No estado dos 'nulos', eleitores explicam votos em Bolsonaro, Ciro e Haddad

Luciana Amaral

Do UOL, em Recife

  • Arte/UOL

    Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) são os candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto

    Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) são os candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto

No último final de semana, as campanhas dos três candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas de intenções de voto, Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), promoveram atos no Recife.

Na capital pernambucana, o UOL entrevistou eleitores de cada um dos três presidenciáveis e perguntou a eles quais as virtudes que enxergam em seu escolhido e um desafio que pode fazer com que ele não chegue ao segundo turno e vença o pleito.

Pernambuco é um dos estados em que a eleição está mais embolada entre os candidatos citados. De acordo com recorte de pesquisa Datafolha de 20 de setembro, é o único estado em que Bolsonaro perde para Haddad, sendo 24% para o petista e 17% para o pesselista.

É também o estado com mais eleitores declarando voto em branco, nulo ou em nenhum candidato em comparação com São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal. São 16% contra 12% da média nacional, informa o instituto.

No cenário nacional, segundo o mesmo Datafolha do dia 20, Bolsonaro lidera com 28% das intenções de voto, Haddad tem 16% e Ciro, 13%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Eleitores de Jair Bolsonaro

Jean William, estudante de Direito

Luciana Amaral/UOL

O estudante de Direito Jean William afirmou que votará em Bolsonaro por acreditar que somente o candidato pode voltar a moralizar a política, que, segundo ele, perdeu seu rumo atualmente. Outra vantagem, ao seu ver, é que Bolsonaro foi "um dos únicos candidatos a não ter coligado com partidos de esquerda".

Na avaliação de Jean, Bolsonaro ainda "inverte a pirâmide de prioridades" ao propor colocar educação e segurança em primeiro lugar, se eleito. Ele se disse a favor da flexibilização do porte de armas e o endurecimento de penas a presos por meio de mudanças no Código de Processo Penal. Uma alteração, por exemplo, seria o fim das audiências de custódia, defendeu.

Questionado sobre um desafio que pode impedir Bolsonaro de ser eleito, Jean William afirmou ser "enfrentar a política aparelhada pelo PT" no Nordeste. Embora a favor de programas sociais como o Bolsa Família, para o estudante, o partido utiliza os programas como moeda de troca para obter votos na região.

Glacieli Moura, dona de casa

Luciana Amaral/UOL

Para a dona de casa Glacieli Moura, Jair Bolsonaro vai "botar ordem no Brasil", porque "pensa na família" em seu discurso. "Gosto e concordo com as falas dele quanto à valorização da família, do patriotismo. Falta isso hoje no Brasil. Acho que ele também vai dar uma educação de qualidade às futuras gerações", disse. "Ele pensa em um todo do povo. Não é só em uma parcela."

Ela afirmou acreditar que outra qualidade de Bolsonaro é "ser honesto" e ser a pessoa que acabará com a corrupção no país. Questionada sobre qual o maior desafio do candidato para avançar nas pesquisas, Glacieli informou não acreditar nas pesquisas de intenções de voto.

"Estou nos atos pró-Bolsonaro, estão sempre cheios, e vejo que são milhões de pessoas a favor dele também no Facebook. A mídia não está mostrando a realidade", falou.

Eleitores de Fernando Haddad

Alexandre Mendonça, vendedor de sorvetes

Luciana Amaral/UOL

O vendedor de sorvetes Alexandre Mendonça enxerga em Haddad um candidato esforçado e sincero nas promessas. Para ele, o Brasil só voltará a criar mais empregos e melhorar as redes públicas de saúde e educação com um governo do PT. "Ele é o herdeiro do Lula e vai fazer um governo mais voltado à população carente. Isso de dizerem que tem corrupção no PT não existe", falou.

Questionado sobre os próximos passos que Haddad deve adotar se quiser garantir uma vaga no segundo turno, Alexandre disse que seu candidato ainda não teve tempo de se apresentar direito aos eleitores por ter sido oficializado mais tarde que os concorrentes.

