Em ato falho, Bolsonaro diz que "maioria desconfia do voto impresso"

Do UOL, no Rio

Após ter feito uma série de críticas ao sistema de urnas eletrônicas, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, cometeu um ato falho e afirmou que "a maioria da população desconfia do voto impresso". Ele teve alta neste sábado (29) após 23 dias internado para se recuperar de um ataque a faca em Juiz de Fora (MG).

Em entrevista à TV Globo exibida hoje no Jornal Nacional, o presidenciável, que vem defendendo o voto impresso, voltou a chamar de "possível fraude" uma eventual eleição do candidato do PT, Fernando Haddad. "Eu vejo um absurdo o PT crescer, não existe isso, não é o que sinto nas ruas, um sinal claro de que o povo está no nosso lado. Não dá para a gente assistir passivamente, na possível fraude, a eleição do outro lado."

Entretanto, após argumentar que o sistema de voto impresso permitiria auditoria, Bolsonaro afirmou que a maioria dos brasileiros não confia no voto impresso. "Um sistema eleitoral em que já tínhamos acertado uma maneira de auditá-lo, que é o voto impresso, lamentavelmente o Supremo Tribunal Federal derrubou", afirmou. "Então a dúvida fica. E não sou eu não, a maioria da população desconfia do voto impresso", concluiu.

O candidato tem afirmado, e repetiu em entrevista à TV Bandeirantes na última sexta-feira (28), que as urnas eletrônicas brasileiras estão sujeitas a fraudes que podem prejudicar a sua campanha, que atualmente lidera as pesquisas de intenção de voto. Na mesma ocasião, o presidenciável também disse que tem desconfiança de "profissionais dentro do Tribunal Superior Eleitoral" e que não aceita um resultado das eleições que não seja a sua vitória.

Segundo o Jornal Nacional, Bolsonaro não explicou o que pretende fazer caso não vença as eleições, alegando que o sistema de urnas não permite recontagem de votos.

No dia 17, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, rebateu Bolsonaro e afirmou que as urnas eletrônicas usadas nas eleições são confiáveis e que não tem "sentido" questionar a segurança dos equipamentos. Na ocasião, ele fora questionado sobre declarações de Bolsonaro que levantaram a possibilidade de fraude na apuração dos votos.

"Digo apenas e tão somente que ele [Bolsonaro] sempre foi eleito através da urna eletrônica", afirmou Toffoli. "Tem gente que acredita em saci pererê", acrescentou. As urnas eletrônicas começaram a ser implantadas nas eleições de 1996, mas só foram utilizadas em todos os municípios em 2002. Bolsonaro está em seu sétimo mandato. Ele foi eleito em três eleições antes de 2002, e em outras quatro vezes após o uso amplo das urnas eletrônicas.

Ainda na entrevista ao Jornal Nacional, concedida dentro da aeronave comercial que o levou ao Rio de Janeiro, Bolsonaro, disse que vai tentar ir ao debate de presidenciáveis promovido pela Globo na próxima quinta-feira (4).

"Eu tenho recomendações médicas, a princípio fico em casa. Estou tentando uma liberação e ver se consigo ir ao debate da Globo na quinta-feira", afirmou. "Tenho vontade de ir ao debate, até porque fiquei muito tempo afastado, fui muito atacado, é a oportunidade que tenho de mostrar a realidade e também quais são os meus planos para o Brasil", acrescentou.

Diante da repercussão negativa de declarações polêmicas do candidato a vice em sua chapa, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), e de seu assessor econômico, Paulo Guedes, Bolsonaro disse, sem citar nomes, que pretende desfazer mal-entendidos.

"Da parte da equipe, teve gente que falou demais, no meu entender, por falta de tato, de vivência com a imprensa. Foi tudo de boa fé, mas pretendo desfazer isso também. Os ataques, que foram muitos, se for possível, a gente desfaz."

*Com informações do Estadão Conteúdo

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