte do Facebook. O grupo de direita informou que diversos de seus coordenadores tiveram suas contas "arbitrariamente retiradas do ar" pela rede social.

Sem identificar usuários ou os nomes das páginas, o Facebook informou também nesta quarta que removeu uma rede com 196 páginas e 87 perfis no Brasil que violavam suas políticas de autenticidade. A medida fez parte, segundo a corporação, dos "esforços contínuos para evitar abusos" e sucedeu "uma rigorosa investigação".

"Essas páginas e perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação", explicou a rede social.

O comunicado do MBL atribuiu ao Facebook a alegação de que "se tratava de coibir contas falsas destinadas a (sic) divulgação de 'fake news'", mas a rebateu dizendo que muitas delas possuíam dados biográficos e outras informações verificáveis. A acusação de que se tratavam de contas falsas seria, portanto, "absurda".

"Não bastasse isso, o Facebook também desativou algumas páginas de alcance nacional, as quais, somando meio milhão de seguidores, entre informar e divulgar idéias (sic) liberais e conservadoras —o que não é crime—, também exerciam o importante papel de denunciar as 'fake news' da grande mídia brasileira", defendeu o movimento.

As páginas desativadas, que juntas tinham mais de meio milhão de seguidores, variavam de notícias sensacionalistas a temas políticos, com uma abordagem claramente conservadora, com nomes como Jornalivre e O Diário Nacional, de acordo com as fontes da agência Reuters. Ao deturpar o controle compartilhado das páginas, os membros do MBL eram capazes de divulgar suas mensagens coordenadas como se as notícias viessem de diferentes veículos de comunicação independentes, de acordo com as fontes.

Para o MBL, "o caso é, pois, completamente arbitrário, irônico, mas não surpreendente". Isso porque, de acordo com os ativistas, o Facebook tem manifestado seu viés político e ideológico ao "perseguir, coibir, manipular dados e inventar alegações esdrúxulas contra grupos, instituições e líderes de direita ao redor do mundo".

Após a remoção das "páginas de direita", como classificou o MBL, o grupo orientou seus seguidores a acessar um link do WhatsApp —aplicativo de mensagens instantâneas que também pertence ao Facebook— para receber seu conteúdo de forma direta e "continuar bem informado".

Ao fim do comunicado, o movimento diz que vai utilizar "todos os recursos midiáticos, legais e políticos que a democracia nos oferece para recuperar as páginas derrubadas e reverter a perseguição sofrida, com consequências exemplares para essa empresa".

Facebook explica

Assinado por Nathaniel Gleicher, "líder de cibersegurança" da companhia, o texto que explica a medida diz que o Facebook dá voz a milhões de pessoas no Brasil, e por isso, quer "ter a certeza de que suas conversas acontecem em um ambiente autêntico e seguro".

"As ações que estamos anunciando hoje fazem parte de nosso trabalho permanente para identificar e agir contra pessoas mal intencionadas que violam nossos Padrões da Comunidade. Nós estamos agindo apenas sobre as Páginas e os Perfis que violaram diretamente nossas políticas, mas continuaremos alertas para este e outros tipos de abuso, e removeremos quaisquer conteúdos adicionais que forem identificados por ferir as regras", acrescenta.

A empresa afirma ainda que não querer "este tipo de comportamento" na rede social e está investindo "fortemente em pessoas e tecnologia para remover conteúdo ruim de nossos serviços".

"Contamos com as denúncias da nossa comunidade a respeito de conteúdos que possam violar nossas políticas e usamos tecnologia como machine learning [aprendizado automático, em tradução livre] e inteligência artificial para detectar comportamento ruim e agir mais rapidamente", conclui o comunicado.

O grupo ganhou destaque ao liderar protestos em 2016 pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) com um estilo agressivo de política online que ajudou a polarizar o debate no Brasil. Seguida por mais de 2,8 milhões de pessoas, a página oficial do MBL no Facebook segue no ar.

O Facebook tem enfrentado pressão para combater as contas falsas e outros tipos de perfis enganosos em sua rede.

No ano passado, a empresa reconheceu que sua plataforma havia sido usada para o que chamou de "operações de informação" que usaram perfis falsos e outros métodos para influenciar a opinião pública durante a eleição norte-americana de 2016, e prometeu combater as fake news.

Agências de inteligência dos Estados Unidos afirmam que o governo russo realizou uma campanha online para influenciar as eleições no país, e casos de grupos políticos que usam a rede social para enganar as pessoas têm surgido pelo mundo desde então.

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