Violência em São Paulo

Presídios de SP são controlados pelo governo, não por facção, diz Alckmin

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou, durante sabatina promovida por UOL, Folha e SBT nesta terça-feira (11), que a gestão dos presídios no estado de São Paulo "não deu errado" e que a Secretaria da Administração Penitenciária tem total controle das unidades prisionais paulistas.

Inquérito finalizado pela Polícia Civil de São Paulo, entretanto, aponta que o PCC (Primeiro Comando da Capital) expandiu, a partir de presídios paulistas, sua atuação para outros estados e países, sob o comando de lideranças que transformaram suas celas em núcleos de comando das facções.

Os presídios de São Paulo são controlados pela SAP, não tem nada de facção criminosa. 

A investigação embasou denúncia do MP (Ministério Público) apresentada em junho deste ano contra os líderes da facção. A produção de provas feita pela polícia ocorreu enquanto o governador do estado era Geraldo Alckmin. Promotoria paulista também apontou que o PCC está mais violento e mais fortalecido, com cerca de 30.000 membros "batizados" pela facção

O ex-governador disse que crime organizado existe no mundo inteiro e que não é um problema exclusivo do Brasil ou de São Paulo. "Por que num lugar cresce e num outro não cresce? Porque num lugar tem segurança, no outro, não tem segurança. Agora, o problema é do Brasil inteiro", afirmou.

"Nós investigamos, a SAP e o Ministério Público. E prendemos, no Brasil, 67 líderes de crime organizado", diz Alckmin. Essas prisões ocorreram durante investigação da Polícia Civil e da Promotoria que apontaram a expansão do PCC para outros estados e países, com coordenações ocorridas de dentro de presídios paulistas.

A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público em 5 de junho deste ano, pelo promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que investiga o núcleo de Presidente Venceslau, penitenciária em que está reclusa a cúpula do PCC. "A atuação transnacional, a organização empresarial, o PCC já tem. É uma pré-máfia", diz o promotor.

O candidato, entretanto, cita um problema federal, o controle de fronteiras, para justificar o fortalecimento do crime organizado.

Nosso problema é fronteira. E reconheço que é um problema grave. São 17 mil km de fronteira seca com os maiores produtores de droga do mundo.

Alckmin propõe combater esses grupos a partir de investimento em tecnologia. "Como é que você controla 17 mil km de fronteira? Tecnologia. Tive com o general [comandante do Exército] Eduardo Vilas Bôas. Ampliar o sistema de fronteiras. Chamar os países vizinhos", afirmou.

Ainda discutindo segurança pública, Alckmin citou a redução no número de homicídios em São Paulo. "Nós tínhamos 35 mil homicídios ao ano em 2001. 13.300 pessoas assassinadas. O Capão Redondo, aqui na zona sul de São Paulo, era tido como uma das regiões mais violentas do mundo. Reduzimos de 13 mil para 11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4 e, no ano passado, 3.503. Para uma população de 45,5 milhões de habitantes, dá 8,02. Nós salvamos 10 mil vidas por ano. Vou fazer isso no Brasil", disse o candidato.

"Vou pegar as 150 cidades mais violentas do Brasil. Fazer uma força-tarefa de investigação, gestão, tecnologia. Nós vamos salvar vidas", disse o candidato. Ele prometeu, caso eleito, criar uma brigada nacional, com 5.000 homens e mulheres, para colaborar no combate ao crime.

Sabatinas e debates

Na última pesquisa Datafolha, divulgada na segunda-feira (10), Alckmin aparece com 10% das intenções de voto. Jair Bolsonaro (PSL) lidera as intenções de voto, com 24%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. 

Os presidenciáveis estão sendo entrevistados por jornalistas do UOL, Folha e SBT. Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL) e Alvaro Dias (Podemos) já foram sabatinados. A ordem das próximas entrevistas previstas, definidas por sorteio, é a seguinte:

12/9 – Cabo Daciolo (Patriota)
13/9 – Henrique Meirelles (MDB)
14/9 – Jair Bolsonaro (PSL)

Foram convidados os candidatos dos partidos com representatividade no Congresso (com ao menos cinco parlamentares), conforme determina a legislação eleitoral.

Como o PT não indicou o substituto na corrida eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve sua candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a sabatina com o presidenciável petista, que estava agendada para 5 de setembro, não aconteceu. Internado, Jair Bolsonaro pode não participar do evento. 

UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro. Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos.

Veja íntegra da sabatina UOL, Folha e SBT com Geraldo Alckmin

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