Após Ibope sinalizar alta, Ciro e Haddad tentam vincular Bolsonaro a Temer

Janaina Garcia*

Do UOL, em São Caetano do Sul (SP)

  • Janaina Garcia/UOL

    Ciro Gomes participa de agenda de campanha em São Caetano, na Grande SP

    Ciro Gomes participa de agenda de campanha em São Caetano, na Grande SP

No dia seguinte à divulgação da pesquisa Ibope indicar alta nas intenções de voto para Jair Bolsonaro (PSL), seus três principais adversários focaram suas críticas contra o líder das pesquisas.

Ibope desta segunda-feira (1º) mostrou que o candidato do PSL atingiu 31% das intenções de voto. Haddad manteve-se estável, com 21%. 

Em uma passagem rápida pela fábrica da General Motors em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, classificou como "Temer ao quadrado" a proposta econômica feita por seu adversário Jair Bolsonaro (PSL).

Ciro comentou as novas críticas sobre 13º salário aos trabalhadores feitas nesta terça pelo vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão. Na semana passada, durante palestra para empresários Rio Grande do Sul, o militar se referiu ao 13º como "jabuticaba brasileira". Hoje, ao falar sobre os custos, Mourão afirmou que "no final das contas, todos saímos prejudicados [com o pagamento do benefício]".

Para Ciro, "como a situação está muito radicalizada, as pessoas não querem ouvir". "Mas eu sou obrigado a esclarecer: abaixo da sua [de Bolsonaro] retórica moralista de segurança, está um projeto de economia política que é a do Temer ao quadrado", afirmou.

"General Mourão está sendo apenas menos malicioso e menos mentiroso do que Bolsonaro está sendo. Disse que os trabalhadores têm que fazer uma opção entre empregos ou direitos, como se isso fosse uma verdade muito cristalina que, não, eu quero dizer que é mentira", disse o pedetista em frente à fábrica.

O candidato do PT, Fernando Haddad, também subiu o tom e intensificou os ataques ao oponente. Em agenda no Rio de Janeiro nesta terça (2), o petista disse que é preciso "interromper as reformas do Temer, que são as reformas apoiadas por três candidatos: o [Henrique] Meirelles, o [Geraldo] Alckmin e o Bolsonaro".

Haddad vinculou Bolsonaro diretamente a Temer. O petista citou as reformas do atual governo, que, na sua opinião, "visam cortar direitos", e mencionou polêmicas envolvendo membros da equipe de Bolsonaro, como a crítica do candidato a vicegeneral Hamilton Mourão, ao 13º salário.

Na segunda-feira (1º), em Curitiba, Haddad chegou a mencionar Bolsonaro em seu discurso. "Se vocês acham que o governo Temer é ruim, vocês ainda não conhecem as propostas do Bolsonaro para a economia". A declaração foi feita antes da divulgação da pesquisa. Em projeção de segundo turno, ambos aparecem com 42% das intenções de voto, de acordo com o instituto.

Já o tucano Geraldo Alckmin, criticou a manifestação de apoio dada hoje pela Frente Parlamentar da Agropecuária a Jair Bolsonaro. O tucano disse que deputados e senadores da frente não foram consultados e que a manifestação foi um ato "individual e extemporâneo".

"A manifestação da FPA foi até desrespeitosa. Eu também sou agricultor e não fui consultado. Deputados e senadores não foram consultados. Quem eles consultaram?", indagou Alckmin, que participou de um encontro de lideranças convocado pela União Geral dos Trabalhadores na capital paulista.

Pedetista pede a "bola" para "gol de placa"

Com um discurso em que novamente pediu ao eleitor que fuja da polarização entre Bolsonaro e PT no segundo turno, Ciro prometeu "reconciliar o Brasil", caso seja eleito, e afirmou que é preciso "avançar para mais direito", e não para retirada deles.

O pedetista recorreu a uma metáfora futebolística para pedir votos de eleitores de Bolsonaro que não querem o PT, bem como dos eleitores petistas que rechaçam Bolsonaro.

"Estou aqui na área. Sou ficha limpa, tenho experiência, boas propostas, nunca respondi por nenhum tipo de corrupção, compreendo e conheço Brasil — e acredito que o povo brasileiro vai me achar, eu estou na área pedindo a bola, e, se me derem, o gol vai ser de placa", disse. Em seguida, pediu que o voto seja feito "com serenidade, com a cabeça", e não "com ódio, com o fígado".

Na GM, vaias e gritos pró-Bolsonaro

Ciro foi à sede da GM a convite da Força Sindical, uma das cinco centrais sindicais que apoiam sua candidatura. A exceção é a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que fechou apoio a Haddad.

Uma vez dentro da fábrica, o pedetista foi saudado aos gritos de "Bolsonaro!" por um funcionário. "Te desafio a descer aqui e vir debater propostas comigo", pediu Ciro, que se encontrava em uma parte inferior.

A maior parte do tempo que o presidenciável ficou na empresa acabou destinada a entrevistas coletivas à imprensa. Já na calçada, prestes a deixar o local, Ciro falava aos repórteres quando um homem passou pela calçada e gritou três vezes "Bolsonaro", interrompendo momentaneamente a fala do candidato. Ciro riu irônico e se referiu à "ignorância" de atitudes como aquela. (*Com Nathan Lopes, do UOL em São Paulo, e Agência Estado)

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