Confirmada na chapa de Ciro, Kátia Abreu diz que será vice "disciplinada"

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

O PDT confirmou nesta segunda-feira (6) que a senadora Kátia Abreu (TO) será a candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (CE).

"Serei uma vice disciplinada, a exemplo de meu querido e saudoso amigo Marco Maciel, que era um vice exemplar e invejado por todos os vices do país. Terei o meu papel, que estarei pronta para desempenhar, mas sob o seu comando, sob a sua direção, porque confio totalmente no comandante deste navio", declarou. Marco Maciel (PFL, hoje DEM) foi vice de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e ficou conhecido pelo estilo discreto.

Segundo Kátia, a população busca um candidato, além de competente e firme, honesto. Ela disse que isso, ao seu ver, foi fundamental para aceitar ser candidata a vice por transmitir tranquilidade e confiança.

"Estou muito orgulhosa e obstinada em enfrentar esse desafio na minha vida, que talvez seja um dos maiores. [...] Desde antes, antes de me filiar ao PDT, escolhi Ciro para ser meu candidato a presidente. Apoiei e escolhi por convicção, porque tenho certeza absoluta de que ele se preparou para isso [Presidência]", declarou.

Assim como Ciro, ela é filiada ao PDT. Kátia Abreu foi expulsa do MDB no ano passado por ter criticado o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e ter feito oposição a Michel Temer. Até o momento, o único aliado do PDT é o Avante.

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Ela admitiu que gostaria que o PDT contasse com mais partidos na coligação, o que não foi possível, mas estará junto a Ciro nas "tempestades" e também no "céu limpo". A senadora afirmou que a chapa fará uma campanha respeitosa sem atacar adversários nem trazer à tona malfeitos anteriores.

No evento, Ciro Gomes afirmou que Kátia Abreu tem o nome "limpo" e uma trajetória exemplar, além de já tê-lo apoiado nas eleições de 2002. "Na época, [Kátia] já liderava o mundo da agricultura brasileira", destacou.

Na visão de Ciro, ela "pagou o preço" pela "correção e respeito" ao povo ao afrontar o MDB nos últimos anos, em especial no período do impeachment. "[Ela] afronta a quadrilha de corruptos que dominou a burocracia no seu velho partido e ajuda a defender o Brasil resistindo contra o avanço das forças do golpe", discursou.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que um dos fatores que pesaram a favor de Kátia Abreu foi pelo "papel coerente e honrado" dela no processo de impeachment de Dilma [Rousseff], em que se posicionou contra a deposição da petista.

Lupi garantiu que Kátia não será uma vice de "aparências", mas "atuante". Apesar da troca de elogios mútuos nesta segunda, em 2011, na época filiada ao PSD, Kátia atacou Lupi quando este era ministro do Trabalho por supostas irregularidades na prestação de contas do uso de um avião particular fretado.

"Lupi é um escroque, frio e calculista, cínico. Fica se escondendo na barra da saia da Dilma ao tentar misturar as denúncias contra ele com o governo", afirmou Kátia Abreu no Senado à época. Lupi negou as acusações.

Nesta segunda, mesmo com o pedido da imprensa para realizar perguntas no ato convocado pelo PDT, Lupi proibiu questionamentos. Ciro e Kátia saíram sem dar entrevistas.

A decisão sobre a composição da chapa foi tomada neste domingo (5) e anunciada oficialmente em ato na sede do PDT em Brasília nesta segunda, último dia para a divulgação de todos os candidatos, segundo a Justiça Eleitoral. Kátia Abreu é a quinta mulher a ser indicada como candidata a vice na corrida pelo Planalto das eleições de outubro.

A senadora é conhecida pela defesa do setor agropecuário, é ex-líder da bancada ruralista na Casa e ex-ministra da Agricultura durante o segundo mandato de Dilma Rousseff.

Antes de escolher a colega de partido para ser sua vice, Ciro Gomes buscou o apoio do PSB na coligação. No entanto, após movimentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para barrar a aliança, o partido declarou-se neutro na disputa – um revés na candidatura do pedetista. Ele esperava contar com o PSB para avançar nos votos do eleitorado de esquerda.

Na última pesquisa eleitoral Datafolha, de 10 de junho, Ciro Gomes conseguiu entre 6% e 11% das intenções de voto. O cenário mais favorável a ele foi o que não contava com a presença de Lula nem de candidato do PT.

No ato, o PDT também oficializou apoio à reeleição do atual governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB).

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