Minha prisão é para impedir a volta do PT à Presidência, diz Lula no NYT

Do UOL, em São Paulo

A um dia de registrar sua candidatura para disputar o Planalto pela sexta vez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em artigo assinado por ele e publicado no jornal norte-americano "The New York Times" nesta terça-feira (14), que sua prisão "foi a última fase de um golpe em câmera lenta destinado a marginalizar permanentemente as forças progressistas no Brasil". "Pretende-se impedir que o Partido dos Trabalhadores seja novamente eleito para a Presidência", escreveu.

Lula afirma também que é o líder nas pesquisas de intenção de voto em que seu nome é testado. Ele diz acreditar que isso mostra que "milhões de brasileiros entendem" que sua prisão "não tem nada a ver com corrupção". "E eles entendem que eu estou onde estou apenas por razões políticas", comentou. "Eu não peço para estar acima da lei, mas um julgamento deve ser justo e imparcial".

O ex-presidente diz que "forças de direita me condenaram, me prenderam, ignoraram a esmagadora evidência de minha inocência e me negaram Habeas Corpus apenas para tentar me impedir de concorrer à presidência".

"Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem me derrotar de verdade, façam nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder vem do povo, que elege seus representantes. Então, deixe o povo brasileiro decidir. Eu tenho fé que a justiça prevalecerá, mas o tempo está correndo contra a democracia".

No texto, o petista ressalta pontos positivos de seu governo e critica seu antigo aliado, o atual presidente Michel Temer (MDB), que assumiu o governo brasileiro após o impeachment de sua sucessora, Dilma Rousseff (PT). "Os conservadores do Brasil estão trabalhando muito para reverter o progresso dos governos do Partido dos Trabalhadores, e eles estão determinados a nos impedir de voltar ao cargo no futuro próximo".

Lula diz que o aliado dos conservadores é o juiz federal Sergio Moro, que o condenou, em primeira instância, no processo do tríplex em julho do ano passado. O ex-presidente teve sua condenação confirmada pela segunda instância em janeiro deste ano e, desde abril, está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

"Eles [Moro e a força-tarefa da Lava Jato] criaram um show para a mídia quando me levaram para depor à força [em março de 2016], me acusando de ser o 'mentor' de um vasto esquema de corrupção. Esses detalhes aterradores raramente são relatados na grande mídia", comentou o ex-presidente.

Para o petista, "Moro tem sido celebrado pela mídia de direita do Brasil". "Ele se tornou intocável. Mas a verdadeira questão não é o senhor Moro; são aqueles que o elevaram a esse status de intocável: elites de direita, neoliberais, que sempre se opuseram à nossa luta por maior justiça social e igualdade no Brasil".

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