Ciro reage a fala de sua vice sobre neutralidade no 2º turno: "Estarei lá"

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo

    Ciro Gomes participa de debate entre presidenciáveis na quarta

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O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, reagiu nesta sexta-feira (28) às declarações de sua vice, a senadora Katia Abreu (PDT-TO), que anunciou posição de neutralidade em um eventual segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A chapa do PDT está em terceiro lugar nas intenções de voto.

"Não há neutralidade nenhuma: há um certo 'pentelhismo' no jornalismo", reclamou. "Katia é uma pessoa que, como eu, cultiva a franqueza. Mas se passasse pela nossa cabeça em algum momento não estar no segundo turno, eu ia para casa descasar", declarou.

Em entrevista à imprensa na noite de quinta (28), Katia afirmou que ficaria neutra caso os adversários de Ciro seguissem para próxima etapa da campanha.

"Se não formos para o segundo turno, minha posição vai ser de neutralidade. Eu não voto em nenhum dos dois. Não acredito em nenhum desses dois projetos, nem do Bolsonaro nem esse projeto do Haddad. Nunca fui aliada do PT. Eu fui ministra da presidente Dilma [Rousseff], porque o partido em que eu estava na época estava como vice-presidente da República. E quando veio o impeachment, eu achei que era injusto, imoral e ilegal, independente de ela ser petista", afirmou Katia.

Ciro reuniu na tarde desta sexta em seu comitê de campanha, na zona sul de São Paulo, um grupo inicialmente formado por 22 mulheres ligadas a diferentes setores da sociedade. Entre elas, estavam a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda e a escrita Fernanda Young.

Ao lado de Katia, Ciro mostrou incômodo ao ser indagado sobre a possibilidade de apoio ao petista caso não siga ao segundo turno — nas últimas pesquisas Ibope e Datafolha, Haddad aparece descolado de Ciro na segunda colocação, atrás de Bolsonaro.

"Precisamos salvar o Brasil desse abismo para o qual o PT e Bolsonaro estão nos convidando para dançar. Eu vou estar lá [no segundo turno] para garantir que ninguém precise ser neutro", respondeu.

Ataques ao PT

O pedetista também reforçou críticas ao PT ante declarações recentes por Haddad e sua vice, Manuela D'ávila (PCdoB), sobre apoio em eventual segundo turno sem o ex-governador do Ceará. O candidato alegou ter "diálogo com a esquerda, com a direita, diálogo com o centro", além de "planos e ideias" suficientes para alcançar o segundo turno. Também descartou que um tom mais elevado sobre os petistas possa prejudicar algum acordo futuro.

"Não posso concordar e não quero ir à Presidência dependendo do PT em nenhuma circunstância", disse. "O PT tem a natureza do escorpião: só apoia a si próprio. O PT, quando a gente o ajuda, é o melhor herói do mundo. Mas quando recebe qualquer crítica que seja fraterna e respeitosa, o partido sobe nas tamancas", ironizou, referindo-se "não à militância, mas à "cúpula petista".

Sobre o ex-prefeito de São Paulo e adversário na disputa, afirmou que não o considera "o adversário preferido", já que seu principal alvo tem sido Bolsonaro, mas o respeita e estima.

Por outro lado, salientou o que considera pouca experiência política do petista e voltou a compará-lo a Dilma Rousseff. "Com toda a qualificação boa que ele tem, Haddad acabou de perder eleição em SP em todas as urnas, com apoio de Lula e meu", afirmou. "Será que o Brasil aguenta mais uma experiência do PT em base da generosa popularidade que Lula tem? Acho que não."

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