Bolsonaro parabeniza Palocci e diz que delação deve mudar eleição

Janaina Garcia e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, parabenizou nesta quinta-feira (4) o ex-ministro de governos petistas Antonio Palocci pelo acordo de delação firmado em processo da Operação Lava Jato e cujo sigilo foi derrubado na segunda-feira (1) pelo juiz federal Sérgio Moro, no Paraná. Ele ainda afirmou que as denúncias feitas por Palocci devem mudar o resultado da eleição. 

"Parabéns ao Palocci", disse Bolsonaro durante entrevista à TV Record, levada ao ar no mesmo horário do debate com presidenciáveis promovido pela TV Globo. Na quarta-feira (3), o capitão reformado do Exército alegara imposições médicas para não comparecer ao debate da emissora carioca, o último do primeiro turno eleitoral. A entrevista ocorre quatro dias após Edir Macedo, dono da Record e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, anunciar apoio ao candidato do PSL.

Nesta quinta, Bolsonaro manteve a liderança na pesquisa Datafolha com 35% das intenções de voto. O candidato do PT, Fernando Haddad, está na segunda posição, com 22%. O mesmo cenário foi visto no Ibope dessa quarta-feira (3), com o deputado com 32% e o ex-prefeito de São Paulo com 23%.

Para o capitão reformado do Exército, as denúncias de Palocci devem ter uma consequência na eleição. "Sempre há um impacto. O Palocci antes mesmo de qualquer delação já vinha colaborando. Foi um homem muito próximo do governo, ele conta as entranhas do poder, não tem como ele não fugir da verdade. Ele quer colaborar e vem colaborando", disse. "Então, parabéns ao Palocci. Quem não erra como ser humano? E ele tenta logicamente diminuir o dano ocasionado em todo o Brasil com suas ações."

No acordo de delação, o ex-ministro afirmara que a campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) em 2014 custou R$ 800 milhões, de modo que a maior parte seria fruto de dinheiro ilícito. O valor é mais do que o dobro do que foi oficialmente informado pela candidata em sua prestação de contas em um total de R$ 350 milhões. Palocci relacionou parte da arrecadação ilícita com compensação de empresas por contratos obtidos com a Petrobras e alegou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é quem teria articulado esse esquema de obtenção de dinheiro.

Ainda no acordo de delação, Palocci disse estimar que das cerca de mil MPs (medidas provisórias) editadas nos quatro governos do PT, em pelo menos novecentas houve cobrança de propina.

O advogado de Lula chamou as declarações de mentirosas. Em nota oficial, Dilma chamou o valor de gastos de campanha "absolutamente falso" e diz que a delação é uma tentativa desesperada do ex-ministro de "salvar a própria pele".

PT tentou impugnar entrevista; bispo anunciou apoio a Bolsonaro

As campanhas de Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) chegaram a cogitar recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para impedir que a Record transmitisse uma entrevista com o presidenciável do PSL, no mesmo horário do debate presidencial da Globo. A alegação é que a medida feriria a lei eleitoral, ao não garantir espaço idêntico aos demais adversários.

Posteriormente, entretanto, Ciro e Alckmin recuaram do recurso. Pouco antes das 22h, o TSE negou o pedido do PT.

A entrevista da Record acontece quatro dias depois de o fundador da Igreja Universal e dono da TV Record, Edir Macedo, anunciar no Facebook o apoio a Bolsonaro na campanha presidencial. Segundo dados prévios do Ibope, entre 22h05 e 22h32, a emissora de Macedo chegou a ficar em segundo lugar na audiência, com média de 12,2 pontos, contra 26 da Globo e 11,2 do SBT. Normalmente, neste horário, a Record disputa com o SBT a segunda posição no Ibope.

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