Haddad teve a candidatura lançada em 11 de setembro após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) considerar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. "Ele só está começando a falar com o povo", afirmou o vendedor.

José Benvindo dos Santos Neto, flanelinha

Luciana Amaral/UOL

O flanelinha José Benvindo dos Santos Neto começou a fala à reportagem afirmando "nem gostar do Haddad", mas disse que vai votar nele por ser o indicado de Lula. Ele afirmou que não viu as propagandas eleitorais do PT na televisão ou no rádio e que não conhecer as propostas. Porém, confia no ex-presidente e vai na indicação do PT.

"Estou com o Haddad, porque ele é o homem do Lula. É o que importa para mim", disse, ao ressalvar que sente falta de o candidato fazer mais atos de campanha no Nordeste.

Quanto ao desafio de Haddad para passar para o segundo turno, falou que a facada sofrida por Bolsonaro atrapalhou o crescimento do petista nas pesquisas. "[O atentado] fez o povo ficar com pena dele. Por isso que ele está na frente", argumentou.

Eleitores de Ciro Gomes

Volpi Pessoa, estudante de Direito

Luciana Amaral/UOL

Na avaliação do estudante de Direito Volpi Pessoa, Ciro Gomes é o único candidato capaz de formar um governo de coalizão, se eleito, pelo histórico e pelos contatos políticos. "Querendo ou não, é o sistema em que a gente vive e precisamos ter alguém com potencial para tocar os programas. Gosto muito também das propostas dele de infraestrutura, emprego, saúde e educação", disse.

Outro ponto positivo enxergado por Volpi é o fato de Ciro ser contra a reforma trabalhista aprovada no governo do presidente Michel Temer. O candidato diz que vai propor a revogação da medida caso chegue ao Planalto.

Por outro lado, Volpi acha que o "eleitorado de voto de cabresto do PT" pode atrapalhar o avanço do Ciro. "Não enxergo outra oportunidade para minimizarmos esse extremismo de esquerda", falou.

Tatiana Araújo, designer de moda

Luciana Amaral/UOL

A designer de moda Tatiana Araújo não quer uma polarização política no segundo turno das eleições e encontra em Ciro um candidato que pode unificar a direita, a esquerda e contar com o apoio do centro. Um dos pontos fortes do pedetista, afirma, é sua retórica de fácil assimilação e próxima ao povo.

"Ele tem um jeito de falar que todos entendem, se identificam. Ele também gosta e faz esse corpo a corpo com a população", declarou. Para Tatiana, é importante também o fato de Ciro, ao seu ver, conseguir fazer autocríticas.

Porém, disse, um problema para abocanhar votos de um eleitorado não fiel a ele é sua fala por vezes polêmica. "Todo mundo se inflama quando ele começa a falar polêmicas. Ele passa uma imagem de esquentado. Algumas falas podem funcionar dentro do comício e entre quem já o conhece da militância, mas dão munição para quem quer falar mal dele", ressaltou.

Entre Bolsonaro e Haddad
Luciana Amaral/UOL

O vendedor de caldos Ailton José Mariano está na dúvida entre votar em Bolsonaro ou Haddad, falou à reportagem. Indagado sobre o que lhe agrada e desagrada em cada um dos candidatos, disse gostar do deputado federal pela possibilidade de flexibilização do porte de arma para "pessoas de bem", mas que ele cai em seu conceito ao "humilhar a mulher".

"Tem que ter mais igualdade entre os homens e as mulheres. Ele não pode ficar falando assim mal delas", afirmou.

Quanto ao Haddad, enxerga-o com bons olhos por ser herdeiro de Lula no pleito. No entanto, acha que ele não apresentou tão bem as propostas de governo.

"Não conheço direito o que ele propõe para várias áreas. Às vezes ele fala mais do Lula do que as propostas em si. Então, não sei. Tenho que pensar mais", comentou.

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