Quando Justiça for feita, estarei com Haddad no governo, diz Lula em carta

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

Na carta em que anunciou Fernando Haddad como candidato do PT à Presidência, divulgada nesta terça-feira (11) em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, quando sua inocência for reconhecida, estará com o presidenciável "para fazer o governo do povo e da esperança". Lula está preso desde abril após condenação em duas instâncias na Operação Lava Jato.

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"Eu sei que um dia a verdadeira Justiça será feita e será reconhecida minha inocência. E nesse dia eu estarei junto com o Haddad para fazer o governo do povo e da esperança. Nós todos estaremos lá, juntos, para fazer o Brasil feliz de novo", diz Lula na mensagem, lida pelo advogado e ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh.

O ex-presidente também pediu abertamente "a todos que votariam" nele, que agora votem em Haddad. 

Nós já somos milhões de Lulas e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros
Ex-presidente Lula

Na leitura da carta, Greenhalgh estava ao lado de Haddad e a mulher do candidato, Ana Estela Haddad; a nova candidata a vice, Manuela D'Ávila (PCdoB); a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR); e a ex-presidente da República Dilma Rousseff, entre outros. 

"Ação, omissão e protelação" do Judiciário

A "bênção" de Lula a Haddad completa o processo de troca de candidato presidencial do PT, no último passo de uma coreografia em que o partido jamais quis admitir a existência de uma alternativa eleitoral ao ex-presidente -- nem mesmo quando ele foi condenado em segunda instância, o que o levou para a cadeia e a torná-lo inelegível, segundo a Lei da Ficha Limpa. 

A estratégia do partido sempre foi a de não tomar a iniciativa de substituir Lula, deixando nas mãos dos juízes os vetos ao ex-presidente como candidato. No entanto, hoje se esgotava o prazo determinado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para a troca de candidato, e recursos para garantir Lula nas urnas ainda não haviam sido analisados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Assim, havia o risco de o PT ficar sem candidato a presidente.

Em sua carta, Lula acusou o Poder Judiciário, por "ação, omissão e protelação", de privar o país "de um processo eleitoral com a presença de todas as forças políticas", e afirmou que "foi incluído artificialmente na Lei da Ficha Limpa para ser arbitrariamente arrancado da disputa eleitoral".

"É diante dessas circunstâncias que tenho de tomar uma decisão, no prazo que foi imposto de forma arbitrária. Estou indicando ao PT e à Coligação 'O Povo Feliz de Novo' a substituição da minha candidatura pela do companheiro Fernando Haddad, que até este momento desempenhou com extrema lealdade a posição de candidato a vice-presidente", disse o ex-presidente na mensagem.

Lula voltou a questionar a legitimidade de sua condenação e a dizer que "talvez nada disso tivesse acontecido" se não liderasse as pesquisas ou se abrisse mão de sua candidatura.

Na pesquisa Datafolha de 22 de agosto, última em que seu nome apareceu, Lula tinha 39% e liderava com folga.

O nome de Haddad como substituto de Lula foi aprovado pouco antes das 14h pela Executiva Nacional do PT, em medida que apenas formalizou uma decisão já tomada pelo ex-presidente.

Mesmo ungido por Lula, Haddad nunca foi unanimidade entre lideranças do PT e continua desconhecido de boa parte do eleitorado. Com a confirmação do ex-prefeito como candidato, serão postos à prova o poder de Lula como fator de união do PT e como cabo eleitoral.

No Datafolha de segunda (10), Haddad teve 9% das intenções de voto, atrás de Jair Bolsonaro (PSL) e empatado tecnicamente com Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). 

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