Debate final: Doria tabela com nanico e briga com Candido, França e Marinho

Ana Carla Bermúdez, Bernardo Barbosa e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

O último debate do primeiro turno entre candidatos ao governo de São Paulo, nesta terça-feira (3), foi marcado pela tabelinha entre João Doria (PSDB), que briga pela liderança com Paulo Skaf (MDB), e o nanico Rodrigo Tavares (PRTB), que teve 1% das intenções de voto no Datafolha de sexta (28). O evento foi organizado pela TV Globo.

Ao longo do debate, Doria e Tavares trocaram perguntas em cinco ocasiões, três delas partindo do próprio tucano. A dobradinha chegou a provocar reações da plateia e risadas dos candidatos. O próprio Tavares riu e disse que gostavam da presença dele porque sua participação era fundamentada em propostas, e não em ataques.

Leia mais sobre o debate da Globo:

Tavares ainda protagonizou um momento insólito para um candidato a governador ao pedir votos para o presidente de seu partido, Levy Fidelix, que é candidato a deputado federal, inclusive dizendo duas vezes o número de Fidelix na urna.

Tavares é o candidato da coligação de Jair Bolsonaro (PSL). Formalmente, Doria apoia Geraldo Alckmin (PSDB) na corrida presidencial, mas tem buscado se aproximar do eleitorado bolsonarista -- as pesquisas de intenção de voto mostram Bolsonaro com mais preferência entre os paulistas do que o presidenciável tucano, que governou o estado até abril.

Doria também voltou a trocar ataques com Márcio França (PSB), que chegou a 14% no Datafolha e não foi questionado nem pelo tucano, nem por Skaf. O candidato do PSB, por outro lado, buscou ativamente os líderes das pesquisas, mas não foi questionado por ninguém em dois dos quatro blocos de embates do encontro.

Em estratégia similar à de Doria, Paulo Skaf gastou duas de suas quatro perguntas no debate com Rodrigo Tavares. Em tom mais ameno do que seu principal adversário, partiu para o ataque apenas em dois momentos em que acusou França de se dizer "novo", mas estar há oito anos no governo de São Paulo, antes como vice de Geraldo Alckmin (PSDB) e agora como governador.

Skaf também buscou se afastar de políticos do MDB presos, como Eduardo Cunha e Sérgio Cabral, e do governo de Michel Temer (MDB), quando confrontado com o assunto por Lisete Arelaro (PSOL). O candidato respondeu que "todos os partidos políticos estão muito desgastados".

Maracugina para França

Assim como ocorreu na sexta (29) na Record TV, o momento mais quente do debate ficou por conta de França e Doria. O candidato do PSB fez uma pergunta criticando a declaração do tucano de que a polícia "vai atirar para matar" se for eleito. Doria rebateu dizendo que defendeu a reação em uma "situação extrema de enfrentamento".

Na réplica, França acusou Doria de fazer marketing com tudo e começou a ser interrompido pelo adversário. "Você não manda nas coisas", disse o candidato do PSB. "É assim, tudo o que você quer, ou é do seu jeito, ou ninguém pode falar." 

Doria tinha mais um minuto para falar e ironizou França. "Se precisar a gente manda servir maracugina para você se acalmar", disse. Enquanto buscava associar o adversário ao PT e à "esquerda", o tucano também foi interrompido.

Tensão com Candido e Marinho

Doria teve nos candidatos de partidos do campo de centro-esquerda seus principais alvos. Além da altercação com França, protagonizou um duro confronto indireto com Marcelo Candido (PDT) depois que este lembrou, em resposta a Skaf, que Doria não terminou o mandato na Prefeitura de São Paulo.

O candidato do PSDB, por sua vez, aproveitou o tempo de uma resposta a Lisete para lembrar que Candido foi condenado em primeira instância a seis anos em regime semiaberto por crime de responsabilidade quando era prefeito de Suzano.

Minutos depois, durante resposta a Luiz Marinho, Candido subiu o tom. Lembrou que Doria presidiu a Embratur no governo de José Sarney e que, na época, o tucano sugeriu que a paisagem da seca no Nordeste poderia ser uma atração turística.

Mais adiante, em nova dobradinha com Tavares, Doria usou sua tréplica em uma pergunta sobre drogas para dizer que Candido não devia dar "lições de moral" por responder a processos.

Como em debates anteriores, o tucano e Luiz Marinho (PT) voltaram a travar embates. Doria chamou o governo Dilma de "desastre" e acusou o PT de ter "assaltado" a Petrobras; Marinho também falou em "desastre" para se referir à gestão do candidato do PSDB na capital paulista.

Candido e Marinho pediram direito de resposta por causa das declarações de Doria, que foram negados pela organização do debate.

Ao término do debate, Marinho aproveitou parte de seu tempo de considerações finais para criticar a Globo por causa da negativa ao pedido de direito de resposta.

"Quero registrar um protesto à Rede Globo, que protegeu um candidato aqui que fez uma baixaria danada contra o meu partido, esquecendo os problemas do seu", disse Marinho. Em seguida, o petista citou os nomes de Paulo Preto, apelido de Paulo Vieira de Souza, apontado como operador de propinas do PSDB; Laurence Casagrande, ex-secretário de Geraldo Alckmin (PSDB) que foi preso em operação da Lava Jato e depois solto; e do ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), que cumpre pena de 20 anos de prisão no chamado mensalão tucano.

Também disputam o governo Lilian Miranda (PCO), Major Costa e Silva (DC), Prof. Claudio Fernando (PMN), Rogerio Chequer (Novo) e Toninho Ferreira (PSTU). As emissoras de TV que organizam debates só são obrigadas por lei a convidar os candidatos cujos partidos ou coligações tenham pelo menos cinco parlamentares no Congresso Nacional.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos