Doria troca ataques com França e cola Skaf a Temer; Bolsonaro é criticado

Ana Carla Bermúdez e Guilherme Mazieiro

Do UOL, em São Paulo

A troca de ataques entre João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), a associação dos candidatos a seus padrinhos políticos e as críticas ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) marcaram o terceiro debate entre candidatos ao governo de São Paulo, realizado neste domingo (16) pela TV Gazeta em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo, a rádio Jovem Pan e o Twitter.

No primeiro e no terceiro bloco, em perguntas feitas por França, ele e Doria trocaram farpas sobre desconhecimento em relação à situação do estado e falta de atuação prática.

Inicialmente, o atual governador de São Paulo, que tenta a reeleição, perguntou ao ex-prefeito da capital qual o valor dos precatórios (parte das dívidas reconhecidas pela Justiça) do estado de São Paulo. O tucano se esquivou dizendo que a questão dos precatórios merece ser resolvida, mas "sem prejuízo" do estado.

Na réplica a Doria, França ironizou o slogan adotado pelo tucano. "Acelera, acelera, mas se não engatar o carro, São Paulo não anda", disse, arrancando risadas dos presentes na plateia. Na tréplica, Doria mais uma vez não citou o número - mais tarde, ao longo do debate, França disse que seriam RS 23 milhões, e o tucano, R$ 22 bilhões.

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Em suas respostas, Doria chegou a ser interrompido por França mais de uma vez, que insistia em perguntar o número ao ex-prefeito --"qual é o número, João?". "Eu quero falar sobre propostas, eu não quero ser interrompido", afirmou o tucano.

No terceiro bloco, em pergunta de França sobre saúde, Doria voltou ao tema dos precatórios e acusou o governador de tentar fazer "pegadinha" com ele na questão anterior.

O candidato do PSB perguntou ao tucano o tamanho do funcionalismo público de São Paulo. Doria inicialmente respondeu "mais de 400 mil", depois disse que eram "600 mil. França declarou que um candidato ao governo tem obrigação de saber números sobre a situação do estado.

O tucano insistiu ser vítima de uma "pegadinha" do adversário e aproveitou resposta anterior do governador, que dissera que quando vice de Geraldo Alckmin não pôde interferir no governo, para acusar França de ser um "vice decorativo".

Padrinhos e afilhados

Ao longo do debate, João Doria ainda tentou colar a imagem de Paulo Skaf (MDB) à do presidente Michel Temer (MDB), cuja gestão à frente do Planalto tem reprovação histórica pela população brasileira. De acordo com as pesquisas Datafolha e Ibope, os dois candidatos estão tecnicamente empatados na disputa pelo governo de SP.

Questionado por jornalista se estaria tentando esconder Geraldo Alckmin em sua campanha, Doria negou e afirmou que o tucano é seu candidato à presidência da República, chegando a pedir votos para ele. Convidado para comentar a resposta, Skaf disse ter entrado na política sem padrinhos, para fazer mais "pelas pessoas".

"Paulo, com todo o respeito, você tem um padrinho, sim, que é o presidente Michel Temer. Não há razão, não vejo o porquê você querer esconder esta condição do presidente Michel Temer ser o seu padrinho", disse Doria na sequência. Skaf não citou Temer nenhuma vez, repetindo estratégia de outros debates e de sua campanha.

Doria diz que Skaf "esconde" ser o candidato de Temer

A campanha da coligação do tucano tem veiculado uma peça de propaganda eleitoral que diz que Skaf tenta "esconder" sua ligação com Temer. O programa traz um áudio do presidente dizendo que "o Paulo tem que ser eleito governador do estado de São Paulo".

Candidato do PT, Luiz Marinho também alfinetou Skaf dizendo que ele é "do partido do Temer", "que deu o golpe" e que "tirou direitos trabalhistas". Skaf não respondeu diretamente às associações, mas defendeu a reforma trabalhista. "Não é brincadeira, não, ficar discutindo o que aconteceu no passado, vamos olhar é para a frente", afirmou.

Marinho, por sua vez, não poupou esforços em associar sua imagem à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apesar de estar preso em Curitiba ainda é considerado o nome de maior força de seu partido. Mais de uma vez, Marinho afirmou que foi ministro do Trabalho de Lula e que sentou à mesa para negociar com grandes empresas, como a Volkswagen e a Ford.

Marcelo Candido (PDT) também falou no nome de Ciro Gomes (PDT), citando propostas do candidato à Presidência, como a revogação da lei trabalhista e a criação de um sistema nacional de integração para as prefeituras.

Bolsonaro é criticado

Candidato à Presidência pelo PSL, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) foi duramente criticado em diversos momentos do debate.

Logo no primeiro bloco do encontro, Lisete Arelaro (PSOL) direcionou uma pergunta a Rodrigo Tavares (PRTB), que faz parte da coligação do partido de Bolsonaro. Ela questionou se Tavares defende para as mulheres paulistas a mesma política que o presidenciável --que, segundo ela, incita o estupro e não propõe mudanças para que o governo combata a diferença salarial entre homens e mulheres.

"Professora Lisete, é um grande engano, é um grande erro, levar às pessoas a crer que o nosso candidato Jair Bolsonaro tem tendências a diminuir a participação da mulher", defendeu Tavares.

Em outro momento, o jornalista Rodolpho Gamberini perguntou a Tavares que outros conceitos e ideias Bolsonaro "tem em comum com os nazistas", associando a assinatura de sua campanha --"Brasil acima de tudo"-- a uma declaração que, em alemão, é considerada uma ofensa.

Tavares afirmou que, para ele, o mote significa "renovação". Marcelo Candido, que comentou a resposta, disse que a candidatura de Bolsonaro representa uma "ameaça" para o país.

"Essa ameaça coloca em risco todos os avanços que nós tivemos até agora. Ele ataca negros, mulheres, indígenas, ele desrespeita a civilização brasileira", disse.

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