Alckmin nega no "JN" que PCC continue comandando crimes de dentro da cadeia

Do UOL, em São Paulo

Em entrevista ao "Jornal Nacional" nesta quarta-feira (29), o candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) negou que líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) continuem comandando crimes de dentro das penitenciárias paulistas, onde estão presos.

"Isso aí são coisas que vão sendo repetidas e acabam se tornando realidade", afirmou à jornalista Renata Vasconcellos.

Questionado sobre o surgimento e o fortalecimento da facção criminosa, que nasceu em São Paulo e hoje é uma das principais do país, Alckmin não admitiu falhas e disse que a política de segurança pública do estado é um "exemplo".

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Além de dizer que São Paulo tem "a melhor polícia do Brasil", o tucano afirmou que, em comparação ao ano de 2001, o estado teve uma queda de 10 mil assassinatos. Perguntado por Renata se a diminuição na taxa de homicídios não teria como motivo o domínio do PCC sobre a criminalidade, Alckmin voltou a negar.

"Dizer que 10 mil pessoas deixam de ser mortas por ano e que a culpa disso, a proposta é o crime que fez? É a polícia que fez", disse o candidato.

Perguntado sobre bilhetes encontrados pela polícia em presídios onde estão membros da cúpula do PCC e sobre ligações interceptadas dentro das cadeias, Alckmin negou mais uma vez que haja comandos de dentro das penitenciárias.

"[Em São Paulo] Temos 22% da população brasileira, 35% da população carcerária. São Paulo prende, é cana dura", afirmou, para complementar: "e eu sendo presidente do Brasil, vou mudar a Lei de Execução Penal, acabar com saidinha a toda hora".

Em seguida, o tucano afirmou que o problema do Brasil é o tráfico de drogas e de armas. O jornalista William Bonner, então, disse que o ponto tem sido uma concordância geral entre os candidatos nos últimos anos, mas que não se chega à execução das propostas na área. "Vamos executar", replicou o tucano.

Reprodução/TV Globo
Geraldo Alckmin (PSDB) participa de entrevista no Jornal Nacional

Alianças e corrupção

Questionado sobre sua aliança com o centrão --bloco formado por PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade--, Alckmin voltou a afirmar que, com o acordo, terá maioria no Congresso para executar reformas em um eventual governo seu.

"Ou vamos continuar no marasmo que está o Brasil, ou vamos fazer reformas", disse, prometendo que irá fazer uma reforma partidária para reduzir o número de partidos e que defenderá o voto facultativo e o voto distrital.

Perguntado sobre os investigados na Operação Lava Jato que figuram entre as siglas que fecharam aliança com o PSDB, Alckmin disse que os partidos "têm bons quadros". "A primeira reforma que vou fazer é a reforma política. Vou reformar com os melhores quadros de todos os partidos", afirmou.

Bonner, então, pontuou que dentro do PSDB permanecem dois nomes polêmicos: o do senador Aécio Neves, investigado por supostos desvios de verba, e o de Eduardo Azeredo, que condenado em segunda instância e preso. Alckmin defendeu Aécio --"não foi condenado, está sendo investigado"-- e afirmou que Azeredo "já está afastado da política há muito tempo".

"Mas ainda está no partido", retrucou Bonner. O tucano, então, deu a entender que Azeredo irá deixar o partido por vontade própria, e que não há necessidade de expulsá-lo. "Não há constrangimento em mantê-lo no partido?", insistiu o jornalista, questionando se a ética cobrada pelo PSDB a outros partidos também vale dentro da sigla.

"Vale, e não vamos para a porta da penitenciária contestar a Justiça", rebateu o tucano, que em outro momento afirmou: "nem tudo que é legal é ético".

Questionado sobre a prisão de Laurence Casagrande, ex-presidente da Dersa e seu ex-secretário de Logística e Transportes, Alckmin afirmou que seu posicionamento em defendê-lo é "absolutamente coerente".

"Bonner, temos que ser justos. Eu acho que o Laurence está sendo injustiçado. Espero que amanhã, quando ele seja inocentado, tenha o mesmo espaço para fazer Justiça", disse.

O jornalista ainda mencionou que há relatos de testemunhas que apontam que Alckmin estaria envolvido em negociações irregulares no caso. "O senhor omite esses relatos de testemunhas", disse. "Eles estão em segredo de Justiça. Você é mais poderoso do que eu e consegue [ter acesso]", replicou o candidato.

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