Atentado a bomba matou 2 pessoas durante campanha presidencial na ditadura

Flávio Costa e Guilherme Azevedo

Do UOL, em São Paulo

  • Folhapress

    O marechal Arthur da Costa e Silva, presidente do Brasil durante a ditadura militar

    O marechal Arthur da Costa e Silva, presidente do Brasil durante a ditadura militar

Na manhã de 25 de julho de 1966, durante a ditadura militar, um atentado a bomba no aeroporto dos Guararapes, no Recife, matou duas pessoas e feriu outras 14, durante visita de campanha do candidato a presidente Arthur da Costa e Silva, um marechal do Exército.

É o paralelo na história brasileira recente mais próximo do atentado desta quinta-feira (6) contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), segundo o historiador e cientista político Luiz Felipe de Alencastro.

A versão que ganhou as manchetes dos jornais no Brasil foi a de que terroristas tinham tentado assassinar Costa e Silva, o candidato dos militares, que chegara ao Recife de avião para atos de campanha, após visita a João Pessoa.

Era época de eleições indiretas, após o golpe militar de 1964, e a eleição era muito mais algo formal e meramente ritualístico, decidida no Congresso Nacional, que era controlado pelo partido de apoio aos militares.

Reprodução

Na hora do desembarque, a comitiva de Costa e Silva decidiu mudar o trajeto no aeroporto, não passando pelo saguão, onde seria recebida por apoiadores locais.

Durante a dispersão dos presentes ao saguão, foi encontrada uma mala abandonada, que explodiu enquanto era levada pelo guarda civil Sebastião Tomaz de Aquino. O policial se feriria com gravidade e perderia uma perna, e o jornalista Edson Régis e o vice-almirante Nelson Gomes Fernandes morreriam com a explosão.

Arthur da Costa e Silva seria "eleito" pelo Congresso Nacional a 3 de outubro do ano daquele atentado, ficando na Presidência da República entre 15 de março de 1967 e 31 de agosto de 1969.

Historiadores, como Marcília Gama, da Universidade Federal de Pernambuco, afirmam, contudo, que a versão militar oficial, de que o atentado visava atingir Costa e Silva, conflitava com o próprio inquérito militar que apurava o caso. Estudiosos dizem que foi um "plano orquestrado" pelos militares para criar um clima de pânico na população e jogá-la contra a oposição ao regime.

Sobre o atentado a Bolsonaro, especificamente, Alencastro diz que é preciso o repúdio coletivo ao caso. "Fere a todos. É lamentável."

Atentado a faca contra Prudente de Moraes

Para o escritor e pesquisador Eduardo Bueno, autor do livro "Brasil, Uma História - A Incrível Saga de um País", o paralelo histórico com o atentado sofrido por Bolsonaro pode ser feito com o ataque a faca sofrido pelo então presidente da República, Prudente de Moraes, acontecido no dia 5 de novembro de 1897.

Reprodução
Prudente de Morais, que foi alvo de atentado em 1897

O presidente participava de uma cerimônia no Arsenal de Guerra, localizado na hoje praça Mauá, no Rio de Janeiro, para receber as primeiras forças militares que voltavam da Guerra de Canudos (1896-97).

O soldado Marcelino Bispo de Melo tentou matar Moraes com uma garrucha, que falhou. Ele então puxou uma pequena faca e acabou acertando fatalmente o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado de Bittencourt.

Bueno lembra que o vice-presidente Manuel Vitorino chegou a ser indiciado no inquérito do caso. Apesar de ter ficado de fora do processo, sua carreira política foi arruinada.

O autor do atendado se enforcou na prisão dois meses após o crime.

Reprodução/Planalto.gov.br
Getúlio Vargas, que assumiu a Presidência em 1930

Morte de João Pessoa: estopim da "Revolução de 1930"

Outro atentado político marcante da história do Brasil foi o assassinato de João Pessoa, governador da Paraíba. Ele foi morto a tiros no dia 26 de julho de 1930, meses depois de perder a eleição para vice-presidente da República.

Pessoa era apoiado pelo gaúcho Getúlio Vargas, que havia perdido a eleição para a Presidência da República. Washington Luís, de São Paulo, venceu o pleito.

O homicídio foi estopim para o golpe de Estado conhecido como "Revolução de 1930", que colocou Vargas no poder.

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