Aécio diz ser vítima de ataques covardes ao decidir ser candidato à Câmara

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Fátima Meira/Estadão Conteúdo

    Após concorrer à Presidência em 2014, Aécio tentará vaga na Câmara em 2018

    Após concorrer à Presidência em 2014, Aécio tentará vaga na Câmara em 2018

Sob acusações de que sofre "ataques violentos e covardes", o senador Aécio Neves (PSDB-MG) anunciou nesta quinta-feira (2), em carta, que se candidatará à Câmara dos Deputados por Minas Gerais.

A declaração acontece a três dias do prazo final que os partidos têm para informar à Justiça Eleitoral os respectivos candidatos. A convenção nacional do PSDB que deverá confirmar a candidatura do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República acontecerá neste sábado (4).

Em abril deste ano, a 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) aceitou a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o senador sob acusação crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça. Com a decisão, o tucano se tornou réu pela primeira vez.

Inicialmente, Aécio cogitou tentar se reeleger ao Senado ou até mesmo não participar das eleições deste ano. No entanto, acabou optando pela Câmara dos Deputados, para a qual são necessários menos votos para se eleger do que o Senado.

"Com o objetivo de ampliar o campo de apoio à candidatura que melhor atende ao projeto de reconstrução de Minas, a do senador Antonio Anastasia, informei a ele, hoje, minha decisão pessoal de não disputar, este ano, a eleição para o Senado, colocando meu nome como pré-candidato à Câmara dos Deputados, Casa que já presidi e onde, como líder partidário, à época do governo Fernando Henrique, ajudei a implementar algumas das principais reformas feitas no Brasil contemporâneo", afirmou Aécio na nota.

No texto, Aécio diz que a decisão "não foi fácil", mas ressalta ter "dedicado a vida a defender os interesses de Minas e dos mineiros" e a crise do estado "exigirá uma bancada forte e unida".

Ainda na nota, o senador afirma que "todos conhecem os ataques violentos e covardes" de que tem sido alvo e que "diariamente as falsas versões engolem os fatos". Ao final, porém, diz que "a verdade prevalecerá" e que é inocente de todas as acusações.

Em 2014, Aécio recebeu mais de 51 milhões de votos na eleição para presidente da República. O senador tucano perdeu o segundo turno para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que obteve 51,64% dos votos válidos --ele recebeu 48,36%.

Com a desistência de disputar o Senado, Aécio evita uma repetição do confronto direto contra Dilma, que deve ser confirmada como candidata do PT ao Senado por Minas Gerais em convenção no próximo final de semana.

A denúncia contra Aécio teve como base a delação de executivos da J&F, divulgada em 2017, na qual Aécio foi flagrado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. Nas gravações, Aécio afirma que o dinheiro seria usado para pagar despesas com advogados.

Veja a íntegra da carta de Aécio:

"Caras amigas e caros amigos,

Nos últimos 30 anos, seja no Congresso Nacional ou à frente do governo do nosso Estado, dediquei minha vida a defender os interesses de Minas e dos mineiros.

Por isso, nos últimos meses, refleti muito sobre qual a melhor forma de contribuir para que Minas supere a dramática situação que enfrenta hoje e reencontre o caminho do desenvolvimento econômico e social vivenciado nos anos em que governamos o Estado.

Com o objetivo de ampliar o campo de apoio à candidatura que melhor atende ao projeto de reconstrução de Minas, a do senador Antonio Anastasia, informei a ele, hoje, minha decisão pessoal de não disputar, este ano, a eleição para o Senado, colocando meu nome como pré-candidato à Câmara dos Deputados, Casa que já presidi e onde, como líder partidário, à época do governo Fernando Henrique, ajudei a implementar algumas das principais reformas feitas no Brasil contemporâneo.

A gravidade da situação do nosso Estado exigirá uma bancada forte e unida na defesa dos interesses de Minas no Congresso e junto ao Governo Federal.

Estou certo de que poderei contribuir para isso.

Não foi, como podem imaginar, uma decisão fácil.

Por um lado, porque todas as pesquisas realizadas até aqui apontam meu nome entre os mais bem avaliados na disputa para o Senado.

Por outro, porque estão vivas na minha memória as inúmeras manifestações de estímulo que tenho recebido de lideranças dos mais variados setores e de todas as regiões de Minas.

Mas tomo essa decisão com a responsabilidade daqueles que sempre colocaram os interesses de Minas acima de qualquer projeto pessoal. Os que me conhecem sabem que foi assim que sempre agi e assim continuarei agindo.

Meus amigos,

Todos conhecem os ataques violentos e covardes de que tenho sido alvo. Diariamente as falsas versões engolem os fatos. Mas apesar de todas as injustiças, estou seguro de que, ao final, a verdade prevalecerá e com ela restará provada a correção de todos os meus atos.

Até lá, estarei lutando para que a verdade prevaleça.

Farei isso, em respeito à minha trajetória política, à minha família e a todos que me levaram a conduzir o que muitos consideram o mais exitoso governo da nossa história recente.

E farei isso, especialmente, em respeito a todos aqueles que sempre me honraram com a sua confiança.

Continuarei minha caminhada com o mesmo entusiasmo e determinação, e movido pelo mesmo sentimento que, há tantos anos, me trouxe para a vida pública: o amor a Minas e aos mineiros.


Aécio Neves"

Aécio Neves conversa com Joesley Batista; ouça trechos

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