Haddad admite ajustes por alianças e aprovação de propostas no Congresso

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • Fábio Lima/O Popular/Estadão Conteúdo

    O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, em Goiânia nesta sexta (28)

    O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, em Goiânia nesta sexta (28)

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (28) em Belém que as propostas de governo do partido podem passar por ajustes durante tratativas para alianças se chegar a um eventual segundo turno das eleições. Segundo Haddad, os possíveis ajustes teriam como objetivo a aprovação dos projetos pelo Congresso.

Com a ressalva de que "não tem nada garantido" sobre seu desempenho eleitoral, Haddad disse em entrevista coletiva que, se chegar ao segundo turno, o PT vai apresentar suas propostas para as legendas que não passarem para esta etapa.

"Aqueles que quiserem se somar a esse esforço de reconstrução, nós vamos iniciar tratativas. O parâmetro é esse. Obviamente, assim como o PCdoB, quando veio para a chapa, fez algumas considerações, é natural que isso aconteça. Sem desvirtuar a coluna vertebral do plano, todo mundo tem sugestões boas a dar. É um processo dinâmico que você vai ajustando para quando chegar no Congresso, o Congresso aprovar", afirmou.

O candidato não citou pontos específicos do programa de governo petista em que poderia haver ajustes, nem qual seria a "coluna vertebral" de suas propostas.

No entanto, na mesma entrevista coletiva, Haddad fez a recorrente defesa de propostas como a revogação do teto de gastos públicos aprovado no governo de Michel Temer (MDB), a volta de impostos sobre lucros e dividendos, uma reforma bancária com o objetivo de diminuir os juros de empréstimos, e a retomada de obras públicas.

Por outro lado, Haddad já se mostrou contra propostas do PT que não são bem vistas pelo setor financeiro, como ampliar as atribuições do Banco Central, com metas para inflação e emprego. O candidato também minimizou publicamente o papel do economista Márcio Pochmann, que tinha declarado que o PT não daria prioridade a uma reforma da Previdência.

As posições de Haddad não passaram despercebidas pelo mercado. A moderação do candidato na frente econômica levou o Bank of America, um dos maiores bancos do mundo, a enviar na quinta (28) relatório aos seus clientes no qual melhora sua avaliação sobre investimentos no Brasil, justamente por Haddad considerar necessária uma reforma da Previdência e afastar mudanças no mandato do BC.

Ciro, Marina e "centrão"

Na pesquisa Ibope de quarta (26), Haddad teve 21% das intenções de voto, atrás apenas de Jair Bolsonaro (PSL), com 27%. Se este cenário se confirmar no primeiro turno, ficarão de fora da etapa decisiva candidatos como Ciro Gomes (PDT), que teve 12%; Geraldo Alckmin (PSDB), com 8%; e Marina Silva (Rede), com 6%.

Alckmin tem feito campanha contra Haddad e Bolsonaro, mas partidos que o apoiam -- basicamente, os do chamado "centrão" -- já avaliam apoiar um dos dois candidatos no segundo turno, dado o desempenho do tucano nas pesquisas. Legendas como PP e PR estariam divididas entre apoiar Haddad e Bolsonaro, enquanto integrantes de DEM e PTB tenderiam a apoiar o candidato do PSL.

Ontem, Haddad desconversou quando questionado pela imprensa sobre o eventual apoio de partidos do "centrão". "Eu não tenho informação sobre nenhum contato", declarou.

O PT ainda não fala sobre alianças, mas deve procurar o PDT, o PSB -- que, formalmente, está neutro no primeiro turno -- e Marina Silva. Haddad costuma afirmar que ele e Ciro estarão juntos no segundo turno.

No entanto, a vice na chapa de Ciro, Kátia Abreu (PDT), afirmou que ficaria neutra se a candidatura pedetista não for ao segundo turno. Ciro reagiu dizendo que vai estar no segundo turno "para garantir que ninguém precise ser neutro".

Marina Silva, por sua vez, disse no debate promovido por UOL, Folha de S. Paulo e SBT na quarta (26) que não pensa em apoiar Haddad ou Bolsonaro porque acredita que estará na disputa.

Henrique Meirelles (MDB), por sua vez, está sendo sondado por representantes de PT e PSL já de olho no segundo turno. No Ibope de quarta, ele teve 2% das intenções de voto. No debate do mesmo dia, Haddad fez um afago ao emedebista, que foi presidente do Banco Central no governo Lula. Haddad disse que graças a Meirelles pôde "abrir as portas da universidade aos trabalhadores" quando foi ministro da Educação.

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