Com elogio a Moro e críticas a Skaf, Doria é oficializado candidato em SP

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO

    Alckmin abraça Doria - confirmado candidato pelo PSDB ao governo paulista. Ao fundo, Rodrigo Garcia (DEM), que integrará a chapa como vice

    Alckmin abraça Doria - confirmado candidato pelo PSDB ao governo paulista. Ao fundo, Rodrigo Garcia (DEM), que integrará a chapa como vice

A defesa da candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência e do "legado do PSDB" em São Paulo, mais que dos próprios atributos do candidato, marcou neste sábado (28) a convenção que oficializou o ex-prefeito João Doria como nome do partido na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes para outubro. Rodrigo Garcia (DEM) foi confirmado candidato a vice.

Ao lado de Alckmin, em tom de união, Doria prometeu "empunhar as mesmas bandeiras e causas" do pré-candidato tucano à presidência, garantiu que fará campanha para Alckmin em São Paulo e elogiou o juiz federal Sergio Moro, a quem se referiu como "herói que pôs Lula na cadeia".

Após a exibição de um vídeo que mostrava alguns de seus feitos na gestão municipal, Doria alfinetou Paulo Skaf (MDB), com quem aparece tecnicamente empatado na última pesquisa pesquisa Ibope divulgada em 29 de junho. Doria tem, segundo o levantamente, 19% das intenções de Voto - Skaf aparece com 17%.

"Com todo respeito a você, Skaf, não há estafa no PSDB. Você não  tem autoridade para falar de continuidade", declarou. 

O evento, realizado com um público estimado pela organização em 6.400 pessoas em um centro de convenções da Barra Funda, na capital paulista, selou a aliança PSDB-PSD-DEM-PRB-PTC-PP em São Paulo, estado governado pelos tucanos há 24 anos.

Dario Oliveira/Estadão Conteúdo
Delegados do PSDB enfrentam dificuldade para entrar em convenção estadual

Relação com velha guarda do PSDB

Alckmin chegou à convenção às 13h30, uma hora e meia depois de Doria. Pela manhã, o ex-governador havia participado da convenção nacional do PTB em Brasília. A convenção nacional dos tucanos acontecerá sábado (4), também na capital federal.

Chamado ao palco para falar na condição de "futuro presidente da República", Alckmin enalteceu seus feitos como governador de São Paulo já desde os tempos de Mario Covas, e classificou Doria de "homem da inovação, da parceria e da capacidade de trabalho". O presidenciável comparou os efeitos do acordo partidário com o chamado "centrão" à Constituinte dos anos 1980 e ao Plano Real.

"Todas as vezes que houve no Brasil um acordo de conciliação, os avanços sociais e a economia foram maiores. Foi assim na Constituinte cidadã e no plano real", comparou.

É a segunda vez que Dória disputa um cargo eletivo. Na primeira, em 2016, elegeu-se prefeito paulistano com vitória no primeiro turno — feito inédito na cidade — e após um conturbado processo de prévias que expôs racha no partido. O empresário foi a aposta de Geraldo Alckmin para derrotar as pretensões petistas de reeleger Fernando Haddad.

Pouco mais de um ano e três meses à frente da prefeitura, ele renunciou ao mandato desgastado perante o eleitor paulistano. Além da série de viagens para outros estados em 2017 — o que gerou especulações sobre suposta pretensão presidencial do então prefeito e ruídos na relação com o padrinho Alckmin —, pesou o fato de Doria ter prometido que cumpriria os quatro anos de mandato. Pesquisa Datafolha deste ano mostrou que o tucano deixou a administração municipal com 33% de rejeição.

Para sagrar-se candidato tucano ao governo, Doria novamente teve de passar por prévias e brigas internas — com troca de ofensas públicas com nomes históricos do PSDB, como o ex-governador paulista Alberto Goldman e o suplente de senador José Aníbal.

Em mensagem de vídeo transmitida em um telão, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que "o PSDB é capaz de governar" e pontuou que "o povo quer coisas simples: transporte, moradia, educação, segurança". 

FHC ainda defendeu que político que não "respeitar a lei tem que ir para cadeia" e encerrou: " sozinho, [o estado de] São Paulo não faz milagres", em recado indireto a Alckmin e à militância paulista.

Também em mensagem de vídeo, o ministro Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) disse que estará "profundamente envolvido" na campanha de Doria, mas enfatizou desafios para o próximo presidente da República: "talvez nosso maior desafio será evitar o autoritarismo, os demagogos e o populismo", declarou.

Críticas a Skaf

Entre os participantes da convenção, não faltaram críticas veladas a Paulo Skaf (MDB), também candidato ao governo de São Paulo.

"Precisamos ganhar no primeiro turno ao governo e levar Geraldo Alckmin ao segundo turno. Pegamos o governo de São Paulo quebrado das mãos de Fleury, que hoje protege o [Paulo] Skaf [MDB]. Não podemos voltar atrás", afirmou o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, em referência ao ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho, que deixou o governo em 1995 e foi sucedido por Mário Covas (1930-2001).

Já com Doria no palco, Tobias foi mais direto na associação e lembrou que Fleury "é hoje coordenador de campanha de Skaf". "Vocês querem a volta do passado?", provocou.

O evento foi marcado por uma série de confusões na organização - sobretudo por dificuldades de acesso de imprensa e delegados de partido. Algumas pessoas passaram mal no tumulto na parte externa e precisaram de atendimento médico.

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