Se não fôssemos democráticos, estaríamos azeitando armas, rebate Mourão

Rosiene Carvalho

Colaboração para o UOL, em Manaus

  • GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO

    13.set.2018 - Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL)

    13.set.2018 - Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL)

O candidato a vice de Jair Bolsonaro (PSL), Antônio Hamilton Mourão (PRTB), declarou, nesta sexta-feira (14) que as críticas que os candidatos à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) fizeram sobre as declarações dele a respeito de uma nova Constituição para o Brasil são "parte do jogo político" e que "em off" ambos devem concordar com a necessidade de mudanças.

As declarações foram feitas durante entrevista coletiva em Manaus, onde o general cumpre agenda particular.

"Essa é a minha opinião. É óbvio que a Marina não gosta, o Geraldo Alckmin não gosta. Tudo faz parte do jogo politico. Se sentar com eles em off tenho certeza que todos eles julgam que temos mudanças a fazer", declarou.

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Ontem, durante palestra em Curitiba, Mourão declarou que o Brasil precisa de uma nova Constituição e que ela não precisaria ser feita por políticos eleitos, mas sim por um grupo de notáveis. "É a minha visão: a Constituição não precisa ser feita por eleitos. Já tivemos vários tipos de Constituição sem ter passado pelo congresso eleito em períodos democráticos, como a de 1946", afirmou.

Nesta sexta, Mourão disse que participa da disputa eleitoral porque é democrata, ao contrário das acusações que vêm recebendo. "Se nós não fôssemos democráticos, nós não estaríamos participando do jogo eleitoral, estaríamos em casa azeitando as armas e aguardando o melhor momento", declarou.

Mourão afirmou também que o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, é "destemperado" e que deverá rever suas declarações a respeito das Forças Armadas num eventual mandato.

"O Ciro é conhecido pelo jeito destemperado que tem de falar. Tenho certeza que, caso ele seja eleito, ele vai ter que rever o posicionamento dele e ter um posicionamento respeitoso. Até porque o presidente da República é o comandante das Forças Armadas e precisa dar o exemplo", disse. 

Mourão afirmou ainda, na coletiva, que o grupo de mulheres que se reúne em redes sociais contra a candidatura de Bolsonaro é ligado a grupo político contrário.

"É um site comprado por grupo de opositores que se apropriou daquilo ali. Estamos aprofundando os dados sobre isso. Assim como tem mulheres que não vão votar no Bolsonaro, há um grande número que vai votar. Sobre os costumes, é coisa da sociedade. Sobre a igualdade no mercado de trabalho, já esta mais que resolvido pela CLT. A CLT exige igualdade nos salários. Então, o governo federal não tem muito o que fazer", declarou.

Sem "racha" entre PSL e PRTB

O general, que cumpre agenda "particular " sem a participação do PSL em Manaus, negou que haja "clima" de racha interno na chapa. Ele disse que seu compromisso em Manaus estava agendado antes mesmo de aceitar ser vice de Bolsonaro, embora ele tenha programado para este sábado uma carreata na cidade.

"A situação é difícil. Ele é o sol. A campanha é muito centrada no candidato. Ele é o mito. Ele é o homem das massas e a agenda é muito centrada no feeling dele. Eu continuo fazendo o que tínhamos combinado. Trabalho com grupos de lideranças locais. Óbvio que ele faz falta", declarou.

Bolsonaro está internado no Hospital Albert Einsten, em São Paulo, recuperando-se de duas cirurgias a que foi submetido após ser esfaqueado durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro.

Mourão foi questionado ainda sobre a qual etnia pertence a família dele, que se declarou indígena à justiça eleitoral. Respondeu apenas que era filho de caboclos do Amazonas. Quando perguntado sobre políticas para os indígenas e demarcações de terras, disse que não há necessidade de novas demarcações.

O partido de Mourão também ocupa a vaga de vice na chapa do candidato ao governo do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que lidera pesquisas de intenção de votos em Manaus. No entanto, ninguém da chapa estadual acompanha a agenda do vice de Bolsonaro na capital amazonense.

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