Uso de imagens de facada em campanha causa divergência entre aliados

Gustavo Maia e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

  • Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo

    06.set.2018 - Bolsonaro é socorrido após ser esfaqueado em campanha em Juiz de Fora

    06.set.2018 - Bolsonaro é socorrido após ser esfaqueado em campanha em Juiz de Fora

As imagens que mostram o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) sofrendo um golpe a faca, durante um ato com eleitores, em Juiz de Fora (MG), na última quinta-feira (6), devem ser usadas na campanha. A informação é do senador Magno Malta (PR-ES), que visitou o candidato na manhã desta sexta-feira (7), no hospital Albert Einstein, no Morumbi, zona sul de São Paulo.

"É a última imagem que nós temos de Bolsonaro. É a imagem que temos que usar", disse na porta do hospital. O senador, no entanto, não explicou a forma como a campanha usará as imagens. O presidenciável está na UTI do hospital desde ontem, quando chegou da cidade mineira, onde havia sido operado na Santa Casa de Juiz de Fora.

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O senador disse que as imagens mostram que Bolsonaro não promove a intolerância política. "Se o Bolsonaro pregasse violência mesmo, destruir pessoas, os seguidores dele que lá estavam tinham matado o cara. Se a polícia fosse tudo isso que eles falam, tinham matado ele ali. Pelo contrário, entregaram para a Justiça", disse.

Ainda segundo o senador, o fato de ele não poder mais fazer o corpo a corpo antes do primeiro turno não deve influenciar negativamente a campanha. "Quem é que não sabe quem é e o que pensa cada candidato? O Brasil sabe o que o Bolsonaro fala e o que o Bolsonaro é", disse.

"A gente não vai ter condição de submeter o cara [Bolsonaro, à campanha nas ruas] com a cirurgia que ele teve. Mais cinco minutos e ele estava morto. Quando os médicos estão falando em oito, dez dias, estão falando da estabilização dele. Daqui pra frente, nós que somos Bolsonaro fazemos a campanha dele, porque, se depender dele, realmente não vai ter como", complementou.

Divergência sobre uso da imagem

Anfitrião de Bolsonaro em Juiz de Fora e presidente do diretório mineiro do partido, o deputado Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) ajudou a carregar o presidenciável logo após a facada. Questionado pela reportagem sobre a ideia de usar a imagem do ataque na campanha, o parlamentar disse não saber se a estratégia seria "conveniente".

"Olha só, as imagens o Brasil inteiro já assistiu, teve acesso. Eu não sei se seria conveniente usá-las como estratégia de campanha. Mas, se for decidido assim, será respeitado, obviamente", disse o deputado, que classificou o episódio como uma "experiência terrível, assustadora".

Álvaro Antônio disse ainda que o próprio candidato será determinante nessa decisão. O deputado deve participar de reunião do PSL prevista para este sábado, para decidir os rumos da campanha.

Indagado sobre divergências de pensamentos de integrantes da campanha a respeito do uso das imagens, o senador Magno Malta reafirmou, à tarde, que elas devem ser usadas. "Não é todo mundo que acha isso. A maioria acha [que as imagens devam ser usadas]", afirmou.

Filho do presidenciável, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse que não está se preocupando no momento com a campanha e disse estar atento, apenas, com a saúde do pai. Ele considerou "irrelevante" usar ou não as imagens, apontando que aquilo que a campanha definir será apoiado.

O economista Paulo Guedes, um dos principais assessores do candidato, também chegou ao hospital, mas disse que não visitaria Bolsonaro porque o candidato "tem que descansar".

Veja como foi o ataque a Jair Bolsonaro em Juiz de Fora

Foi por pouco, disse médica diretora da Santa Casa

Na noite de quinta-feira (6), após ter sido esfaqueado, Bolsonaro foi levado à Santa Casa de Juiz de Fora (MG), onde foi operado. A perfuração deixou lesões graves em órgãos intra-abdominais do candidato. Além da lesão no intestino grosso, Bolsonaro teve três perfurações no intestino delgado. A cirurgia foi considerada um sucesso.

Na manhã de sexta-feira (7), Bolsonaro aceitou ser transferido para São Paulo. Inicialmente, tinha manifestado a vontade de ir para o Hospital Central do Exército, mas, depois, aceitou ser levado para o hospital Albert Einstein, no Morumbi, zona sul de São Paulo, onde chegou na manhã de ontem.

A médica Eunice Dantas, diretora técnica da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora (MG), onde o tratamento de Bolsonaro teve início, afirmou que ele perdeu quase metade do sangue do corpo. ""Ele perdeu de 40% a 50% do sangue do corpo. Um homem adulto como ele tem entre cinco e cinco litros e meio", disse.

Segundo a diretora, a agilidade em levá-lo ao hospital foi fundamental para que o ataque não tivesse resultado mais grave. "Foi por pouco. Se ele não chegasse no hospital naquele momento, ele poderia ter morrido. Foram quatro bolsas de sangue para ajudá-lo."

Ainda segundo a médica, por uma questão de centímetros, Bolsonaro não foi golpeado em uma região com "estruturas muito nobres e com vasos muito mais calibrosos". "Se pega [frontalmente] no intestino grosso dele, se pega uma artéria, seria muito pior", afirmou.

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