Marina Silva diz que ataque a Bolsonaro desconstrói discurso sobre armas

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Luciana Amaral/UOL

    13.set.2018 - Marina Silva posa com indígenas durante ato de campanha em Brasília

    13.set.2018 - Marina Silva posa com indígenas durante ato de campanha em Brasília

A candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) afirmou nesta quinta-feira (13) que o ataque a faca sofrido pelo adversário Jair Bolsonaro (PSL) desconstrói o discurso dele em defesa da flexibilização do porte de armas no Brasil.

"Quando a gente semeia amor, respeito, ele se prolifera. E eu tenho dito: o candidato Bolsonaro teve a sua proposta desconstruída por aquilo que ele mesmo pregava, que é a distribuição de armas. Imagina se aquele homem tivesse uma arma na mão? O que ele teria feito? Além de tirar a vida dele [do Bolsonaro], talvez [tivesse tirado] a [vida] de muitas pessoas que estavam ali. Isso é uma demonstração de que a segurança não se resolve distribuindo armas, nem com mais violência. É, em primeiro lugar, com amor e respeito no coração, e com o Estado dando segurança para as pessoas e empresas", declarou.

A declaração foi dada nesta quinta-feira (13) durante passeata em frente a um centro comercial popular em Brasília, próximo à rodoviária da capital. Ela caminhou com militantes da Rede, fez desenhos de coração com as mãos, tirou selfies com crianças e conversou com indígenas.

Apesar da vontade da campanha de Marina de intensificar agendas de rua, a caminhada foi rápida e curta, percorrendo cerca de 600 metros. Os militantes carregavam sons portáteis com jingles da candidata e de políticos da Rede em Brasília. Outros gritavam "Marina, estou contigo e o Brasil vai ser unido" e "Din, din, din, vou votar com Marina, sim".

Questionada se teme pela segurança ao andar na rua após o atentado a Bolsonaro, Marina disse ser solidária ao deputado federal pela "inaceitável atrocidade", mas afirmou estar sendo muito bem recebida em todo o país. Ela ressaltou ter entrado na campanha à Presidência neste ano para "oferecer a outra face".

"Para a face do ódio, o amor. É assim que eu estou sendo recebida em todos os lugares. Nosso país é de união, solidariedade. Nós não vamos ser tomados pelo medo. A melhor forma de combater a violência, o ódio, é não deixando que ele tome conta da gente", falou, acrescentando que, caso o porte de armas fosse permitido à população em geral, poderia ter ocorrido uma tragédia.

Candidata minimiza empate técnico em pesquisas

A candidata da Rede tratou de minimizar os resultados apresentados das últimas pesquisas Ibope e Datafolha, que colocaram ela em empate técnico com Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Jair Bolsonaro (PSL) está na liderança isolada nas duas pesquisas.

Apesar do empate técnico, Marina vem oscilando para baixo nas pesquisas. No Ibope, ela tinha 12% em 5 de setembro e foi para 9% em 11 de setembro. Já no Datafolha, a queda da candidata foi ainda maior: de 16% (em 22 de agosto) para 11% (em 10 de setembro).

O resultado acendeu o sinal amarelo em sua campanha, que agora busca imprimir uma "marca" própria perante o eleitorado. No entanto, ao ser questionada sobre a perda de votos para Haddad e Ciro, preferiu não fazer críticas diretas aos concorrentes.

"O que as pesquisas estão mostrando é um empate no segundo lugar e ainda não chegamos ao dia 7 [de outubro, data do primeiro turno]. Estamos fazendo nosso trabalho. Vejo na sociedade brasileira uma mobilização enorme para que as velhas estruturas do dinheiro, da mentira, do marqueteiro não prevaleçam. O que vai prevalecer é a consciência do brasileiro", declarou.

"Eu sei que há pressa de alguns para dizer que o projeto que não é da velha política do PT, do MDB, dos grupos contrários à Lava Jato...eles estão muito apressados para dizer que os brasileiros não viabilizarão uma proposta altiva, alternativa à corrupção, à incompetência que levou o Brasil ao buraco. Mas desde 2010 esse projeto vem crescendo e eu e Eduardo Jorge [seu vice] estamos disputando palmo a palmo", acrescentou.

Diálogo para conquistar o Nordeste

Como mostrou o UOL, a partir da semana que vem a candidata deve se concentrar menos no eixo Rio-São Paulo-Brasília e se dedicar mais a agendas na rua. A avaliação da campanha é que Marina está participando excessivamente de sabatinas – opção inicial para tentar compensar o pouco tempo de televisão – e deixando de viajar com aliados pelo país em um momento em que adversários promovem comícios e atos públicos.

O tour pelo Nordeste deve ser retomado na próxima segunda-feira (17) com idas a Teresina, Aracaju e Maceió. Nesta quinta, indagada sobre o plano de ação para contar o avanço dos adversários na região, falou que apostará no "diálogo".

"Vamos continuar dialogando com a população. O Nordeste não é um problema, é solução. Nós temos uma proposta para o Norte e o Nordeste se tornarem desenvolvidos com bases sustentáveis", comentou. A região também é que apresentava o maior percentual de votos para Luiz Inácio Lula da Silva, que teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Como exemplos, citou investimentos em energia limpa, turismo, economia criativa e cultura. Ela ainda defendeu que as regiões se tornem um polo industrial brasileiro. Se eleita, garantiu que manterá o programa social Bolsa Família e apoiará linhas de crédito a juros baixos para empreendedores.

"Correr mais riscos"

Além das mudanças traçadas, a campanha de Marina está disposta a "correr mais riscos", segundo pessoas ligadas à candidata, nas propagandas em redes sociais para reverter a queda nas pesquisas. A intenção é "furar a bolha" dos próprios eleitores fidelizados a fim de atingir pessoas que não votariam nela inicialmente, mas podem mudar de opinião.

Para tanto, a equipe da presidenciável deve incentivar a criação de memes dela na internet e investir mais em vídeos curtos criativos e filmados de maneira não tradicional. A ideia veio após a repercussão de filme em que ela se senta em uma cadeira enquanto uma pessoa busca saber na internet se Marina é corrupta. Ao final da digitação, ela fala "não", apenas. A propaganda foi compartilhada mais de 500 mil nas redes sociais, segundo a campanha.

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