Haddad e Dilma desconversam sobre atritos no passado: "são flechas de amor"

Luciana Amaral e Flávio Costa

Do UOL, em Ouro Preto (MG)

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, e a ex-presidente e candidata ao Senado, Dilma Rousseff, desconversaram nesta sexta-feira (21) sobre desentendimentos do passado, se abraçaram e disseram que só há "flechas do amor".

Em fala à imprensa minutos antes, indagado sobre a rejeição crescente a ele e ao PT, Haddad disse que "imaginar que o humor das pessoas vai mudar do dia para a noite em função de uma campanha eleitoral e que elas vão esquecer tudo o que passou nos últimos quatro anos não é razoável" e declarou ser preciso "paciência, tolerância e diálogo". Os últimos quatro anos citados por Haddad incluem os governos de Dilma Rousseff e Michel Temer (MDB), seu vice que assumiu após o impeachment em 2016.

Questionado pelo UOL sobre a fala e eventuais atritos ainda hoje, embora façam campanha juntos, Haddad perguntou "eu e ela?" e justificou que "a sabotagem [ao governo Dilma] começou no dia da eleição".

Kleyton Amorim/UOL
Campanha de Haddad e Dilma na cidade histórica de Ouro Preto (MG)

"É isso aí a que tenho me referido e o próprio PSDB reconheceu. Começou a sabotar o governo Dilma no dia da eleição", falou. Ao ser indagado novamente sobre eventuais desavenças, Haddad negou e abraçou Dilma, que estava ao seu lado.

Quando ainda se discutia dentro do PT sobre quem ocuparia o lugar de Lula na chapa presidencial, caso o ex-presidente fosse impedido de concorrer, como de fato ocorreu, Dilma manifestou internamente sua preferência pelo ex-governador da Bahia Jaques Wagner, que foi ministro de seu governo. Porém, Wagner preferiu disputar uma vaga ao Senado pela Bahia.

Em texto escrito por ele em junho de 2017 na revista Piauí, Haddad se queixou do tratamento recebido por Dilma em audiência no Palácio do Planalto quando esta era presidente e ele, prefeito de São Paulo. Além disso, ele também descreveu como ficou decepcionado ao perceber que o governo federal cobrava a manutenção da tarifa de ônibus no município de São Paulo, congelada havia dois anos.

"Meu primeiro encontro de trabalho com Dilma mostrava que eu havia me equivocado. Ela encerrou a conversa, me acompanhou até a porta e disse uma frase de que não me esqueço: "Espero que o nosso próximo encontro seja mais produtivo", escreveu Haddad no artigo.

"O que eu sentia ali era algo que já havia experimentado algumas outras vezes na vida: mais do que um mal-estar ou uma simples angústia, era uma espécie de intuição, a sensação nítida de que algo muito sério estava se passando, de que havia um risco real e iminente", acrescentou.

Em entrevista em fevereiro de 2016 ao UOL, ele também criticou a política econômica de Dilma Rousseff, disse que faltava "identidade" à gestão petista e aconselhou que ela se reencontrasse com a base que a elegeu.

Campanha em Minas

Nesta sexta-feira, Haddad, Dilma, a candidata a vice-presidente Manuela D'Ávila (PCdoB) e Pimentel levaram a campanha petista a Ouro Preto, Minas Gerais. Na cidade histórica, eles visitaram o Museu da Inconfidência, que retrata a história da Inconfidência Mineira e local onde estão depositados os restos mortais de Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes.

Em seguida, eles participaram de um comício na praça Tiradentes, principal ponto de encontro de Ouro Preto. Os arredores do local tiveram a segurança reforçada, com grades de metal e policiais militares.

Haddad, Dilma e Pimentel chegaram à cidade com mais de duas horas de atraso em relação ao horário combinado. Enquanto não chegavam, um locutor animava os militantes com gritos de guerra e discursos a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A fala inicial do locutor, inclusive, foi dando bom dia a Lula e pedindo liberdade a ele.

Esta é a primeira vez que os quatro sobem em um palanque juntos desde que Haddad foi oficializado como candidato a presidente pelo PT em substituição a Lula, preso e condenado pela Operação Lava Jato em Curitiba e considerado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base na Lei da Ficha Limpa.

Em 28 de agosto, na primeira visita ao estado no período eleitoral, o então candidato a vice-presidente Haddad esteve junto com Dilma e Pimentel em comício em Belo Horizonte, capital do estado.

Pesquisa Datafolha desta quinta (20) mostra que o candidato do PSDB ao governo do estado, Antonio Anastasia, lidera a disputa com 33% das intenções de voto, seguido por Fernando Pimentel, com 23%. Este tem maior índice de rejeição: 38% dos entrevistados em Minas não votariam nele, contra 26% em relação a Anastasia. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Na corrida ao Senado, Dilma lidera, com 29% das intenções de voto, seguida por outros três candidatos tecnicamente empatados com cerca de 12%.

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