Garotinho diz que milícias não dominam vans: "às vezes o MP erra"
Gabriel Sabóia
Do UOL, no Rio
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Rede Globo / Reprodução
O candidato do PRP ao governo do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, disse, em entrevista à rádio "CBN" nesta terça-feira (25), que pretende, se eleito, investir na ampliação do serviço de vans como uma das soluções para a mobilidade do estado.
Questionado quanto ao porquê do investimento neste tipo de transporte, que é investigado em várias frentes por suposto domínio de milícias que agem no estado, Garotinho minimizou o envolvimento.
"A milícia não está dominando as vans, ela tem negócios com as vans, o que é diferente. Ela cobra taxas deste serviço, da mesma forma com que lucra com sinais de TV a cabo e vendas de botijões de gás, por exemplo. Os motoristas, em si, são honestos", disse o candidato.
Alertado quanto a investigações do MP (Ministério Público) que apontam lucro anual de até R$ 300 milhões por parte uma das milícias com a exploração desse tipo de transporte --o que faria desta, a principal fonte de renda do grupo paramilitar--, Garotinho contestou os números do órgão. "Nem sempre o MP acerta. Às vezes o MP erra", afirmou.
Contestações a Crivella
Garotinho apontou a reestruturação da saúde pública --ao lado da segurança-- como as principais bandeiras de um eventual governo seu. Mas, quando questionado em relação ao apoio do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), que é réu por improbidade administrativa, por suposto favorecimento a integrantes da igreja evangélica em filas de cirurgias de catarata, Garotinho disse não ter conhecimento do episódio que ficou conhecido como 'Fala com a Márcia", ocorrido em julho.
"Eu não estive com o prefeito em reunião nenhuma e, sinceramente, não li nada sobre essa reunião na qual teria sido feita a promessa de favorecimento. Mas qualquer cidadão que descumpra a lei, seja na fila do Sisreg (Sistema de Regulação de cirurgias) ou na fila que for, está errado", reconheceu.
"Pode ter havido erro administrativo, mas não sou ladrão"
Em relação à decisão liminar do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que determinou no último dia 16 a suspensão da sua inelegibilidade, Garotinho se defendeu das acusações que levaram o TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) a barrar a sua candidatura devido a uma condenação por improbidade administrativa com lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito de terceiros.
A Justiça entendeu que Garotinho desviou R$ 234 milhões da Secretaria de Saúde do Rio entre os anos de 2005 e 2006, quando sua mulher Rosinha Matheus era a governadora.
"Pode ter havido algum erro administrativo nesse período? Sim, eu sou um ser humano, também erro. Mas não houve enriquecimento ilícito da minha parte. Eu não sou ladrão", afirmou o candidato.
A candidatura de Garotinho está sub judice (a palavra final será do colegiado do TSE). Pela Lei da Ficha Limpa, políticos condenados por órgãos judiciais colegiados ficam inelegíveis por seis anos.