Nos bastidores, debate tem encarada, ironia na plateia e pedido de VAR
Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo
Diante das câmeras, os candidatos tentavam manter uma boa postura, mostrar simpatia e cativar o eleitor. Nos bastidores, não faltaram momentos de tensão, muita conversa com assessores e até encaradas entre rivais.
Durante o primeiro debate com os candidatos à Presidência da República das eleições de 2018, promovido pela Band, na noite desta quinta-feira (9), oito políticos estavam presentes no palco, perfilados ao lado do âncora e mediador, Ricardo Boechat. Na plateia, havia ao menos 126 militantes, entre integrantes das campanhas, políticos, jornalistas e convidados.
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Comparada a debates de eleições anteriores, a plateia se comportou. Durante as três horas de sua duração, houve poucas interferências dos convidados.
A primeira, no terceiro bloco, foi um assobio do deputado estadual Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), quando seu pai, candidato a presidente, afirmou ser a única alternativa positiva de voto este ano. Foi seguido de aplausos de aliados do PSL, inclusive do astronauta Marcos Pontes e do general da reserva Augusto Heleno, que chegaram a ser cotados a vice de Bolsonaro.
Seu escolhido, Hamilton Mourão (PRTB), foi o único vice, aliás, que não acompanhou o candidato cabeça de chapa no debate. A campanha de Bolsonaro não justificou a ausência.
A segunda interferência ocorreu após o candidato Ciro Gomes (PDT) ter sido escolhido para uma pergunta. O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, gritou "finalmente" e aplaudiu, seguido por seus correligionários.
Após o momento mais tenso do debate, no primeiro bloco, quando Guilherme Boulos (PSOL) e Bolsonaro se acusaram mutuamente, ambos trocaram encaradas, fora do alcance das câmeras - o que ocorreu duas vezes. Na primeira, Bolsonaro coçou o nariz olhando para Boulos e deu risada, sendo ignorado. Na segunda, ambos riram ironicamente um do outro.
Os dois estavam lado a lado no auditório. Na plateia, também na mesma disposição, estavam os convidados de PSL e PSOL. Mas não houve nenhuma troca de ofensas ou desrespeito entre as pessoas atrás das câmeras.
Por duas vezes, Boulos chegou a fazer o gesto imitando os árbitros de futebol e pediu "VAR", sistema de vídeo utilizado recentemente na Copa do Mundo para verificar lances polêmicos. Primeiramente, durante uma resposta que não concordou de Henrique Meirelles (MDB). Depois, quando teve um pedido de direito de resposta, contra Bolsonaro, negado por unanimidade.
No último bloco, enquanto Boulos citava movimentos sociais em seus agradecimentos, o presidente do PSL em São Paulo, Major Olímpio, complementou as siglas mencionadas pelo coordenador nacional do MTST. "PCC", disse o major, fazendo referência à facção criminosa.
Já o Cabo Daciolo (Patriotas) arrancou risos da plateia sempre que terminava uma resposta com a expressão "para honra e glória do Senhor Jesus".
Enquanto Daciolo fazia suas considerações finais, com direito a leitura de um versículo da Bíblia, muitos que estavam na plateia falaram "amém", ironizando o candidato.
Do lado de fora do estúdio da Band, dois grupos protestavam. Um de militantes de João Amoêdo (Novo) e outro de militantes petistas, que reclamavam da ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Amoêdo não foi convidado (seu partido não tem cinco parlamentares no Congresso). Lula está preso em Curitiba, e a Justiça não autorizou sua participação.
Dois homens em uma caminhonete, apoiadores de Bolsonaro, pararam o carro no meio na manifestação. Houve bate-boca, mas logo depois os militantes de Bolsonaro deixaram o local.
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