Lula diz em carta que confirmação de seu nome inicia "luta sem tréguas"

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

Em carta endereçada aos participantes da convenção nacional do PT, que o oficializou neste sábado (4) como candidato do partido à eleição presidencial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a confirmação de seu nome inicia uma "luta sem tréguas pela democracia".

"É enorme a responsabilidade que temos pela frente. A decisão de hoje vai nos conduzir a uma luta sem tréguas pela democracia, pelo povo brasileiro e pelo Brasil", escreveu Lula, que classificou o encontro deste sábado como "um dos mais importantes em toda a história do nosso partido".

"Esta é a primeira vez em 38 anos que não participo pessoalmente de um encontro nacional do nosso partido. Mas sei que estou presente por meio de cada um de vocês, cada dirigente, delegado e militante do PT", diz o recado do ex-presidente.

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No momento em que oficializaram a candidatura de Lula, os delegados presentes levantaram máscaras com o rosto do ex-presidente. Segundo o PT, cerca de 600 delegados confirmaram Lula como candidato à Presidência pelo partido.

Em sua carta, Lula diz ainda que, nos governos do PT, o povo foi tratado como "solução", não como "problema", diferentemente do que teria sido feito nos governos anteriores. "Provamos que é possível fazer diferente e melhor do que sempre fizeram antes".

No texto, Lula ainda lamenta que o país esteja sendo "vendido" e que estatais como a Petrobras e a Eletrobras, além de bancos públicos, estejam "na fila para serem entregues a preço de banana aos grandes grupos estrangeiros".

Lula também diz que a democracia no Brasil está, hoje, ameaçada.

"Já derrubaram uma presidenta eleita; agora querem vetar o direito do povo escolher livremente o próximo presidente. Querem inventar uma democracia sem povo".

Lula termina a carta dizendo que gostaria de estar presente no encontro deste sábado para abraçar cada companheiro e companheira. De todos os candidatos à Presidência oficializados até agora, Lula foi o único que não participou da convenção em que foi escolhido.

"De onde me encontro, estou sempre renovando minha fé de que o dia do nosso reencontro virá, pela vontade do povo brasileiro".

O ex-presidente está preso desde o dia 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, para cumprir pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex. Em tese, a condenação em segunda instância na Operação Lava Jato o deixa inelegível pelos critérios da Lei da Ficha Limpa. Mesmo assim, o PT diz que vai registrá-lo. A legalidade da candidatura depende de uma análise da Justiça Eleitoral.

Lula lidera as principais pesquisas de intenções de voto para a corrida presidencial. Nos cenários sem ele, quem aparece à frente é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ). O petista foi presidente duas vezes (2003-2010) e concorreu em outras três oportunidades (1989, 1994, 1998).

Convenção

Diversos dirigentes do PT, de movimentos sociais e partidos aliados discursaram durante a convenção deste sábado, entre eles o vereador Eduardo Suplicy - candidato ao Senado por São Paulo -, o ex-ministro das relações exteriores Celso Amorim, o ex-prefeito de São Paulo e coordenador do programa de governo de Lula, Fernando Haddad, e a ex-presidente Dilma Rousseff, que chegou quando o evento já estava em andamento.

O nome de Lula foi oficializado pela presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR). "Nós dizemos ao Brasil que Lula é o nosso candidato e vamos registrá-lo nos braços do povo no dia 15 de agosto em Brasília", afirmou Gleisi, que disse que essa é a atitude "mais confrontadora" contra o sistema atual e contra a "mídia golpista".

Gleisi oficializa candidatura de Lula

"Essa é a ação mais confrontadora que fazemos contra esse sistema podre por parte da Justiça que não faz outra coisa senão perseguir Lula", disse a parlamentar. "Vamos tirar Lula da prisão. Vamos voltar a governar esse país. Vamos devolver a alegria para o povo brasileiro".

Não foi anunciado quem será o vice na chapa presidencial encabeçada pelo PT. O partido ainda discute o nome do companheiro de Lula e quando o divulgará. O ex-presidente quer que o vice seja anunciado apenas no dia 14 de agosto, mas uma ala da legenda defende que o anúncio seja feito até esta segunda-feira (6), para não correr risco de impugnação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

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