Aliado de Bolsonaro ironiza resultado do Datafolha: "o Pluto ganha também"

Gustavo Maia

Do UOL, em São Paulo

  • Walterson Rosa/Estadão Conteúdo

    5.set.2019 - Bolsonaro durante carreata no Distrito Federal, um dia antes de ser atacado

    5.set.2019 - Bolsonaro durante carreata no Distrito Federal, um dia antes de ser atacado

Do quarto da UTI do hospital onde está internado em São Paulo, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) assistiu na noite desta segunda-feira (10) à divulgação da última pesquisa Datafolha no Jornal Nacional, da TV Globo, mas não fez qualquer comentário. Sonolento, ele era acompanhado pela mulher, Michelle, e pelo presidente em exercício do seu partido, o advogado Gustavo Bebianno.

Esta foi a primeira pesquisa divulgada desde que Bolsonaro levou uma facada durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), na última quinta (6).

Ao UOL, Bebianno disse não acreditar no resultado do levantamento, que apontou um crescimento em relação à última pesquisa de dois pontos percentuais para o presidenciável, de 22% para 24% --dentro da margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. A rejeição do presidenciável, porém, passou de 39% para 43%, a maior entre todos os candidatos.

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Segundo Bebianno, Michelle apenas deu risada diante dos números coletados pelo instituto. Apesar de Bolsonaro estar na liderança isolada, seguido de quatro candidatos que aparecem empatados tecnicamente em segundo lugar, o motivo da descrença foram as simulações de segundo turno em que ele foi testado.

De acordo com o levantamento, ele seria derrotado por Ciro Gomes (PDT), por 45% a 35%, Marina Silva (Rede), 43% a 37% e Geraldo Alckmin (PSDB), 43% a 34%. A simulação mais favorável a Bolsonaro traz o ex-prefeito de São Paulo e provável candidato do PT, Fernando Haddad (PT) com 39%, tecnicamente empatado com ele, que aparece com 38%.

"Se puserem o Boulos no segundo turno, o Boulos ganha. O Pluto ganha também. É ridículo. Honestamente a gente não deposita a menor credibilidade", disse Gustavo Bebianno.

Um dos mais próximos aliados de Bolsonaro, o advogado citou o candidato do PSOL e líder do MTST (Movimento de Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, e Pluto, o destrambelhado personagem canino da Disney.

"Há muito tempo, pelo que a gente vê na rua, é mais de 35%. Eu não conheço uma única pessoa que disse que vai votar na Marina Silva. E eu converso com todo mundo", comentou Bebianno, que criticou a combinação do Datafolha com Globo. A empresa foi contratada pela TV e pela Folha de S. Paulo.

Além de Bebianno e Michelle, também estava no hospital o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos do presidenciável. Segundo o presidente em exercício do PSL, o candidato está falando muito pouco por recomendação médica, "por conta de gases no abdômen".

Bolsonaro está internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, desde a última sexta-feira (7), quando foi transferido da cidade mineira em um jatinho.

"No primeiro turno"

Antes do ataque, o próprio Bolsonaro e seus aliados já falavam em vencer o pleito já no próximo dia 7 de outubro. Depois, essa hipótese ganhou mais força. "Vocês acabaram de eleger o presidente, vai ser no primeiro turno", disse Flávio Bolsonaro, ainda em Juiz de Fora, na madrugada de sexta (7).

Questionado no sábado sobre o efeito eleitoral da facada, Bebianno disse que isso "até irrita um pouco, porque tem muitos políticos perguntando". "Obviamente, em primeiro lugar está a saúde dele. Mas ele está pagando um preço muito alto, e por isso ele merece ganhar agora no primeiro turno", declarou.

Vice na chapa de Bolsonaro, o general da reserva do Exército Hamilton Mourão disse na sexta-feira que o atentado sofrido pelo presidenciável deve ajudar na sua vitória. "Nós julgamos que o sangue derramado pelo Bolsonaro vai unir todo o Brasil em torno do nosso projeto e nós vamos vencer a eleição", declarou.

O senador Magno Malta (PR-ES), por sua vez, resolveu ironizar os jornalistas dizendo que Bolsonaro não precisa mais fazer campanha porque a imprensa está fazendo para ele, já que de seis segundos por bloco na TV --na verdade são oito-- ele passou a ter 24 horas de exposição.

Uma repórter então perguntou se ele acha que o atentado foi bom para a campanha. "Claro que não, né? Mas esse limão acabou virando uma limonada", respondeu o senador.

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