Depois de alta, Bolsonaro deve ficar no Rio e estuda ir a debate da Globo

Gustavo Maia

Do UOL, em São Paulo

Apesar de a equipe médica ainda não ter divulgado qualquer previsão de alta do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), internado desde que levou uma facada há 13 dias, familiares e aliados já começaram a planejar os passos do deputado federal para quando ele deixar o hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Com a prudência de quem viu o candidato passar por uma imprevista cirurgia de emergência na última quarta-feira (12), o entorno de Bolsonaro trabalha com a expectativa de que a internação dure no máximo outras duas semanas. O presidenciável sairia do Albert Einstein, portanto, a alguns dias do 1º turno, marcado para 7 de outubro.

O plano é que o deputado federal seja levado de volta para o condomínio onde vive na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo um de seus filhos, o também deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), é possível que a família acione o chamado "home care" [atendimento domiciliar], se os médicos entenderem necessário.

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De acordo com quem visitou o presidenciável nos últimos dias, Bolsonaro está muito ansioso para deixar o hospital. "Ele quer sair de lá hoje. Ele está louco para ir para a rua panfletar", disse nesta terça (18) o deputado estadual Flávio Bolsonaro, outro filho de Jair.

Mas o quadro clínico do candidato ainda inspira cuidados.

Em boletim divulgado na tarde desta quarta (19), o hospital informou que Bolsonaro começou a receber "alimentação líquida" pela boca e teve "boa tolerância". Os médicos comunicaram ainda que ele permanece com boa evolução clínica e segue com nutrição parenteral (pela veia).

Ele não apresenta febre, que poderia ser um indício de infecção, e ainda terá que passar por outra cirurgia, provavelmente até o fim do ano, para se livrar da bolsa de colostomia --exteriorização de uma parte do intestino para a excreção de fezes.

Debate da Globo

Embora as limitações médicas dificultem planos de campanha, Eduardo disse achar que, se continuar evoluindo, o pai terá condições de participar do último debate do 1º turno, promovido pela TV Globo e marcado para o 4 dia de outubro. "Se o médico liberar, vontade não falta", declarou o parlamentar, após reunião da cúpula da campanha do presidenciável, em São Paulo.

Gustavo Maia 18.set.2018 /UOL
Aliados de Bolsonaro, como Major Olímpio (PSL-SP), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Magno Malta (PR-ES) e Paulo Guedes se reuniram em hotel de SP

Flávio destacou que a decisão dependerá das orientações da equipe médica, mas afirmou que considera difícil que isso ocorre. "Tem essa parte técnica, que a gente não tem como definir, e a outra é o sentimento dele. Se ele sentir que vai lá para o sacrifício, ficar duas horas em pé com a bolsa de colostomia na barriga, com todos os transtornos e incômodo que isso causa, ele vai avaliar."

Presidente em exercício do PSL e um dos mais próximos aliados de Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebianno, discorda e disse que seria "um sacrifício a troco de muito pouco resultado". "Porque o modelo dos debates no Brasil nivela os candidatos por baixo, ninguém tem oportunidade de explicar absolutamente nada", declarou.

Bebianno já era contrário à participação do presidenciável em confrontos com adversários e declarou à reportagem do UOL, em agosto, que se Bolsonaro fosse a algum debate, seria "uma exceção". 

Já que não deve poder mais ir para as ruas durante o processo eleitoral, o candidato pretende durante fazer transmissões ao vivo pela internet no horário das propagandas gratuitas à noite. Deve executar o plano com mais frequência quando estiver em casa, mas já realizou a primeira de dentro do hospital, no último domingo (16).

Na ocasião, ele chegou a falar em ter alta dentro de uma semana, previsão que é considerada pouco provável entre aliados.

Bolsonaro já dá ordens, diz filho

Durante o encontro entre integrantes da campanha, a cautela deu lugar à euforia em alguns momentos. A jornalistas, Flávio disse que a reunião era um "ato para mostrar que o capitão voltou com toda a força, injetando ânimo aqui em todos nós". O presidenciável é capitão da reserva do Exército.

"Já está escrevendo num papel, dando as missões para cada um, dentro do seu segmento, da sua área", declarou o filho do candidato, que tenta uma vaga no Senado pelo Rio de Janeiro. Na tarde desta terça, outro filho o presidenciável, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), publicou uma foto no perfil do pai na qual ele aparece com uma caneta na mão e segurando uma prancheta.

Na reunião, os aliados alardearam a "convergência total" do entendimento de que Bolsonaro está em condições de liderar a campanha e "voltar para o jogo com toda força".

Além de demonstrar força ao eleitorado, a mensagem tinha como destinatários indiretos o candidato a vice na chapa do presidenciável, general Hamilton Mourão (PRTB), e a cúpula seu partido, que defendeu lhe dar mais protagonismo enquanto Bolsonaro estiver internado.

A movimentação irritou o PSL. Mourão não participou do encontro, mas no dia anterior fez uma visita discreta ao companheiro de candidatura e conversou com Bebianno.

Dentro do hospital, Bolsonaro tem assistido com frequência ao noticiário pela televisão. Carlos, que o acompanha ininterruptamente desde o ataque em Juiz de Fora (MG), no dia 6, serve como "o braço" dele nas redes sociais.

Nesta terça, ele foi visitado pelo general Augusto Heleno, também da reserva do Exército, e demonstrou bom humor, segundo o militar. Heleno contou que os dois conversaram sobre histórias antigas das Forças Armadas.

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